A dificuldade das pessoas com deficiência na busca de tratamento para sua sexualidade
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Caro
leitor,
O texto
abaixo foi extraído da Revista Reação,
edição nº 84 e foi escrito pelo psicólogo e sexólogo Fabiano Puhlmann di
Girolamo.
Viver a
sexualidade é uma necessidade de todos, é como comer, dormir… quem tem
dificuldades na sexualidade, tem também nos relacionamentos, no lazer, na vida.
É preciso não dificultar o que é tão simples, o amor está na lei da vida, todos
vivenciamos o amor em diferentes níveis. As barreiras somente existem quando
não acreditamos em nosso potencial, amar é um ato corajoso de abertura, é
arriscar, desejar alguém é experimentar sentimentos e sensações parcialmente
controláveis.
“A
Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, ratificada pelo
governo brasileiro em 2008, reitera a necessidade de que os Estados tomem
medidas para assegurar o acesso de pessoas com deficiência a serviços de saúde,
inclusive na área de saúde sexual e reprodutiva e de programas de saúde pública
destinados à população em geral. Constitui ação prioritária do Ministério da
Saúde o fortalecimento da Política dos Direitos Sexuais e Reprodutivos, que vem
sendo implementada através de ações intersetoriais e interministeriais. A
Política Nacional de Saúde para Pessoas com Deficiência estabelece em suas
diretrizes que ações voltadas para a saúde sexual e reprodutiva são elementos
de atenção integral à saúde das pessoas com deficiência”.
Para
garantir a saúde sexual e reprodutiva de pessoas com deficiência é preciso
incluir a Educação Sexual como matéria obrigatória nos Centros de Saúde e
Educação abertos para este público. Um bom programa de educação sexual deve
seguir os seguintes princípios:
- Toda pessoa tem direito a expressão sexual e responsável;
- O ajustamento sexual é facilitado pela maior comunicação sexual;
- A inclusão afetivo sexual é um dos aspectos essenciais da saúde plena;
- A expressão sexual é um processo dinâmico, que sofre alterações de acordo com as necessidades físicas, as experiências e o meio social;
- A aceitação sexual é secundária à autoaceitação sexual;
- A sexualidade somente pode ser expressa, reprimida ou suprimida.
Os
programas de educação sexual de pessoas com deficiência devem se preocupar
prioritariamente com a acessibilidade dos materiais de apoio: vídeos, revistas
e sites educativos, eróticos e pornográficos. Quanto ao conteúdo didático, além
de abordar temas tradicionais da sexualidade, tais como: anatomia e fisiologia
sexual masculina e feminina; Fases do ato sexual; Concepção, Gravidez e parto;
Métodos de prevenção de DSTs; Papéis sexuais; Orientação sexual; Masturbação e
Erotismo; Desvios Sexuais; Tratamentos de disfunções sexuais; Acessórios e
recursos sexuais.
Deve
também abordar temas relacionados às especificidades das diferentes
deficiências como: Possíveis repercussões da deficiência na função sexual;
Categorias de acessibilidade: arquitetônica, do mobiliário, do material, de
comunicação e atitudinal no lazer sexual adulto; Apoios à comunicação, à
movimentação e ao aprendizado de limites sociais no caso específico da
deficiência intelectual.
Dentro da
especificidade de cada deficiência existem algumas atitudes essenciais que
devemos implementar quando vamos promover a inclusão afetiva da pessoa com
deficiência. Nas DEFICIÊNCIAS FÍSICAS devemos estar atentos a acessibilidade
arquitetônica e de mobiliário do lazer sexual adulto, à informação sobre
tratamentos e medicações para disfunções sexuais para as deficiências físicas
que tenham alterações vasculares e neurológicas.
Na
DEFICIÊNCIA AUDITIVA, a Educação e terapia sexual deve ser realizada em LIBRAS,
seja através da formação do profissional de educação e saúde nesta segunda
língua brasileira, seja na contratação de intérpretes de LIBRAS e, neste caso,
é também recomendada a formação dos intérpretes em educação sexual. Para
implementar a comunicação sobre os inúmeros detalhes da vivência sexual e
afetiva é necessária a criação e divulgação de sinais sobre sexualidade em
LIBRAS. A pessoa com deficiência auditiva precisa receber informação atualizada
sobre sexualidade.
A pessoa
com DEFICIÊNCIA VISUAL, deve ser estimulada a desenvolver suas habilidades
perceptivas (olfato, paladar, tato, audição, propriocepção) a serviço da
vivencia afetivo sexual. Necessitam de informação impressa em Braile ou em
formato digital (usuários de sintetizadores de voz – Jaws, Virtual Vision,
Dos-Vox) sobre sexualidade. Edição de Áudio livros sobre educação sexual e
sobre contos eróticos.
A pessoa
com DEFICIÊNCIA INTELECTUAL necessita que os pais, os educadores e os
terapeutas sexuais utilizem mediações pedagógicas para educação sexual,
indiquem acessórios e recursos sexuais para masturbação daqueles que não
conseguem ter relacionamentos. E principalmente o fomento de uma rede de apoios
para o relacionamento afetivo sexual.
O objetivo
final da inclusão do tema sexualidade nas resoluções da ONU 2006 é o aumento da
autoestima da pessoa com deficiência quanto a seu potencial, para a vivência
plena da sexualidade. A meta a ser atingida é que a pessoa com deficiência
valorize sua própria identidade e diferença e que a sociedade como um todo
contribua em ações efetivas para a equiparação de oportunidades na paquera,
sedução e manutenção de relacionamentos sexuais e reprodutivos desta população.
Fonte: Blog Deficiente Ciente
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