Experimento identifica gene ligado à surdez que pode ajudar idosos
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A proteína também está vinculada à longevidade.
Cientistas norte-americanos acreditam que a descoberta poderá ajudar na criação
de um tratamento contra a perda auditiva principalmente em pessoas com a idade
avançada
Uma proteína ligada à longevidade humana
pode se transformar em opção poderosa de combate à surdez. Em um experimento
com ratos, cientistas dos Estados Unidos descobriram que a ausência do gene
chamado Foxo3 (forkhead box O3) compromete a percepção dos sons.
Portanto, intervenções para sanar essa falha genética impactariam na correção
do problema, ajudando principalmente pessoas que têm a audição prejudicada em
decorrência da idade.
“Embora mais de uma centena de genes tenham
sido identificados como envolvidos na perda auditiva na infância, pouco se sabe
sobre os genes que regulam a recuperação auditiva após a exposição ao ruído”,
declarou, em comunicado à imprensa, Patricia White, professora-associada do
Departamento de Neurociência da Universidade de Rochester, nos Estados Unidos,
e principal autora do estudo, divulgado na revista Scientific Reports.
Para entender essa ação pouco explorada, os
cientistas utilizaram como objeto de estudo a proteína Foxo3, conhecida por
desempenhar um papel importante na resposta ao estresse. Por exemplo, no
sistema cardiovascular, ela ajuda as células do coração a permanecerem
saudáveis, removendo detritos que são gerados em decorrência de danos
celulares. Estudos científicos também mostram que indivíduos com uma mutação
que confere níveis mais elevados de proteína Foxo3 vivem por mais tempo.
No experimento, ratos foram modificados
para não ter o gene Foxo3 e submetidos a uma série de testes. Os cientistas
observaram que os roedores sem a proteína não conseguiram recuperar a audição
após serem expostos a ruídos altos. Durante o experimento, essas cobaias
perderam a maioria das células ciliadas externas em decorrência da exposição.
Já as cobaias normais, que também foram expostas aos ruídos, não apresentaram a
diminuição das células.
“Descobrir que o Foxo3 foi importante para
a sobrevivência de células ciliadas externas é um avanço significativo. Nosso
estudo mostra que esse gene poderia desempenhar um papel importante na
determinação de quais indivíduos podem ser mais suscetíveis à perda de audição
induzida por ruído”, comemorou White.
Os pesquisadores destacam que os achados
são iniciais, mas podem ajudar no desenvolvimento de técnicas para melhorar o
tratamento da perda auditiva em humanos. As estimativas internacionais são de
que 30% da população com mais de 65 anos sofra algum tipo de comprometimento na
percepção dos sons, problema gerado principalmente pela exposição ao ruído ao
longo da vida.
Diagnóstico melhorado
Alessandra Mendes, fonoaudióloga da rede
Direito de Ouvir, em Brasília, avalia que o estudo norte-americano traz dados
novos e importantes para o combate à surdez. “Enquanto aparelhos auditivos e
outros tratamentos podem ajudar a recuperar algum intervalo de audição, não há
atualmente nenhuma cura biológica para a perda auditiva. Considero, portanto, a
pesquisa relevante, uma vez que poderíamos, a partir do estudo, identificar
quais indivíduos podem ser mais suscetíveis à perda de audição induzida por ruído”,
justificou.
A fonoaudióloga também ressalta a
importância de um diagnóstico mais preciso para esse problema de saúde.
“Possibilitaria uma detecção precoce das perdas auditivas, que são um problema
recorrente em saúde pública, já que aproximadamente um terço das pessoas que
atinge a idade de aposentadoria tem algum grau de perda auditiva,
principalmente devido à exposição ao ruído ao longo da vida. Quando o ruído é
intenso e a exposição a ele é continuada, ocorrem alterações estruturais na
orelha interna, comprometendo a comunicação dos indivíduos afetados e sua
qualidade de vida”, detalhou Mendes.
Os autores darão continuidade à pesquisa e
acreditam que novas descobertas poderão ser ainda mais interessantes do ponto
de vista de uma futura intervenção clínica. “Estamos entusiasmados com os
resultados porque o Foxo3 é um fator de transcrição, ou seja, ele regula a
expressão de muitos genes-alvo. Atualmente, estamos investigando quais os seus
alvos, que também podem envolver outros pontos envolvidos no funcionamento do
ouvido interno, e como eles poderiam agir para proteger a audição de danos”,
adiantou a autora.
Amplificador natural
Atuam como um amplificador de som biológico
e são críticas para a audição. Quando expostas a ruídos altos, essas células sofrem
estresse. Alguns indivíduos, após essa complicação, conseguem se recuperar, mas
não são poucos os casos em que as células ciliadas externas morrem,
prejudicando permanentemente a audição.
Fonte: Correio Braziliense
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