Estudo que devolveu movimento a ratos tetraplégicos é esperança para pacientes com lesão medular
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Em quase
duas décadas, foram mais de 70 mil quilômetros e quatro países percorridos por
Camila Magalhães, de 32 anos, em busca de tratamentos para a lesão medular que
a deixou presa a uma cadeira de rodas. Hoje, a esperança de progresso no quadro
está bem perto, a pouco mais de sete quilômetros de sua casa em Vila Isabel,
Zona Norte do Rio. Pesquisadores do Laboratório de Biologia da Matriz
Extracelular (LBMEC) da UFRJ, na Ilha do Fundão, estudam um novo tratamento
para lesões medulares que já apresentou excelentes resultados em animais.
A técnica
consiste na aplicação da polilaminina – medicamento biológico produzido a
partir de uma proteína presente no corpo, a laminina – na medula do paciente
que sofreu a lesão. Por ora, os estudos são focados em pessoas com lesões
agudas, ou seja, recentes. Mas a expectativa é que, num segundo momento,
dependendo do resultado, pacientes com lesões crônicas (antigas), como é o caso
de Camila, também possam ser submetidos ao estudo.
Os
resultados com ratos animaram os pesquisadores: todos os animais com lesões
leves conseguiram ter de volta 100% dos movimentos. Já os com lesões graves
tiveram recuperados 50% dos seus movimentos.
Em
setembro, o trágico incidente com Camila fará 20 anos. Ela foi baleada no
pescoço quando passava pelo Boulevard 28 de Setembro. A bala se alojou na
coluna, e a jovem ficou tetraplégica (com paralisia em todos os membros). Após
diversos tratamentos e fisioterapia, ela retomou alguns movimentos e hoje está
paraplégica (com paralisia só nos membros inferiores).
A
expectativa com o novo tratamento é grande. Há mais de dez anos, Camila
acompanha os pesquisadores da UFRJ que estudam os possíveis benefícios da
polilaminina. Para ela, o estudo representa mais uma “gotinha de ânimo”.
— Vejo a
dedicação deles. Todo mundo torce muito para que dê certo. A cura da lesão
medular não existe até hoje. Acho que essa é mais uma frente, mais uma
oportunidade. Pode ser de uma cura ou mesmo de grande melhoria na qualidade de
vida. Qualquer ganho vai ser válido — anima-se.
‘Melhora
surpreendente’
A pesquisa
da UFRJ encontra um grande obstáculo: a falta de candidatos para participar do
estudo. Hoje, há apenas um paciente sendo acompanhado. Os pesquisadores afirmam
que estão tendo dificuldades para captar pacientes, apesar do apoio de duas
unidades de saúde, o Hospital municipal Souza Aguiar, no Centro do Rio, e o
Hospital estadual Azevedo Lima, em Niterói.
— Não
sabemos ao certo o motivo, mas há essa dificuldade. E precisamos desses
pacientes para que o estudo evolua — explica a professora Tatiana Sampaio,
chefe do laboratório da UFRJ.
Nesse
primeiro estudo, os pacientes agudos só podem receber a injeção de polilaminina
na medula até 72 horas após a lesão. Nesse período, os parentes do paciente
voluntário podem fazer contato com os pesquisadores pelo telefone do
laboratório (21 39386488) ou pelo site (www.polilaminina.com.br).
— Esta é a
primeira fase. Estamos testando segurança e eficácia. Não podemos testar em
pacientes crônicos antes de fazer esse primeiro teste. A ideia é fazer um
teste-piloto. Por isso queremos fazer essa fase o mais rápido possível. A
melhora do primeiro paciente é surpreendente — diz Tatiana.
– Ver uma
equipe empenhada num tratamento que pode melhorar ou até curar uma pessoa na
cadeira de rodas é muito motivador para a gente que é paciente. Dá mais
esperanças, mais ânimo. Fico muito agradecida por conhecer pessoas tão boas. É
uma pesquisa séria, que já conheço há muito tempo. É mais uma gotinha de ânimo.
É importante não desanimar. São quase 20 anos de cadeira de rodas. Não posso
parar para não regredir, por isso estou sempre correndo atrás de coisas que
possam melhorar minha qualidade de vida. Não me acomodo – afirma Camila.
Fonte: Ser Lesado
É importante que os pesquisadores tenham o apoio das pessoas diretamente interessadas nos resultados. Que haja divulgação dessa pesquisa e manifestações de apoio aos pesquisadores, com divulgação de vídeos, panfletos etc. Cada pesquisador deveria ter uma conta bancária pessoal para receber doações de interessados. Senão vai ficar tudo pelo caminho, igual a fosfoamina da USP.
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