O que ensinar a seus filhos sobre crianças especiais
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Por Ellen Seidman, do blog “Love
That Max“
Eu
cresci sem conhecer nenhuma outra criança com necessidades especiais além do
Adam, um visitante frequente do resort ao qual nossas famílias iam todos os
verões. Ele tinha deficiência cognitiva. As crianças zombavam dele. Fico
envergonhada de admitir que eu zombei também; meus pais não faziam idéia. Eles
eram pais maravilhosos, mas nunca pensaram em ter uma conversa comigo sobre
crianças com necessidades especiais.
E,
então, eu tive meu filho Max; ele teve um AVC no nascimento que levou à
paralisia cerebral. De repente, eu tinha uma criança para quem outras crianças
olhavam e cochichavam a respeito. E eu desejei tanto que seus pais falassem com
elas sobre crianças com necessidades especiais.
Já
que ninguém recebe um “manual de instruções da paternidade”, algumas vezes,
pais e mães não sabem muito o que dizer. Eu entendo totalmente; se eu não
tivesse um filho especial, eu também me sentiria meio perdida. Então, eu
procurei mães de crianças com autismo, paralisia cerebral, síndrome de down e
doenças genéticas para ouvir o que elas gostariam que os pais ensinassem a seus
filhos sobre os nossos filhos. Considere como um guia, não a bíblia!
Para
começar, não tenha pena de mim
“Sim,
algumas vezes, eu tenho um monte de coisas pra lidar — mas o que eu não tenho é
uma tragédia. Meu filho é um menino brilhante, engraçado e incrível que me traz
muita alegria e que me enlouquece às vezes. Você sabe, como qualquer criança.
Se você tiver pena de mim, seu filho vai ter também. Aja como você agiria perto
de qualquer outro pai ou mãe. Aja como você agiria perto de qualquer criança.”
—
Ellen Seidman, do blog “Love That Max”; mãe do Max, que tem paralisia cerebral
Ensine
seus filhos a não sentir pena dos nossos
“Quando
a Darsie vê crianças (e adultos!) olhando e encarando, ela fica incomodada.
Minha filha não se sente mal por ser quem ela é. Ela não se importa com o
aparelho em seu pé. Ela não tem autopiedade. Ela é uma ótima garota que ama
tudo, de cavalos a livros. Ela é uma criança que quer ser tratada como qualquer
outra criança—independente dela mancar. Nossa família celebra as diferenças ao
invés de lamentá-las, então nós te convidamos a fazer o mesmo.”
—
Shannon Wells, do blog “Cerebral Palsy Baby”; mãe da Darsie, que tem paralisia
cerebral
Use
o que eles tem em comum
“Vai
chegar uma hora em que o seu filhinho vai começar a te fazer perguntas sobre
por que a cor de uma pessoa é aquela, ou por que aquele homem é tão grande, ou
aquela moça é tão pequena. Quando você estiver explicando a ele que todas as
pessoas são diferentes e que nós não somos todos feitos do mesmo jeito,
mencione pessoas com deficiências também. Mas tenha o cuidado de falar sobre as
similaridades também—que uma criança na cadeira de rodas também gosta de ouvir
música, e ver TV, e de se divertir, e de fazer amigos. Ensine aos seus filhos
que as crianças com deficiências são mais parecidas com eles do que são
diferentes.”
—
Michelle, do blog “Big Blueberry Eyes”; mãe da Kayla, que tem Síndrome de Down
Ensine
as crianças a entender que há várias formas de se expressar
“Meu
filho Bejjamin faz barulhos altos e bem agudos quando ele está animado. Algumas
vezes, ele pula pra cima e pra baixo e sacode os braços também. Diga aos seus
filhos que a razão pela qual crianças autistas ou com outras necessidades
especiais fazem isso é porque elas tem dificuldades pra falar, e é assim que
elas se expressam quando estão felizes, frustradas ou, algumas vezes, até mesmo
por alguma coisa que estão sentindo em seus corpos. Quando Benjamim faz
barulhos, isso pode chamar a atenção, especialmente se estamos em um
restaurante ou cinema. Então, é importante saber que ele não pode, sempre,
evitar isso. E que isso é, normalmente, um sinal de que ele está se
divertindo.”
— Jana Banin, do blog “I Hate Your
Kids (And Other Things Autism Parents Won’t Say Out Loud)”; mãe de Benjamin,
que é autista
Saiba
que fazer amizade com uma criança especial é bom para as duas crianças
“Em
2000, quando meu filho foi diagnosticado com autismo, eu tive muita dificuldade
em arrumar amiguinhos para brincar com ele. Vários pais se assustaram, a maior
parte por medo e desconhecimento. Fiquei sabendo que uma mãe tinha medo do
autismo do meu filho ser “contagioso”. Ui. Treze anos mais tarde, sou tão
abençoada por ter por perto várias famílias que acolheram meu filho de uma
forma que foi tão benéfica para o seu desenvolvimento social. Fico arrepiada de
pensar nisso. A melhor coisa que já ouvi de uma mãe foi o quanto a amizade com
o meu filho foi importante para o filho dela! Que a sua proximidade com o RJ
fez dele uma pessoa melhor! Foi uma coisa tão bonita de se dizer. Quando
tivemos o diagnóstico, ouvimos que ele nunca teria amigos. Os amigos que ele
tem, agora, adorariam discordar. Foram os pais deles que facilitaram essa
amizade e, por isso, serei eternamente grata.”
- Holly Robinson Peete, fundadora (com o marido Rodney Peete) da Hollyrod
Roundation; mãe do RJ, que é autista (é ele, na foto abaixo, com sua irmã Ryan)
Encoraje
seu filho a dizer “oi”
“Se
você pegar seu filho olhando pro meu, não fique chateada — você só deve se
preocupar se ele estiver sendo rude, mas crianças costumar reparar umas nas
outras. Sim, apontar, obviamente, não é super educado, e se seu filho apontar
para uma criança com necessidades especiais, você deve dizer a ele que isso é
indelicado. Mas quando você vir seu filho olhando para o meu, diga a ele que a
melhor coisa a fazer é sorrir pra ele ou dizer “oi”. Se você quiser ir mais
fundo no assunto, diga a ele que crianças com necessidades especiais nem sempre
respondem da forma como a gente espera, mas, ainda assim, é importante
tratá-las como tratamos as outras pessoas.”
— Katy Monot, do blog “Bird On The
Street”; mãe do Charlie, que tem paralisia cerebral.
Encoraje
as crianças a continuar falando
“As
crianças sempre se perguntam se o Norrin pode falar, especialmente quando ele
faz seu “barulhinho alto corriqueiro”. Explique ao seu filho que é normal se
aproximar de outra criança que soa um pouco diferente. Algumas crianças podem
não conseguir responder tão rápido, mas isso não significa que elas não tem
nada a dizer. Peça ao seu filho para pensar no seu filme favorito, lugar ou
livro—há grandes chances da outra criança gostar disso também. E a única forma
dele descobrir isso é perguntando, da mesma forma que faria com qualquer outra
criança.”
—
Lisa Quinones-Fontanez, do blog “Autism Wonderland”; mãe do Norrin, que é
autista
Dê
explicações simples
“Algumas
vezes, eu penso que nós, pais, tendemos a complicar as coisas. Usando alguma
coisa que seus filhos já conhecem, algo que faça sentido pra eles, você faz com
que a “necessidade especial” se torne algo pessoal e fácil de entender. Eu
captei isso uns anos atrás, quando meu priminho me perguntou “por que o William
se comunicava de forma tão diferente dele e de seus irmãos”. Quando eu respondi
que ele simplesmente nasceu assim, a resposta dele pegou no ponto: “Ah, assim
como eu nasci com alergias”. Ele sabia como era viver com algo que se tem e
gerenciar isso para viver diariamente. Se eu tivesse dito a ele que os músculos
da boca de William tem dificuldade em formar palavras, o conceito teria se
perdido na cabeça dele. Mas alergia fazia sentido pra ele. Simplicidade é a
chave.”
—
Kimberly Easterling, do blog “Driving With No Hands”; mãe do William e da Mary,
ambos com Síndrome de Down
Ensine
respeito às crianças com seus próprios atos
“Crianças
aprendem mais com suas ações que com suas palavras. Diga “oi” para a minha
filha. Não tenha medo ou fique nervosa perto dela. Nós realmente não somos tão
diferentes de vocês. Trate minha filha como trataria qualquer outra criança (e
ganhe um bônus se fizer um comentário sobre o lindo cabelo dela!). Se tiver uma
pergunta, faça. Fale para o seu filho sobre como todo mundo é bom em coisas
diferentes, e como todo mundo tem dificuldades a trabalhar. Se todo o resto
falhar, cite a frase do irmão de Addison: “bem, todo mundo é diferente!”.”
—
Debbie Smith, do blog “Finding Normal”; mãe de Addison, que tem Trissomina 9
Ajude
as crianças a ver que, mesmo crianças que não falam, entendem
“Nós
estávamos andando pelo playground e a coleguinha da minha filha não parava de
encarar o meu filho, que é autista e tem paralisia cerebral. Minha filha chamou
a atenção da colega rapidinho: “Você pode dizer “oi” pro meu irmão, você sabe.
Só porque ele não fala, não significa que ele não ouve você”. Jack não costuma
falar muito, mas ele ouve tudo ao redor dele. Ensine aos seus filhos que eles
devem sempre assumir que crianças especiais entendem o que está sendo dito, mesmo
sem poderem falar. É por isso que eles não vão dizer “o que ele tem de
errado?”, mas poderão até dizer “Como vai?”.”
—
Jennifer Byde Myers, dos blogs “Into The Woods” e “The Thinking Person’s Guide
To Autism”; mãe do Jack, que tem autismo e paralisia cerebral.
Inicie
uma conversa
“Nós
estávamos no children’s museum e um garotinho não parava de olhar para Charlie
com seu andandor, e a mãe dele sussurrou em seu ouvido para não encarar porque
isso era indelicado. Ao invés disso, eu adoraria que ela tivesse dito “esse é
um andador muito interessante, você gostaria de perguntar ao garotinho e à sua
mãe mais a respeito dele?”.”
—
Sarah Myers, do blog “Sarah & Joe (And Charlie Too!)”; mãe do Charlie, que
tem paralisia cerebral
Não
se preocupe com o constrangimento
“Vamos
combinar de não entrar em pânico caso seu filho diga algo embaraçoso. Você
sabe, tipo se nós estivermos na fila do Starbucks e o seu filho olhar para a
Maya e pra mim e disser algo como “Eca! Por que ela está babando?” ou “Você é
mais gorda que a minha mãe”. Embora esses não sejam exemplos ideais de início
de conversa, eles mostram que o seu filho está interessado e curioso o
suficiente para fazer contato e perguntar. Por favor, não gagueje um “mil
desculpas” e arraste seu filho pra longe. Vá em frente e diga baixinho o pedido
de desculpas, se você precisar, mas deixe-me aproveitar a oportunidade: vou
explicar a parte da baba e apresentar Maya e contar da paixão dela por
crocodilos, e você pode ser a coadjuvante no processo, dizendo “lembra quando
nós vimos crocodilos no zoológico?” ou coisa parecida. Quando chegarmos ao
caixa, o constrangimento vai ter passado, Maya terá curtido conhecer alguém
novo, e eu terei esperanças de que seu filho conseguiu ver Maya como uma
criança divertida, ao invés de uma “criança que baba”. (E eu irei simplesmente
fingir que não ouvi a parte do “mais gorda que a minha mãe”).”
—
Dana Nieder, do blog “Uncommon Sense”; mãe da Maya, que tem uma síndrome
genética não diagnosticada
Gostou?
Segue o link para o texto original em
inglês:http://blogs.babble.com/babble-voices/ellen-seidman-1000-perplexing-things-about-parenthood/2012/02/29/what-to-teach-your-children-about-kids-with-special-needs/
Fonte:
Blogue Lagarta vira pupa - http://gritodemudanca.blogspot.com.br
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