Quando
Chris Yura, executivo-chefe da empresa de vestuário SustainU, estava procurando
uma fábrica para produzir 24.000 camisetas, era imperativo que ela estivesse
localizada dentro de um raio de 325 quilômetros de onde o tecido havia sido
feito.
A
SustainU, com sede em Morgantown, West Virginia, nos Estados Unidos, utiliza
diversos materiais reciclados para fazer roupas para faculdades e
universidades. Como o próprio nome indica, é uma empresa comprometida com a
“sustentabilidade social, econômica e ambiental”, disse Yura. Custos, mas baixo
custo de transporte significaria mais benefícios ambientais e um tempo de
resposta mais rápido, sem mencionar que o custo de envio acabaria saindo mais
barato.
A
empresa descobriu uma fábrica em Winston-Salem na Carolina do Norte, também nos
Estados Unidos, que parecia uma escolha lógica. Mas esta não era uma fábrica
comum. Operada pela Winston-Salem para Cegos, a fábrica tem uma força de
trabalho que é composta por trabalhadores cegos ou deficientes visuais.
Para
muitos, isto poderia ter sido um empecílio. “Mesmo que você tenha o Ato dos
Deficientes ao seu lado, ainda assim não deixa de ser um desafio já que as
pessoas que não estão familiarizadas com os cegos têm percepções equivocadas
sobre o que eles podem ou não fazer e isso afeta suas decisões para dar a essas
pessoas uma oportunidade”, disse Kevin A. Lynch, presidente-executivo da
empresa.
A
taxa de desemprego para os adultos cegos é de quase 70% – um número que está
estagnado há 30 anos, disse Lynch.
Chris
Yura, executivo-chefe da SustainU: sustentabilidade social, econômica e
ambiental
Existe
uma certa noção de que contratar trabalhadores cegos – ou até mesmo qualquer
trabalhador com deficiência – significa gastar mais dinheiro, tempo e recursos
em seu treinamento e em equipamentos. Mas Yura disse que não percebeu nenhuma
diferença no custo ou na qualidade de trabalhar com a agência de Winston-Salem.
Quando
as pessoas cegas entram em contato com a agência, muitas vezes elas não possuem
nenhuma experiência de trabalho. Elas são treinadas para realizar tarefas
específicas e trabalham com equipamentos adaptados para ajudá-las a fazer seus
trabalhos.
Se
estão fazendo lentes para óculos, por exemplo, alertas sonoros são programados
para disparar para que eles saibam quando as lentes já passaram tempo
suficiente em uma máquina de polimento. Ou se estão montando pára-quedas, guias
de medição tátil, na forma de longos trilhos de madeira, ajudam a garantir que
os comprimentos das cordas sejam todos iguais.
O
treinamento oferece conhecimentos práticos e uma oportunidade de ascensão
social através de aulas certificadas. Trabalhadores sem experiência recebem um
salário mínimo, enquanto aqueles com alguma experiência são pagos de acordo com
os trabalhadores que fazem atividades semelhantes em fábricas de outras áreas,
disse Jeanne Wilkinson, vice-presidente de estratégias de negócios na
Winston-Salem .
Anastasia
Powell, mãe de três filhas que faz parte da empresa há sete anos, trabalha na
unidade de camisetas. Seu trabalho é costurar os ombros. Ela recebeu quatro
meses de treinamento e sua máquina de costura é projetada especificamente para
ela.
O
governo federal já sabe faz tempo sobre a eficácia de uma força de trabalho de
deficientes físicos. Criada em 1938 como resultado de uma lei assinada pelo
presidente Franklin D. Roosevelt, uma determinação legal obrigava as agências
federais a comprarem produtos feitos por trabalhadores cegos.
Desde
então, o grupo e suas agências têm fabricado dos mais diversos produtos como
vassouras e colchões para o governo e para os militares. (Além de roupas, a
agência de Winston-Salem produz óculos para os veteranos e pára-quedas para os
soldados servindo no Afeganistão.)
Mas,
com a retirada gradual dos soldados dos Estados Unidos de zonas de guerra e a
redução geral dos militares, o grupo nacional espera perder futuramente e fazer
mais negócios com empresas do setor privado, disse Lynch.
“Eu
acho que existe um interesse cada vez maior entre o público em geral na
responsabilidade social e acredito que isso está sendo refletido na
responsabilidade social corporativa”, disse ele. “Há também um grande interesse
nas coisas produzidas nos Estados Unidos.”
Mostrar
que produtos de alta qualidade podem ser produzidos nos Estados Unidos por pessoas
cegas é uma importante característica para comercialização, disse ele.
Yura,
que já está planejando contratar um outro trabalho da agência de Winston-Salem,
está feliz em endossar esta mensagem. E as 24.000 camisetas que ele solicitou:
“Não dá para dizer se a pessoa que fez esta camiseta era cega ou não. No fim do
dia, é um produto como qualquer outro.”
Fonte:
http://economia.ig.com.br/