DF: crianças cegas descobrem animais no Zoo
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Sentados em
bancos feitos com troncos de madeiras, sete crianças aguardam ansiosas os
bichos que vão conhecer naquele passeio ao Zoológico. Além de aprenderem sobre
espécies de répteis e anfíbios, alunos com deficiência visual da Escola Classe
da 410 Sul podem tocar e identificar a diferença física entre cada um dos
bichos. A atividade é um programa especial do Zoológico de Brasília, chamado
Zoo Toque, que dá às crianças a oportunidade de descobrir através do tato os
animais que tanto escutam falar.
“A tartaruga tem umas escamas e o jabuti tem a pele mais riscada”, conta Mirela
Pereira, 10. “A cobra é muito gelada. Todo mundo lá em casa vai saber”, diz
Vitor Paz Rodrigues da Cunha, 12.
O grupo de alunos já visitou o Zoológico outras vezes dentro do projeto.
Girafa, borboletas, hipopótamo e zebra foram alguns dos animais que os pequenos
curiosos puderam alimentar, sentir e cheirar. Ontem, contudo, a ansiedade para
tocar nas cobras, uma das espécies que mais assustam as pessoas, era enorme.
A primeira a sentir a pele de cada animal foi Mirela, que há quatro anos perdeu
a visão por causa da Síndrome de Stevens-Johnson - reação alérgica equivalente
a queimaduras - e nunca teve nenhum contato com anfíbios e répteis. “Conheço
gato e cachorro, mas esses daqui não. É muito legal tocar neles”, contou,
animada.
João Vitor Dornelas, 7, era um dos mais agitados do grupo. O garoto não sabia
dizer qual bicho havia gostado mais. “O sapo. Não, a tartaruga. Não, a cobra!”,
gritava. “Foi a cobra. Ela escorregou pela minha perna. Foi legal”, decidiu-se.
Cego desde o nascimento, João disse que gostou muito de sentir a diferença
entre os bichos secos e molhados.
Atividade lúdica
A animação tomava conta das crianças, que, no início, aguardavam com nervosismo
e receio a chegada dos bichos. Conforme iam tocando e explorando o corpo dos
répteis e anfíbios, o médico veterinário veterinários do Zoológico Thiago
Lucizinski descrevia o formato dos animais e narravam cada parte que a mão dos
pequenos alcançava. “É interessante, porque não basta descrever, aqui eles
podem sentir e cheirar para comprovar o que falamos sobre os bichos”, disse.
Ana Paula Rosa, uma das professoras que acompanhava os alunos, aponta a
importância do projeto para ajudar os meninos e meninas a compreender como os
animais realmente são. “Eles têm um conhecimento abstrato dos animais e essa
visita ao Zoológico ajuda a formar na mente deles a imagem dos bichos”, conta.
Projeto faz parceria com escolas
Funcionando desde o ano passado, o projeto Zoo Toque trabalha em parceria com
escolas públicas do GDF destinadas a deficientes visuais ou que tenham turmas
de inclusão social.
A bióloga Marcelle Cavalheiro é a coordenadora do programa, que a cada mês leva
os deficientes a uma área do Zoológico. “Esse grupo da escola da 410 Sul já foi
ao espaço África, onde existem mamíferos, como zebras, capivaras e hipopótamos,
e também ao borboletário”, conta. Ela diz que a visita ao museu do lugar também
é interessante porque permite que eles toquem em bichos que não ficam
disponíveis. “Lá tem tigre, leão, aves”, explica.
Para Marcelle, o projeto tem função lúdica, porque diverte as crianças e
permite que elas aprendam sobre os animais.
Por enquanto, o projeto só atende os deficientes visuais das escolas parceiras,
mas o Zoo já estuda aumentar a abrangência do projeto.
Fonte: Sonda Brasil
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