Após fratura na coluna, zagueiro brasileiro luta para se recuperar

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Momento em que Padovani caiu no gramado e sofreu fratura, em acidente em fevereiro deste ano — Foto: Reprodução/TV Globo

Em meio ao pouco falado futebol do Irã, um jogador brasileiro viveu um drama nos últimos meses e ainda busca plena recuperação. O zagueiro Leandro Padovani, que atuou em clubes como Brasiliense e Volta Redonda, sofreu uma fratura na coluna cervical durante uma partida da primeira divisão local, em fevereiro, passou por uma cirurgia emergencial e até hoje tenta recuperar os movimentos dos membros inferiores. O Esporte Espetacular foi até a capital Teerã para conhecer a história de perto.

Para poder contar o ocorrido e celebrar cada evolução, hoje, Padovani contou com a ajuda de um cirurgião renomado que estava de férias perto da cidade em que houve o acidente, na fronteira com o Iraque. Os nove meses de tratamento ocorreram em uma clínica da Cruz Vermelha, lado a lado com sobreviventes de guerra e atentados terroristas.

O acidente

Leandro passou boa parte de sua carreira no país islâmico e, quando chegou a um dos clubes locais com maior popularidade, o Estheglal, passou, dentro de campo, pelo acidente que modificou para sempre a sua vida. Em 24 de fevereiro deste ano, ainda no sexto jogo da temporada, Leandro foi a campo e, pouco antes de o árbitro apitar o fim do primeiro tempo, caiu no chão. O jogador de 34 anos subiu para tentar afastar um lançamento e se chocou com um companheiro de equipe, permanecendo no solo, sem se movimentar.

A preocupação logo tomou conta de companheiros e adversários, antes de que Padovani fosse tirado de campo em uma maca, praticamente imóvel. Ali começava uma jornada em busca dos movimentos de quem era um atleta, que se foram por conta de uma fratura na coluna cervical, causada na queda, quando o pescoço do jogador sofreu uma fratura. A vértebra C6 se deslocou da seguinte, a C7.

– Ontem você estava num estádio, diante de 50 mil pessoas, e no outro dia você está do lado de médicos, enfermeiros, máquina para tudo que é lado. O que é que aconteceu? – recorda Leandro Padovani.

O atendimento imediatamente após o incidente não contou com os cuidados adequados. Na cidade de Ahwaz, na perigosa fronteira com o Iraque, Padovani foi socorrido por médicos que demoraram a entender o que tinha acontecido. A situação poderia ter sido pior se não fosse uma coincidência: Eydi Abdolkhani, neurocirurgião famoso no Irã e que hoje mora no Canadá, estava de férias em uma fazenda a 70 quilômetros do estádio onde ocorreu o fato.

– Era preciso fazer o realinhamento e a fixação da coluna cervical o mais rápido possível. Uma situação de urgência. Eu não podia perder tempo. Para aumentar as esperanças de recuperação, eu tinha que fazer uma cirurgia o mais rápido possível – explica o médico.

Ele realizou a cirurgia, sem mesmo a autorização da esposa de Padovani, Larissa, que estava na capital Teerã sem conseguir informações. O procedimento durou oito horas e obteve sucesso.

– Aquele médico foi o anjo da guarda. Ele foi maravilhoso. Se não tivesse ali naquele momento e naquela hora, não sei o que teria acontecido – lembra Larissa.

A recuperação


Após a cirurgia, começou o processo de recuperação do jogador de 1,94 metros, que atraía o carinho dos torcedores por gols marcados através de bolas aéreas e cobranças de pênaltis. Para isso, contou com o amigo do irmão, Alessandro, que abriu mão de um contrato no futebol da Indonésia para ficar ao lado de Leandro.

– Desde o primeiro momento que eu vi meu irmão, já tinha na mente que a coisa mais importante pra mim era estar ao lado dele. Não pensei mais no futebol, não pensei em mais nada – diz Alessandro.

O tratamento foi iniciado no Irã, já que Leandro não tinha condições de enfrentar a longa viagem até o Brasil. Em um centro de recuperação da Cruz Vermelha, que pertence ao governo iraniano e recebe até sobreviventes de guerras e atentados, Padovani passou os últimos nove meses, seis dias por semana e 10 horas por dia. Lá, Padovani conseguiu evoluiu, e hoje apenas os membros inferiores continuam sem movimento.

– Eu consigo mexer meus braços, consigo levantar da cadeira, fazer a transferência do carro, casa, banheiro. Fazer as coisas do dia a dia – explica Leandro.

Tudo isso graças à ajuda e dedicação dos funcionários do hospital, que contrastam com a postura do Esteghlal, que não pagou parte do tratamento e, três meses depois, deixou de lado o jogador – que tinha contrato apenas até maio.

Larissa e Padovani, então, usaram a Internet para divulgar a situação, causando comoção entre os torcedores. A diretoria do clube mudou, e os novos mandatários ofereceram um novo contrato: Leandro agora é membro da comissão técnica e receberá ajuda, segundo a promessa dos dirigentes, até quando for necessário.

– Como diretor do clube, eu queria pedir desculpas ao Padovani e a todo o Brasil, porque não fizemos o que precisava, mas daqui para frente, estaremos sempre juntos, porque ninguém aqui no Irã vai esquecer essa história – diz Ali Khatir, diretor do clube iraniano.

Com seu país natal conhecendo a história, reportada no Brasil pela primeira vez, Padovani se prepara para retornar nas próximas semanas. Ele tenta manter o otimismo, deixando para trás, no Irã, as cicatrizes e o agradecimento a todos que o ajudaram a se manter vivo.


Leandro Padovani deixa campo de maca: atendimento recebido pelo brasileiro não foi o adequado — Foto: Reprodução/TV Globo

Alessandro ao lado de Leandro: irmão abandonou contrato na Indonésia para ajudar o familiar — Foto: Reprodução/TV Globo

Leandro realiza tratamento em hospital da Cruz Vermelha, ao lado de sobreviventes de guerras e atentados — Foto: Reprodução/TV Globo


Leandro é auxiliado por Larissa em exercício — Foto: Reprodução/TV Globo
Fonte: Globo

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