Pet Terapia: Cães auxiliam crianças e adultos com deficiências
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O Brasil é o 2º maior
mercado pet do mundo, com 32 milhões de animais de estimação, sendo 52,2
milhões de cães e 22,1 milhões de gatos. Em 2018 foram movimento US$ 6,44
bilhões, cerca de R$ 20,7 bilhões. Os números são impressionantes, mas não
causam surpresa, visto que cerca de 88% de brasileiros consideram e tratam, por
exemplo, cachorros e gatos como membros da família.
Já está comprovado que a
relação entre ser humano e animal desencadeia diversos sentimentos positivos,
entre eles saúde emocional, física, social e cognitiva. Além de ótimos
companheiros, os pets ainda podem ajudar pacientes com os mais diversos
problemas de saúde, transtornos ou outras limitações. É a chamada Terapia
Assistida com Animais (TAA) ou Pet Terapia – termo mais usado popularmente.
Em Poço de Caldas (MG),
o projeto “Cãoterapia” atende pessoas com deficiências na APAE. As atividades
acontecem mensalmente e com acompanhamento de uma equipe multidisciplinar,
presente em todas as tarefas realizadas entre cães e alunos. Com duração entre
30 a 50 minutos, a terapia é documentada para estudo e avaliação, como explica
Rita Ferrari Paludo, Gerente de gestão de pessoas na Nutrire – empresa
idealizadora do projeto.
“Nossa missão é utilizar
o amor dos cães para promover comunicação e convivência, além de integrar e
motivar esses alunos. Com isso, garantimos a diminuição do isolamento e da dor
a essas pessoas. Dessa forma, também conseguimos diminuir a ansiedade e
provocar relaxamento e alegria antes, durante e depois das terapias”, revela
Rita. Além disso, os animais auxiliam no aumento da mobilidade, das amplitudes
de movimento e da agilidade dos alunos em decorrência do dinamismo das
atividades. Rita conta ainda que o projeto iniciou em 2016 e atua nos aspectos
físico, cognitivo, emocional e social dos alunos da APAE.
A Pet Terapia surgiu em
1792, na Inglaterra, quando Willian Tuke indicou o uso de animais domésticos no
tratamento de doentes de um asilo em Londres. Tuken ficou reconhecido
mundialmente através da sua luta pelo tratamento humanizado, onde o projeto com
animais se encaixa totalmente. Rita explica que a inciativa da Nutrire em Minas
Gerais trabalha com os conceitos da Terapia Assistida usada por Tike e
desenvolvida a partir de estudos que mostram que o simples contato com um
animal já é suficiente para promover bem-estar. “Os cães de terapia são aqueles
treinados para visitar instituições com altas taxas de depressão e estresse
como hospitais, asilos, orfanatos e presídios. Esses cães realizam um trabalho
que consiste basicamente em dar carinho e atenção a pessoas que precisam,
fazendo com que se sintam melhores”, acrescenta.
Alguns benefícios da
atividade e TAA já foram comprovados, como a diminuição da pressão sanguínea e
cardíaca, além da melhora do sistema imunológico, da capacidade motora e da
autoestima. Tecnicamente falando, conforme explica Rita, o processo também
estimula a interação social e tem uma ação calmante e antidepressiva, o que
resulta, em alguns casos, na redução da quantidade de medicamentos.
“O impacto da atuação
dos cães é bastante profundo e têm demonstrado excelentes resultados com a
prática que foi implantada. Os projetos de Terapia, estabelecidos em todo o
mundo a partir da década de 1980, tiveram como base as propriedades positivas
do convívio com os cães que foram demonstrados pelos trabalhos de diversos
pesquisadores”, revela.
Porém, Rita alerta para
a necessidade de profissionalização desses projetos espalhados pelo mundo,
especialmente no Brasil. “O trabalho é sério e exige alguns cuidados, por isso,
deve ser realizado apenas por quem entende do que está fazendo, pois não é qualquer
cão que pode simplesmente sair visitando estas instituições de qualquer
maneira. Os animais precisam estar aptos ao serviço de TAA. Um pet que estranha
o paciente, por exemplo, pode causar o efeito contrário, trazendo um sentimento
de rejeição extremamente prejudicial para esses alunos”, alerta.
Rozeli Custódio,
psicóloga da APAE de Poços de Caldas – que atende cerca de 80 pessoas
diariamente, conta que os resultados são surpreendentes. “A melhora dos alunos
é visível, especialmente quando observamos os cadeirantes acometidos de
paralisia cerebral que são estimulados quanto a linguagem expressiva e a
motricidade global. A TAA age como uma ponte de tratamento, sendo o cão um
agente terapêutico”, diz. Além disso, a especialista constatou melhora importante
no comportamento de autistas, que passaram a expressar seus sentimentos,
colocar regras, limites e linguagem expressiva no convívio com o animal.
A TAA também é utilizada
para tratamento contra o câncer, doenças cardíacas, estresse, depressão e paralisias.
Além de cães e gatos, podem ser utilizados outros animais como cavalos, peixes,
pássaros, coelhos, aranhas, cobras e até botos – projeto chamado de bototerapia
e utilizado no Brasil para auxiliar crianças que lutam contra a leucemia no
Amazonas, onde pacientes interagem com esses grandes mamíferos no Rio Negro.
Uma relação de afeto e
saúde
É por essas e outras que
os brasileiros sobem no ranking dos apaixonados por pets todos os anos. Para a
Dra. Luana Sartori, veterinária da Nutrire, o contato com os animais aumenta a
produção de endorfina, que ao ser liberada estimula a sensação de bem-estar,
conforto, e alegria. “Além da endorfina, a produção de outra substância também
aumenta com a relação entre tutores e seus pets, por exemplo. É a chamada ocitocina,
que promove a afeição e diminui a pressão arterial”, explica. Segundo os
pesquisadores Brian Hare e Vanessa Woods, da área de evolucionismo da
Universidade de Duke, nos Estados Unidos, as mesmas sensações sentidas em
situações de afeto entre humanos também acontecem entre espécies diferentes.
“Recentemente, o
hospital Albert Einstein, em São Paulo, liberou visitas dos pets aos tutores
internados, visto que a humanização do tratamento é consequência do resultado
positivo que os animais exercem na cura dessas pessoas”, explica Dra. Luana.
Além dele, muitas instituições e ONGs realizam a chamada Pet Terapia e
trabalham levando os animais até centros de recuperação. “É claro que há
indicações de segurança e higiene que precisam ser seguidos, conforme determinação
de cada espaço de saúde”, complementa.
Os cães também são
responsáveis pela diminuição no risco das crianças desenvolverem alergias,
segundo estudo da Universidade de Wisconsin-Madison. A pesquisa revelou que as
chances de ter esse tipo de problema são 33% menores com um animal de
estimação. Para o pesquisador, responsável pelo estudo, até o sistema
imunológico dos pequenos fica mais forte com a convivência canina.
Além de tudo isso, os
cães e gatos podem auxiliar na preservação da saúde do coração. É o que garante
o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) e o Instituto Nacional de
Saúde (NIH), nos Estados Unidos. Há pesquisas que dizem que um pet pode
diminuir o colesterol e o nível de triglicérides.
“De uma forma geral, os
pets só trazem benefícios tanto para crianças, como para adultos e idosos. Os
animais são compreensíveis, solidários e muito fiéis aos donos. É isso que
estabelece a relação de confiança e afeto entre eles. E é isso que movimenta todas
as energias boas que os bichos são capazes de provocar. É por isso que nossas
atenções devem estar voltadas para o bem-estar dos bichos, garantir que tenham
uma vida feliz, saudável, com alimento de qualidade e acompanhamento
veterinário periódico. É isso que todos eles merecem”, completa Luana.
Fonte: Vida mais Livre
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