E a acessibilidade para anões e outras pessoas de baixa estatura?
Compartilhe
Em museus e exposições, muitas das peças estão em
altura elevada ou de difícil visualização.
Acessibilidade é muita
coisa, mas na verdade é uma só. Diria que é a arte de contemplar a diversidade
humana para que todos possam ter conforto, segurança e autonomia.
E podemos considerar “arte” porque envolve criatividade, além do conhecimento.
A criatividade é necessária para sempre buscarmos soluções mais adequadas e
humanas, além das normas e leis.
Essa introdução casa muito bem para as pessoas
de baixa estatura, que pouco são lembradas quando falamos de
acessibilidade. Principalmente, no que se refere às normas técnicas que
apresentam os parâmetros de acessibilidade. Quando na teoria não há parâmetros,
na prática, se omitem das soluções. Segundo a Associação Gente Pequena do Brasil existem
atualmente 200 tipos e 80 subtipos de nanismo, sendo a acondroplasia o
mais comum. E a cada 25 mil nascimentos, um pode ser anão, sem necessariamente
haver hereditariedade.
Mas o que querem essas pessoas? Assim
como todos, dignidade no uso dos espaços do dia a dia: locais urbanos, de
trabalho, de lazer e de descanso. É verdade que algumas coisas pensadas para
usuários em cadeira de rodas ajudam essa parcela da população, mas digamos que,
por tabela, e não por dedicação ao tema.
Pessoas com baixa estatura terão dificuldades no
alcance manual e visual e em vencer desníveis. Um simples interfone na
entrada de um edifício já é uma barreira, fazendo com que tenham que
pedir ajuda de alguém que passa na rua, por exemplo. Um caixa
eletrônico, mesmo aquele feito para o cadeirante, geralmente é alvo de
reclamação. Não há privacidade no uso: quem está atrás de você vê tudo na tela.
Isso quando a posição da tela não prejudica a visualização pelo reflexo
existente. Uma escada de acesso pode ser um percurso bastante desconfortável e
cansativo. Suas articulações são exigidas ao máximo todos os dias, no estica e
puxa, na ponta dos pés, no alcance dos dedos do último botão do elevador.
Desgastante, não?
Se na sua empresa há um anão, procure saber
o que ela precisa e busquem soluções juntos. Às vezes, um simples banquinho em
locais-chave pode ser suficiente, até que outras ações mais complicadas possam
ser programadas.
Se o seu objetivo é garantir um espaço para todos, sem
saber exatamente quem virá, tenha em mente as alturas de alcance e
visualização. Um balcão mais baixo para poder ver quem atende;
a maçaneta do tipo alavanca que não exige tanto da
articulação; uma pia no coletivo em altura mais baixa e uma
bacia fixa na parede que pode ser instalada em altura mais adequada; e a altura
e posição de acessórios como saboneteiras e papeleiras.
Pensar na diversidade torna os espaços mais humanos. A raiz dessa ideia não é moderna ou contemporânea e sim muito antiga que, acredito, temos esquecido (arquitetos, engenheiros, desenhistas industriais… e tantas outras profissões). Afinal, “O homem é a medida de todas as coisas”, já dizia Protágoras.
Fonte: Vida Mais Livre
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Seu Comentário é muito importante para nós.