Companhia propõe mudança na forma de encarar dança e deficiência
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Grupo Candoco,
sediado em Londres mas dirigido por um brasileiro, fará apresentação na
cerimônia de encerramento dos Jogos Paralímpicos.
O tema deficiência
sempre vem à tona quando o brasileiro Pedro Machado fala sobre
a Candoco, companhia de dança contemporânea que ele dirige em
Londres.
Afinal, a Candoco
se destaca por apresentar coreografias que misturam dançarinos com e sem
deficiência.
"É engraçado,
porque sempre me vejo falando desse tema em entrevistas. Mas internamente não é
algo de que a gente fale na companhia. Não vejo meus dançarinos como pessoas
com deficiência. Pelo contrário, na dança, eles são muito eficientes",
diz.
A frase resume a
proposta da "Can Do Company" (Candoco) –, uma
companhia de dança criada há 20 anos, segundo Machado, com a ideia de
"produzir uma mudança cultural" na forma como os espectadores e
artistas encaram a arte e a deficiência.
"A dança está
hoje mais democrática, vemos mais tipos de corpos dançando. Acho que a maioria
das pessoas gosta de ver corpos diferentes no palco. Com isso, conseguimos um
trabalho mais criativo, com uma estética considerada nova", explica
Machado à BBC Brasil.
"Somos uma
companhia profissional criada para produzir trabalho artístico com excelência,
mas também encampar os direitos das pessoas com deficiência", afirma.
Jogos Paralímpicos
Entre os corpos
diferentes citados pelo brasileiro, está o da cadeirante Kimberly Harvey, que
dança desde 2001. Ela participará, com outros 12 dançarinos, de uma coreografia
da Candoco apresentada na cerimônia de encerramento dos Jogos
Paralímpícos de Londres, no dia 9.
"Para mim, a
dança é a chance de ser eu mesma. É algo que me faz sorrir", diz. Ela
começou na companhia juvenil da Candoco e hoje é professora de dança e
dançarina freelancer.
Além de colaborar
com a cerimônia paralímpica, a Candoco está apresentando, até esta quinta-feira
(6), no complexo cultural de Southbank, em Londres, o projeto Unlimited, em
homenagem aos Jogos Olímpicos, reunindo dançarinos da China e do Brasil
(nações-sede das Olimpíadas anteriores e das próximas).
Em seus 20 anos, explica
Machado, a companhia já apresentou mais de 40 coreografias, em 40 países (no
Brasil, foram três performances), com dançarinos com deficiência ou não.
Em um dos ensaios da companhia, a BBC Brasil conversou com Dan Daw, australiano que integra a Candoco há dois anos e meio. Daw tem paralisia cerebral, mas é desenvolto e articulado.
Em um dos ensaios da companhia, a BBC Brasil conversou com Dan Daw, australiano que integra a Candoco há dois anos e meio. Daw tem paralisia cerebral, mas é desenvolto e articulado.
"Danço há sete
anos, isso é a minha vida, evoca algo especial em mim", diz ele, que
acompanhava o trabalho da Candoco muito antes de entrar na companhia.
"Quando era adolescente, na Austrália, eles eram um modelo tangível, a
ideia de que o meu sonho de virar dançarino profissional era possível."
A integração com os
atletas que não têm deficiência se dá de forma natural, diz outro dançarino da
Candoco, Chris Owen. "Não precisamos discutir as deficiências, só o que
criamos juntos. Não tinha nenhuma expectativa (quanto a trabalhar junto a
dançarinos deficientes), apenas interesse em fazer novas formas de dança, com
pessoas de corpos diferentes."
Treino
Diferentes tipos de
deficiência já fizeram parte do elenco da Candoco. A escolha dos dançarinos se
dá pela exigência natural da profissão, segundo Machado: são cinco ou seis dias
de ensaio por semana, oito horas por dia, e turnês internacionais cansativas.
"A questão é que a dança profissional depende de treino", diz o brasileiro.
"A questão é que a dança profissional depende de treino", diz o brasileiro.
"Geralmente
quem faz faculdade de dança pratica desde os cinco, seis anos de idade. É
difícil imaginar isso com crianças que têm algum tipo de deficiência. Mas é o
que a gente quer. Que não achem que porque a criança tem deficiência, que a
dança não pode incluí-la", completa.
Fonte: G1
Foto: BBC
Foto: BBC
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