Jovens com deficiência sonham morar sozinhos e pagar as próprias contas
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Independência financeira e capacidade de cuidar da própria vida. Três mães de portadores de deficiência fundaram uma entidade para tornar isso possível.
Taís Laporta - iG São Paulo
João (e), Gabriella (c), e Nicolas: planos para o futuro surgem na passagem para a vida adulta |
“A minha casa vai ser grande no futuro”, imagina a
sorridente Gabriella, de 21 anos, que tem síndrome de Noonam. Por acreditar que
ela pode ser independente dos pais e morar sozinha, se assim desejar, sua mãe
Monica Mota uniu-se às mães de outros dois jovens com deficiência intelectual
para estimular a autonomia dos filhos.
Juntas, as três vão fundar a JNG (abreviação de João,
Nicolas e Gabriella) em 27 de agosto, no Rio de Janeiro, para estimular a
criação de moradias independentes, semelhantes às existentes na Inglaterra.
Também vão lutar para mudar a legislação previdenciária atual, que obriga os
pais a manterem os filhos afastados do mercado de trabalho.
A lei federal 8.213/91 determina que as pessoas com
deficiência só terão direito à pensão dos pais, em caso de morte, se forem
declarados incapazes. Isso impede que eles tenham um trabalho com carteira
assinada, que votem e exercitem outros direitos de cidadania.O objetivo é fazer
alterações na lei.
“Eles poderiam conquistar a independência financeira se
houvesse uma combinação entre seus empregos remunerados e benefícios
complementares da assistência social ou previdência”, reflete Flávia Poppe,
presidente da organização, economista pela PUC/RJ e mãe de Nicolas, de 21 anos,
que possui o transtorno de espectro autista.
Mesmo quando a pessoa com deficiência trabalha, os pais
continuam bancando o sustento do filho, em muitos casos. Dos 2,4 milhões de
deficientes intelectuais declarados no Brasil (1,5% da população), 36% não
possuem rendimento próprio e 46% recebem até um salário mínimo, segundo o Censo
do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2010. Apenas 2%
recebem acima de cinco salários mínimos.
De passagem para a vida adulta, os filhos das três mães que
criaram a JNG projetam arrumar um emprego ou continuar os estudos num futuro
próximo.
Nem sempre essa transição é fácil. Nicolas parou de estudar
e passou a ser aprendiz de um curso de higienização de livros raros na
biblioteca da Universidade de Brasília. “Ele ficou insatisfeito quando saiu da
escola. Mas o projeto deu a ele um salto enorme de consciência e
amadurecimento”, repara Flávia.
JNG/Alexandre Campbell
Fonte:http://economia.ig.com.br/
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