Portais brasileiros ainda não são acessíveis para pessoas com deficiência

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Levantamento aponta que mais de 14 milhões de portais ativos no país possuem problemas estruturais que dificultam a navegação de PCDs

Confira a reportagem feita pela Galileu sobre a pesquisa da BigData Corp e do Movimento Web Para Todos sobre a experiência de navegação na web das pessoas com deficiência no País.

Por Nathalia Fabro

Um novo relatório indica que 99% dos sites que estão ativos no Brasil não são acessíveis para pessoas com deficiência. O levantamento foi realizado pela BigData Corp, empresa especializada em trabalhar com um grande conjunto de dados (Big Data), e o Movimento Web Para Todos (MWPT).

O Brasil possui atualmente mais de 24 milhões de portais registrados. No entanto, apenas 14 milhões são ativos – ou seja, endereços atualizados frequentemente e que foram o foco desse estudo. De todos, somente 0,61% dos sites passarram em testes de acessibilidade, e 99,39% tiveram pelo menos uma falha que dificulta a navegação de pessoas com deficiência.

Sites governamentais – que possuem “.gov.br” no domínio – também foram analisados e o resultado tampouco é positivo: apenas 0,34% foram aprovados. Isso significa que 99,66% dos portais de prefeituras, estados ou ministérios, por exemplo, não estão completamente acessíveis.

A pesquisa avaliou questões como linguagem HTML, problemas em formulários, links e a presença de descrição de imagens – recurso que permite a explicação de fotografias para pessoas com deficiência visual. Práticas consideradas adequadas estão disponíveis nas Diretrizes de Acessibilidade para Conteúdo Web (WCAG) 2.1, mantida pela World Wide Web Consortium (W3C), organização mundial de padronização da web.

“Coisas simples, como acessar aplicativos de relacionamentos, consultar preços e entrar na conta bancária podem ser feitas com o celular ou no desktop, mas algumas dessas tecnologias são excludentes para pessoas com deficiência”, afirma Simone Freire, idealizadora do MWPT. “O mundo digital precisa derrubar as barreiras de navegação para melhorar o acesso de todas as pessoas.”

Recursos que ajudam

A experiência de navegação apresenta variáveis, já que cada pessoa com deficiência tem uma necessidade diferenciada. Pessoas com cegueira ou baixa visão frequentemente utilizam softwares de leitura de tela, enquanto usuários que possuem mobilidade reduzida, por exemplo, navegam por meio dos botões do teclado ou por comandos de voz. Nesse sentido, são considerados sites acessíveis os que têm linguagem HTML compreensível para esse tipo de tecnologia.


Já para pessoas com surdez ou deficiência auditiva, uma alternativa para deixar os portais mais acessíveis são ferramentas que traduzem o português para a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). Um dispositivo famoso nesse ramo é o Hand Talk, que usa Inteligência Artificial para converter textos e áudios do português para LIBRAS.

Regulamentação

A Lei Brasileira de Inclusão (LBI) possui um artigo específico que estipula que todos os sites brasileiros sejam acessíveis. A determinação está válida desde janeiro de 2016, mas o estudo mostra que ainda há muito a ser feito.


“O que falta é conhecimento sobre a lei”, aponta Freire. Segundo ela, a acessibilidade digital é “viva”, ou seja, precisa de atenção continuamente para que as adaptações não fiquem desatualizadas.

O levantamento do WPT e BigData Corp focou na questão estrutural dos portais, como a linguagem HTML, descrição de imagens e links. “Uma das coisas mais comuns hoje em dia é a necessidade de preencher cadastros online. Para ser acessível, um formulário precisa ter características específicas em HTML que ajudam os mecanismos de acessibilidade a identificar que aquilo é um formulário”, comenta Thoran Rodrigues, presidente e fundador da BigData Corp.
Os especialistas apontam que a acessibilidade digital vai além da área técnica, abrangendo as informações e interações disponíveis nos sites. “Não são apenas os desenvolvedores que precisamos conscientizar, mas também profissionais de design e conteúdo”, diz Freire.

Na pesquisa, inclusive, um dos principais problemas encontrados foi a linkagem inaquedada e a falta de descrição de imagens. “Isso é surpreendene, pois o nível de esforço para corrigir esses problemas é relativamente pequeno”, lamenta Rodrigues.

Web ainda é restrita


Os especialistas afirmam que a acessibilidade digital beneficia todas as pessoas, pois idosos e crianças em fase de aprendizado, por exemplo, podem encontrar dificuldades em sites que não são estruturados em linguagem acessível.


Além disso, empresas que não prestam atenção na acessibilidade podem estar perdendo potenciais clientes: de acordo com o IBGE, 45,6 milhões de brasileiros têm algum tipo de deficiência, o que representa 24% da população.

“A maioria dos sites de e-commerce de roupas não possui nenhuma descrição sobre como são as peças”, conta Diniz Candido, embaixador do MWPT. “Às vezes há poucas informações, mas sem detalhes. Precisamos da acessibilidade para garantir a autonomia das pessoas com deficiência.”

Mais informações sobre os critérios do estudo e diretrizes de acessibilidade podem ser acessadas no site do Movimento Web Para Todos Site externo.


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