Mãe de menina com deficiência idealiza projeto de inclusão em parquinhos
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Cansada de ver a filha
cadeirante não poder brincar com os irmãos, curitibana idealiza projeto de
inclusão em parquinhos.
“Criança com deficiência
não precisa só de terapias, precisa ser criança.” Assim a secretária executiva
Shirley Ordonio, 38 anos, resume o projeto Lazer, Inclusão e
Acessibilidade (LIA), que idealizou e tenta colocar em prática em parques
de Curitiba.
Ela recorda que estava cansada de levar os três filhos a parquinhos e ver Letícia,
de 4 anos, apenas observar os irmãos se divertindo. No início do ano passado,
aproveitou um balanço antigo, cercado de madeira dos quatro lados, para fazer
uma experiência. “Coloquei as almofadas da cadeira de rodas e sentei a Letícia.
Ela se divertiu um monte. Foi a gargalhada mais linda que já ouvi no mundo!
Comecei a chorar na hora, porque foi a primeira vez que ouvi minha filha
gargalhar. Meu marido também ficou emocionado”, recorda.
A partir daquele dia,
Shirley começou a pesquisar possibilidades e percebeu que não é necessário
muito investimento para adaptar um parque infantil. “Não encontrei nenhum
parque público que tenha adaptações, só algumas iniciativas dentro de
instituições. Em Joinville tem
um, mas é em uma praça fechada.” Foi daí que surgiu a ideia de levar aacessibilidade para
os equipamentos públicos, no modelo das academias ao ar livre. “Claro que é
importante esse tipo de espaço para os idosos, é uma ideia legal. Mas por que
não pensar nas crianças também?”, reflete.
Shirley recorda que,
embora o direito ao lazer seja garantido na Constituição e no Estatuto da
Pessoa com Deficiência, a inclusão ainda se restringe muito à saúde e à
educação. “Só quero que a lei seja cumprida, nada além disso.” Segundo ela,
para construir um parque adaptado, nos moldes das academias ao ar livre, o
custo seria de aproximadamente R$ 150 mil. “Mas, se adaptarem um balanço ao
lado de um comum, já funciona. E gasta o quê? Três mil reais, que seja, é muito
pouco.”
O projeto já foi
apresentado à secretária municipal da pessoa com deficiência de Curitiba,
Mirella Prosdócimo, em duas reuniões. “Ela me disse que vai em qualquer reunião
que eu conseguir marcar com a secretaria do Meio Ambiente. Mas eu trabalho,
cuido dos filhos, da casa, não tenho muito tempo. Se eu tivesse tempo livre, já
teria viabilizado.” No mês passado, Shirley teve mais uma prova de que vale a
pena lutar pelo projeto. Foi aplaudida em diversos momentos, durante uma
apresentação que fez no Seminário Estadual sobre Saúde e a Pessoa com
Deficiência. “Brincar com outras crianças proporciona a estimulação cognitiva,
motora, sensorial. Temos que investir. Sem contar que essas crianças que
brincam ao lado, e serão nossos futuros engenheiros e arquitetos, já crescerão
com a consciência dessa cultura inclusiva.”
Fonte: Gazeta
do Povo
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