Dançarina que ficou tetraplégica aos 17 anos cria companhia de dança para cadeirantes no DF
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Conheça companhia de dança no
DF formada por mulheres em cadeira de rodas
Dançarinas durante ensaio no Centro Cultural de Dança, em Brasília — Foto: Marília Marques/G1 |
A dança se tornou mais um
instrumento de transformação para um grupo de mulheres do Distrito Federal.
Cadeirantes, as dançarinas escolheram a arte para superar os limites impostos
pela perda dos movimentos.
Desde março, elas fazem parte
do “Street Cadeirante“, uma companhia que ensina dança para
pessoas com deficiência. Para o grupo, que começou o trabalho em março, as
mudanças físicas e afetivas causadas pela dança são consenso.
A jornalista e idealizadora do
projeto, Carla Maia, descreve as apresentações como “um reencontro com a
própria alma”. Ela ficou tetraplégica – sem mexer as mãos e as duas pernas –
aos 17 anos, após um sangramento na medula. A situação foi ocasionada por uma
malformação congênita.
Hoje, aos 37 anos, Carla retoma
aos poucos os movimentos do corpo. “Com a dança me sinto plena, mulher,
realizada. É uma conexão interior que até as pessoas conseguem perceber no
exterior, eu exalo isso”, explica.
A
cadeira de rodas
A enfermeira Alice Lima, de 35 anos,
que faz parte do Street Cadeirante, usa a cadeira de rodas desde a infância. A
paralisia veio logo após o nascimento.
“Os prognósticos do médico eram os
piores possíveis”, lembra, com bom humor. “Eram do tipo que eu iria sobreviver
só até os 14 anos, no máximo, deitada em uma cama e, talvez, se frequentasse
uma escola especial, eu aprenderia a falar meu próprio nome”.
“Eu acho que eles erraram só um
pouquinho, porque hoje eu estou aqui, dançando.”
Em menos de um ano entre
ensaios e apresentações, Alice diz que já observou mudanças na saúde e no
equilíbrio, “do fio de cabelo à ponta do pé’. Ela explica que a dança fez com
que mudasse a relação com a própria cadeira de rodas que, hoje, se tornou tão
íntima, a ponto de ser considerada um pedaço do próprio corpo.
Autoestima
Outra dançarina que se
redescobriu por meio da companhia é Mariana Guedes. Apaixonada pela dança desde
a infância, aos 26 anos ela lembra que ficou “desestabilizada” quando se viu
sem o movimento do tronco e das pernas após um acidente de carro, em 2015.
Uma nova perspectiva de vida
veio quando conheceu o Street Cadeirante, conta. “Me conecto muito com a
música, ela faz com que eu seja melhor”, diz.
“A dança é uma recarga de energia para que a gente
consiga ir além todos os dias.”
A maior e principal mudança,
segundo Mariana, veio de forma coletiva. “Na dança, observamos sempre o
movimento da outra para que possamos melhorar, e isso se torna um crescimento
coletivo”.
Outra diferença que ela notou é
no convívio social. A dançarina explica que desde que começou a ensaiar, sentiu
melhoras físicas, emocionais e afetivas.
“Minha autoestima explode.”
A mesma sensação positiva é
compartilhada por Walquíria Coimbra, de 59 anos. Ela conheceu o grupo pelas
redes sociais, após 40 anos na cadeira de rodas. A paralisia também veio após
um acidente de carro, ainda na juventude.
Além de Walquíria, Mariana,
Alice e Carla, a Companhia Street Cadeirante também é composta pelas dançarinas
Delma Ferro, de 50 anos, e Izabella Gobbi, de 26 anos. As coreografias são
assinadas pelo coreógrafo Wesley Messias.
Dançarinas durante ensaio no Centro
Cultural de Dança, em Brasília — Foto: Marília Marques/G1
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Dançarinas do ‘Street Cadeirante’
durante apresentação em Brasília — Foto: Fashion Inclusivo/Divulgação
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Dançarinas do ‘Street Cadeirante’
durante apresentação em Brasília — Foto: Fashion Inclusivo/Divulgação
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