Precursor do tênis em cadeira de rodas no Brasil elogia acessibilidade na Rio-2016
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Em 1972, aos 25 anos, um tiro deixou José Carlos Morais paraplégico. Treze anos após o acidente, logo após conhecer a modalidade no Centro de Reabilitação de Stoke-Mandeville, na Inglaterra, esse gaúcho radicado em Niterói levou o tênis em cadeira de rodas no Brasil.
Desde então, foi hexacampeão brasileiro e
representou o país em nove Mundiais. Nas Paralimpíadas de Atlanta, em 1996,
foi, ao lado de Francisco Reis Junior, o primeiro a defender o Brasil na
modalidade.
Fundador do projeto Cadeiras na Quadra, em
Niterói, Morais, hoje com 69 anos, visitou na terça-feira o Centro de Tênis
Olímpico, na Barra. E gostou do que viu:
"Surpresas agradáveis de
acessibilidade me acompanharam desde a estação do metrô de Botafigo até a
Barra".
A integração com o BRT da mesma forma. No
ponto final outro ônibus é oferecido ao cadeirante. Mas declinei o convite e
testei as rampas que me levaram até o Centro Olímpico.
Na quadra central o acesso é oferecido por
rampas ou por um grande elevador. A vaga para estacionarmos a cadeira é ampla e
há um lugar para acompanhante.
A visão e ótima, mas eu retiraria as barras
de ferro para aumentar o plano de visão - analisou Morais, que, antes de
conhecer o tênis para cadeirantes, integrava a seleção brasileira de basquete
adaptado.
O precursor do tênis em cadeira de rodas no
país não conheceu apenas a quadra central:
"Depois fui na quadra 4 e uma
plataforma recebe os cadeirantes de braços abertos. Não testei as demais e
talvez na quinta-feira eu tenha está oportunidade. Por enquanto a nota é 9.5 só
por causa do banheiro, embora perfeito na acessibilidade, não tem como trancar
por dentro. Um simples detalhe que numa emergência pode ser fatal'. sorri, ao
comentar
O médico gaúcho espera que o legado relacionado
à acessibilidade, nas arenas, na Vila dos Atletas e meios de transporte,
perdure pós-Jogos. Ele também vê outro ponto positivo na primeira Olimpíada da
América do Sul:
"Os Jogos no Rio são importantes para
mostrar à sociedade que merecemos praticar esportes e que devam ser criadas
oportunidades para isso. Não estou me referindo à elite. E sim à massificação
das oportunidades".
Sobre a disputa olímpica, Morais aponta a
saída precoce das irmãs Venus e Serena Williams, de Novak Djokovic e a derrota
dos mineiros Bruno Soares e Marcelo Melo como as maiores surpresas até agora.
Mas aposta em uma disputa emocionante até o final, domingo:
"Parece que Nadal está muito disposto
em busca da medalha e terá um Murray querendo o biolimpico. Enfim, acho que
teremos emoção até o final e a história tem mostrado o crescimento nesta
competição de jogadores não favoritos' observa.
O precursor do tênis para cadeirantes no
Brasil, que recebeu, em outubro de 2012, uma bela e merecida homenagem de
Gustavo Kuerten, durante a Semana Guga (vídeo abaixo) está na contagem
regressiva para a Paralimpíada, que começa no dia 7 de setembro:
"Acho que vai ser um momento muito
significativo. Eu sou contra essa baboseira de força de vontade, superação e
outros chavões para definir o esporte adaptado. A superação está no cara não
ter onde treinar e ter que pegar duas a três conduções para chegar no treino.
Como muitos não deficientes. Força de vontade todo o atleta tem que ter. O cara
que bolou o tênis adaptado no pós Segunda Guerra tinha como objetivo usar o
esporte como elemento reabilitador, integração social e tornar a vida do
deficiente mais interessante" observa.
Morais vê a Paralimpíada como um marco no
esporte:
"É uma baita oportunidade de ver a
evolução do tênis em cadeira de rodas. Novas cadeiras, tecnologia desenvolvida
em laboratórios de pesquisa serão uma novidade. O dinamismo de um jogo de
duplas com alternância de jogadas na rede e no primeiro e segundo quique é algo
que os amantes do tênis não devem perder. Os franceses chegam como favoritos
mas temos que respeitar a forte equipe argentina e os japoneses. O Brasil pela
primeira vez tem quatro jogadores entre os homens, duas tenistas e dois
quadriplégicos, jogadores com problemas de membros superiores", finaliza.
Fontes: O Globo / Diversidade na Rua
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