Atleta paralímpica vira modelo e surpreende com perna mecânica em desfile
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A
beleza e o corpão definido da atleta já seriam suficientes para chamar atenção
na passarela, mas ao aparecer usando um ousado maiô vermelho e uma prótese
mecânica na perna esquerda, a paranaense Marinalva Almeida, 37, causou
furor no desfile da Casa
de Criadores, importante evento de moda que aconteceu na semana passada
em São Paulo.
O
modelo cheio de fendas é da nova coleção do estilista Fernando Cozendey, que
selecionou tipos não convencionais para desfilar nesta edição.
Já
a perna mecânica é uma das quatro próteses que a atleta paralímpica de vela
costuma usar no seu dia a dia, seja em passeios com o namorado ou com os três
filhos, seja para dar suas palestras motivacionais.
As
peças foram sendo colecionadas nos últimos anos.
Duas
delas foram doadas no ano passado por uma ONG norte-americana, que se encantou
com a morena quando ela foi provar uma prótese em Los Angeles.
"Cheguei
lá com um vestido fino e salto de 15 centímetros. O médico disse que se eu
conseguia usar aquele sapato, eu usaria qualquer prótese. Então ganhei uma com
salto também. Tive muita sorte", conta.
Outra,
foi doada por uma empresa de Sorocaba (SP), cidade onde a atleta começou a
trabalhar como modelo. Já a quarta, veio da Rede de Reabilitação Lucy Montoro,
ligada ao Hospital das Clínicas, na capital paulista.
"Sou
recordista brasileira de salto em distância e no dardo. Fazia corrida de rua de
muletas. Essas habilidades me deram um portfólio legal para conseguir a
prótese. Cheguei a usar algumas que me machucavam, então queria a melhor, mas
não podia pagar de R$ 45 mil a R$ 70 mil em cada uma", explica.
As
pernas mecânicas foram um impulso importante para que Marinalva ganhasse ainda
mais projeção, embora nunca tenha se curvado aos olhares de pena, que, segundo
ela, são "comuns para os deficientes".
"O
que vai determinar o olhar do outro, sendo deficiente ou não, é a postura que a
pessoa tem. Se você não se impõe, não se cuida, as pessoas vão te olhar com
desprezo", analisa.
O
discurso cheio de autoestima e os detalhes que dá sobre sua vida fizeram com
que ela fosse chamada para dar palestras sobre superação. Sua recente aparição
também lhe rendeu um convite para desfilar em Milão, na Itália. Mas ela atribui
seu sucesso ao esporte.
"Ser
esportista me ajudou a me valorizar mais, ser mais forte física e
psicologicamente", explica.
O
acidente que lhe custou a perna esquerda aconteceu quando ela tinha 15 anos e
dirigia uma moto em Campo Grande (MS), onde morava desde os quatro anos, depois
de partir de Santa Isabel de Ivaí (PR) com a família.
Foi
na capital do Mato Grosso do Sul que ela descobriu habilidades ainda não
exploradas de seu corpo e passou a treinar no Centro Educacional
Multidisciplinar ao Portador de Deficiência Física (CEMDEF) da cidade.
"Eu
aprendi a nadar depois do acidente. Fiz natação, tênis de mesa, arremesso de
dardo, disco, peso e até halterofilismo. Queria me descobrir, saber o que eu
podia e o que não podia", conta.
Os
treinos de atletismo, apenas interrompidos nos momentos em que ficou grávida
dos meninos que hoje têm 6, 16 e 18 anos, culminaram com a participação de
Marinalva na corrida de São Silvestre, em 2012.
Ela
completou a prova em menos de duas horas, usando muletas, e chamou a atenção.
Veio então o convite para fazer parte da equipe brasileira de vela adaptada,
que agora a levará para os Jogos Paralímpicos de 2016.
Fonte: UOL
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