Vamos brigar pelo 3º lugar na Rio-2016, diz presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro
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JAIRO MARQUES
DE SÃO PAULO
Marcelo Justo/Folhapress
Andrew Parsons, presidente do CPB, em visita à Folha |
A três anos da Paraolimpíada do Rio, o otimismo em torno de
mais um resultado histórico para o Brasil aumenta com os resultados obtidos nas
disputas mundiais.
Andrew Parsons, 36, presidente
do CPB (Comitê Paralímpico Brasileiro), avalia que há chances de o país ficar
em terceiro no quadro de medalhas, o que superaria o recorde de Londres-2012,
quando o Brasil ficou em sétimo, com 32 ouros.
Forte candidato a assumir a vice-presidência do comitê internacional, o IPC, no final deste ano, Parsows falou à Folha sobre os altos salários pagos a para-atletas, o caráter social dos Jogos e também sobre as condições de acessibilidade no Rio de Janeiro.
Forte candidato a assumir a vice-presidência do comitê internacional, o IPC, no final deste ano, Parsows falou à Folha sobre os altos salários pagos a para-atletas, o caráter social dos Jogos e também sobre as condições de acessibilidade no Rio de Janeiro.
Folha - O sr. está seguro em relação à acessibilidade
que o Rio irá oferecer nos Jogos?
Andrew Parsons - Confio
no envolvimento do município e do Estado do Rio e estou acompanhando de perto
os trabalhos. A ideia é garantir melhores condições de ir e vir ao cidadão com
ou sem deficiência, inclusive depois dos Jogos. Todo o esforço é para que a
cidade se torne mais amigável em acessibilidade.
Os problemas na Copa das
Confederações e na Jornada Mundial da Juventude não assustaram?
Foram grandes eventos-testes, e nada como a operação de fato para se detectar
gargalos. Em três dias, vão desembarcar nos aeroportos do Rio cerca de 2.500
cadeirantes para os Jogos. Será preciso uma imensa organização. Penso que as
falhas que aconteceram podem ser solucionadas facilmente.
As Paraolimpíadas de Pequim
(2008) e Londres (2012) foram muito elogiadas. No Brasil, é preciso baixar a
expectativa?
De forma nenhuma. O evento é um momento muito específico e, quando as cidades
voltam ao seu ritmo normal, a tendência é que o nível de acessibilidade
diminua. O que devemos ter de exemplo dessas duas sedes é sua grande evolução
na melhoria das condições de ir e vir, na transformação urbana que promoveram.
O Rio começou atrás nas condições, mas é fundamental que haja progresso não só
urbanístico como de mentalidade em relação às pessoas com deficiência.
Para-atletas de melhor
desempenho têm falado de atuarem em competições convencionais. Com o sr. avalia
isso?
No dia a dia, os para-atletas de ponta não revelam esse interesse. Às vezes,
eles são provocados pela imprensa a falar sobre isso. Mas não me causa
estranheza se houver essa vontade, e isso não desvaloriza os Jogos. É questão
de o atleta se impor desafios, de querer romper barreiras. Mas é preciso deixar
claro que sempre vai se tratar de um atleta com deficiência e esse é o foco de
seus esforços.
A exaltação de resultados
de alguns para-atletas não se confronta com o caráter social dos Jogos, que
propagam que todos podem competir?
Rivalidade é natural do esporte, e o sucesso incomoda muito aqui no Brasil.
Entre os atletas paraolímpicos, vejo muito um vibrar com os resultados do
outro. As histórias desses competidores de alto desempenho já carregam em si um
aspecto social. Eles saíram de famílias muito pobres, enfrentavam situações
árduas para sobreviver. Isso incentiva e inspira os outros.
Como foi a atuação do CPB
após o acidente de carro do Alan Fonteles, em 2012, depois de ter bebido numa
festa?
Conversei muito com ele e deixei claro que o sucesso dele é na pista e que
qualquer deslize poderá acabar com esse momento de reconhecimento. Depois
disso, ele amadureceu bastante.
Até que ponto salários de
mais de R$ 50 mil são uma realidade para alguns para-atletas?
É inegável que o momento favorece essa realidade. Estamos no ciclo da Rio-2016.
Os vencimentos são uma composição de patrocínios e de bolsas de incentivo.
Imaginamos que, após 2016, haverá presença menor de recursos públicos e mais
recursos privados. As empresas, cada vez mais, querem estar ligadas aos valores
positivos que nossos atletas exaltam. O sucesso que vamos ter dá a mim a
impressão de que esses patamares de salários poderão ser mantidos. Tomara que
eu não esteja enganado.
Qual a expectativa para
2016?
Vamos brigar pelo 3º lugar. Nossa meta é a 5ª colocação, que é difícil e
desafiadora, mas os para-atletas vão entrar para arrebentar. Isso exigirá um
grande salto de qualidade, mas o trabalho está sendo feito. Queremos a melhor
participação da história.
Em quatro anos, o CPB deve
ter R$ 400 milhões, mais que o dobro do ciclo londrino, de R$ 165 mi. Como isso
foi possível?
Tornamos o CPB uma entidade crível em que os parceiros, os governos sabem que,
se colocarem recursos, resultados vão ser entregues. Não prometemos delírios. E
tudo é feito com transparência.
QUEM É ANDREW PARSONS
Jornalista, 36 anos, atual presidente do CPB (Comitê Paralímpico Brasileiro)
1997 - Começa a trabalhar no CPB como assessor de imprensa
2009 - É eleito presidente da entidade
2013 - É reeleito presidente e comanda o comitê até 2017
Fonte: Folha de São Paulo
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