Montagem que integra Bienal de Dança alavanca inclusão para o reconhecimento mundial
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No palco, quatro artistas com Síndrome de Down e uma com paralisia nas
pernas fazem apresentação que mostra a capacidade de transformação, o sonho e a
esperança dos integrantes.
Por
Cláudio Liza Júnior, G1 Campinas e Região
11ª Bienal Sesc de Dança recebe apresentações de Happy Island neste sábado e domingo — Foto: Júlio Silva Castro |
A
serviço da arte e da inclusão, o espetáculo Happy Island conta na 11ª Bienal
Sesc de Dança, em Campinas (SP), neste sábado (14) e domingo (15), mais um
capítulo de uma trajetória que começa a romper barreiras e ganhar o mundo.
Resultado
da união entre a companhia portuguesa Dançando com a Diferença e a coreógrafa
espanhola La Ribot, a encenação é apresentada no Teatro Castro Mendes, com
ingressos na bilheteria ou no site
da Bienal.
No
palco, quatro artistas com Síndrome de Down e uma com paralisia nas pernas
fazem uma apresentação de dança que põe a humanidade dos integrantes sob os
holofotes, mostrando a capacidade de transformação, o sonho e a esperança.
Enquanto
se apresentam, ao fundo são exibidas imagens da Ilha da Madeira, a Happy Island
(ilha feliz), sede de um dos núcleos do grupo.
Segundo
Henrique Amoedo, diretor brasileiro do coletivo, a ascensão da peça a palcos de
relevância mundial foi catapultada pela participação de La Ribot, uma
referência da dança contemporânea, na direção.
O
momento coroa um trabalho pessoal inclusivo iniciado por ele há 20 anos, após
ver uma professora dançando com um aluno em cadeira de rodas e se inspirar. A
cena ocorreu em uma casa que atende pessoas com deficiência em Guarulhos (SP).
"Pensei que era aquilo que eu queria fazer da minha vida", diz.
Em
novembro, o grupo vive a conquista inédita de participar do Festival de Outono
de Paris, na França.
Apresentação no Brasil
O
contato com Ribot foi feito por intermédio de uma amiga em comum, e a união foi
classificada por Amoedo como "mágica". "Foi um crescimento
artístico. Ela criou para a companhia e não para ela", afirma.
A
coreógrafa não pôde vir ao Brasil. Nesta sexta-feira (13), ela foi premiada na
Suíça, onde vive, na maior premiação de dança do país. E a montagem com Amoedo
foi um dos fatores que contribuíram para a conquista.
Amoedo
reforça a prioridade da inclusão para sua companhia, que tem 35 artistas com ou
sem algum tipo de deficiência no elenco. O foco é a capacidade artística de
cada um, independentemente de terem alguma síndrome.
Ele
também trabalha em núcleos que atendem centenas de jovens na Ilha da Madeira e
em Viseu, no Teatro Viriato. O número de dançarinos, e suas características,
são escolhidos para uma apresentação com base na mensagem que ela quer passar.
"Depende do que o coreógrafo quer", revela.
"A arte de forma geral pode beneficiar a todos, mas às vezes há
movimentos que nem todos podem fazer, tenham ou não deficiência. Há situações
em que é necessária a exposição da pessoa ao público em um processo
terapêutico", conta o diretor.
"O
importante é esse público saber se a intenção é educativa ou profissional,
saber o que esperar. Nosso caso é de um espetáculo profissional, o que também
modifica a imagem social das pessoas com deficiência", considera.
Ações pela cidade
Como
parte da Bienal, três intervenções urbanas foram realizadas na manhã de sábado (14) na região central de Campinas.
Na
Praça Carlos Gomes, a encenação "Super Nada EP01", da bailarina e
coreógrafa Clarice Lima, despertou a curiosidade das crianças ao encenar um
passeio entre o fantástico e o ordinário, com uso de personagens lúdicos.
No
Largo do Rosário, a Key Zetta e Cia. voltou a apresentar o "Rir –
Intervenção Segundo Movimento", em que artistas exploram as reações das
pessoas a diversos tipos de risos. A apresentação dos dançarinos por toda a
praça tirou risos, aplausos e atraiu interação em megafone.
Outra
ação ocorreu no Centro de Convivência, com a performance "Tudo que Passa e
Fica", do artista Oefehá. Neste sábado, ele fez uma pesquisa em um trajeto
entre o Sesc e o Convivência em busca de materiais. No segundo dia, domingo
(15), as peças selecionadas serão expostas na mesma praça, formando um colar,
um “resquício joia-objeto”, nas palavras do artista.
SERVIÇO
Happy Island - 11ª Bienal Sesc de Dança em Campinas (SP)
- Apresentações: sábado (14), às 20h30; domingo (15), 18h
- Onde: Teatro Castro Mendes - Rua Conselheiro Gomide, 62, Vila Industrial
- Ingressos: R$ 40 (inteira), R$ 20 (meia) e R$ 12 (credencial plena)
Henrique Amoedo, diretor brasileiro do coletivo de Happy Island — Foto: Cláudio Liza Júnior/G1 |
Happy Island exibe ao fundo do espetáculo imagens da Ilha da Madeira, sede de um dos núcleos do grupo — Foto: Júlio Silva Castro |
Fonte: Globo
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