Projeto de inclusão em rede de supermercados

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Empresa pioneira na contratação de pessoas com deficiência no Rio de Janeiro, a rede de supermercados Mundial, com 19 lojas na capital carioca e quase 70 anos de atuação, comemorou no final de 2012 os seus 10 anos do projeto "Somos Todos Iguais", que capacita e emprega profissionais com deficiências. 

Mesmo antes da iniciativa da empregabilidade, a empresa já contava com PcD em seu quadro de colaboradores. Alguns, como as gêmeas Vera Lúcia Ferreira e Vilma Lúcia Ferreira, com deficiência intelectual, estão no Mundial há mais de 20 anos. Em 2002 começou uma experiência piloto para oficializar o cumprimento da Lei nº 8313/91, a conhecida Lei de Cotas, que obriga a contratação de acordo com o número de funcionários. 

Hoje a rede tem quase 400 trabalhadores nessas condições, muito além do exigido, sendo: 51% de pessoas com deficiência intelectual; 22% auditiva; 20% física e 7% visual e outras. "Eles são contratados para os mais diferentes cargos operacionais e administrativos da empresa", explica Laura Negro de La Pisa, coordenadora de Projetos Sociais da rede. "Nosso médico do trabalho é uma pessoa com deficiência física; temos gerentes e auxiliares administrativos com as mais diferentes deficiências, e também na frente de loja e nos diferentes setores internos como: açougue, padaria, mercearia, laticínios, hortifruti, salgados, RH, e outros", enumera. 

De acordo com a coordenadora, nunca houve exigência de qualificação e/ou grau de instrução para o candidato ser contratado. A empresa se incumbiu de qualificá-los, oferecendo curso de alfabetização, telecurso de 1º e 2º graus e treinamentos. Quando entram, são recebidos e acompanhados por padrinhos ou madrinhas que, voluntariamente, colaboram na integração dos novatos. "É bastante comum a evolução e promoção dentro da empresa", afirma. 

O resultado não poderia ser melhor: "As PcD, por aprenderem a lidar com as próprias limitações, sem desistirem de sua realização pessoal, carregam consigo qualidades vitais para a empresa, tornando-a mais humana, ética, lucrativa e socialmente responsável", afirma Laura. Em recente avaliação dos gestores, o grupo PcD recebeu mais de 90% de aprovação, e muitos elogios por serem exemplo de responsabilidade, eficiência, honestidade, humildade e amor, entre outros atributos. 


Histórias de sucesso 


Arnaldo José, que tem deficiência intelecual, tem 35 anos e está há 8 no Mundial. Hoje trabalha no setor de padaria da filial Barra da Tijuca. Entrar na empresa não teve apenas resultados profissionais (ele começou como empacotador): lá conheceu Alessandra Marques, também integrante do "Somos Todos Iguais", em um evento de confraternização da empresa, namoraram dois anos e hoje estão casados. "Antes de entrar na empresa fazia um curso para garçom. Mas, quando soube que o Mundial estava com vagas de trabalho para pessoas com deficiência, parei o curso e fui em busca desta oportunidade", lembra. "Tive a chance de juntar meu dinheiro e ajudar nas despesas (remédios, compras do mês, entre outras). Atualmente, estou investimento na construção da minha casa", conta José com orgulho, ao afirmar que a rede investe e acredita no potencial dos funcionários: "As ações realizadas, como os seminários de confraternização envolvendo funcionários e familiares, a comemoração dos aniversariantes do mês, com direito a bolo, são exemplos de atitudes que me faz sentir acolhido pela empresa e colegas de trabalho. Meu objetivo é continuar aqui e crescer internamente", garante. 

Maylly Pizarro, aos 31 anos, com deficiências física e intelectual, começou há 6 meses e é empacotadora na unidade do Jardim Oceânico. Ela também auxilia os clientes no trajeto do elevador. "Me sinto muito acolhida por todos os meus colegas de trabalho e, principalmente, pelos clientes. Quando fico ausente do meu posto, eles logo perguntam por mim", conta orgulhosa. Sua vida mudou ao ter a oportunidade: "Eu me sinto privilegiada, pois aqui encontrei minha segunda família. Hoje consigo ajudar nas despesas de casa e estou montando o enxoval para meu casamento", afirma. 

Lucineia Aparecida Lemes, de 30 anos, com nanismo, está há 3 meses no Rio e apenas um mês no Jardim Oceânico, como empacotadora. Mãe de três filhos, chegou de São Paulo, onde trabalhou a vida toda na lavoura. "Já me sinto em casa, o ambiente de trabalho é maravilhoso e pretendo continuar por muito tempo. Quero crescer internamente, hoje estou em treinamento para atendente de caixa", afirma. "No Mundial recebemos tratamento igual aos demais funcionários, não há diferenças e preconceitos. Consigo pagar as despesas que tenho em casa, principalmente com os meus filhos", diz a funcionária. 

"É preciso enfatizar que o Mundial não quer empregar pessoas com deficiências porque é lei, nem fazer marketing com isso ou aumentar as vendas. Quer praticar a inclusão pelo espírito de cidadania que deve exercer. A empresa não está preocupada com um cumprimento de cota e sim com o cumprimento de sua responsabilidade social", conclui a coordenadora. 


Projeto quer flexibilizar cotas no trabalho 

A flexibilização poderá ocorrer com base no Projeto de Lei 4773/12, do ex-deputado Thiago Peixoto, que será apreciado na Câmara Federal. Atualmente, a Lei 8.213/91 determina que as empresas a partir de100 funcionários reservem de 2% a 5% de suas vagas para pessoas com deficiência. Pela proposta apresentada, o preenchimento dessas vagas poderá ser feito mediante a concessão de bolsas de estudo, com valor mensal igual ou superior a um salário mínimo, concedidas pela empresa a PcD. Isso poderá ocorrer desde que o número de bolsas concedidas não supere a metade das vagas de trabalho a serem preenchidas; e o bolsista seja contratado pela empresa após a conclusão do curso, por um período não inferior a um ano. As bolsas de estudo deverão ser em curso de capacitação, cujo conteúdo tenha relação com o serviço a ser exercido pelo interessado. 

O projeto tramita em caráter conclusivo, o que significa que será votado apenas pelas comissões designadas para apreciação, dispensando a deliberação do Plenário se a decisão não for divergente. Deverão examinar a questão as comissões de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio; de Trabalho, de Administração e Serviço Público; de Seguridade Social e Família; e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

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