A lição de vida de Guto Avaiano: paralisado cerebral e graduado em Educação Física
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Guto frequenta a Ressacada, tem um blog sobre
o time e se formou em Educação Física. EE promove encontro entre ele, Guga
Kuerten e Marquinhos
Guto, Marquinhos e Marcos Uchôa (Foto: Lívia Faria) |
Torcedor fanático do Avaí, Augusto Delfino tem
paralisia cerebral e tinha o sonho de ser jogador de futebol. Durante o parto,
Guto Avaiano, como é conhecido, teve uma parada respiratória que não
comprometeu a parte cognitiva, o raciocínio mas afetou os movimentos e a fala.
Ele se comunica usando a cabeça para digitar com ajuda de um aparelho. A partir
daí foi buscar seus sonhos. Estudou até se tornar o primeiro brasileiro
graduado em Educação Física do Brasil, se tornou um blogueiro que trata dos
assuntos do seu time de coração e agora quer ser técnico de futebol.
É difícil duvidar da capacidade deste
catarinense de 25 anos, que provou que o esporte requer mais que um corpo. Com
gana, raça e força de vontade, ele aprendeu a ler, escrever e a se comunicar se
adequando às possibilidades. Joga xadrez, dá palestras, já assistiu desfiles de
escola de samba, acompanha peladas dos amigos e tem uma vida muito além das
limitações que não o impedem de conviver.
Mas a grande paixão de Guto é o Avaí. Ele, em
seu blog, escreve
sobre o time do coração. Guto não perde quase nenhum jogo do Avaí na Ressacada,
é torcedor conhecido por lá, sempre acompanhado dos pais, que o ajudam no
estádio e torcem junto.
- No primeiro jogo em que eu levei o Guto na
Ressacada, ele ficou triste porque o Avaí perdeu. Eu expliquei, ele era bem
pequenininho: na vida, a gente pode perder e pode ganhar. E ele sempre quis
ganhar. Sempre – disse o pai, Marcos Antônio Delfino.
- Geralmente, são as mães que seguram a onda,
porque tem que tocar, né? Tocando a vida, participando da vida do deficiente,
tu não choras pela dificuldade. Tu choras pelo que tu não consegues fazer para
ele – afirmou Rute.
O Esporte Espetacular levou dois ídolos de
Guto à Ressacada.
Foi um encontro emocionante com Gustavo
Kuerten, o ex-número um do tênis e famoso torcedor avaiano, e também com
Marquinhos, ídolo azurra. Jacaré, ex-jogador do time catarinense, ainda chegou
para o bate-papo animado. Guga tinha um irmão, falecido há dez anos, com
problemas parecidos com os de Guto, e reconhece o quanto as pessoas estão
convivendo melhor hoje com as diferenças.
- Eu acho que as pessoas estão muito mais
preparadas. Até mesmo porque tem mais experiências. Antes, conviver com o
deficiente, até mesmo para a própria família, era escondido, era fechado em
casa – disse o ex-tenista.
- Olha o que ele fez, cara? O que eu estou
reclamando da minha vida? Perdi hoje, mas amanhã a gente segue a vida. Vamos
seguir em frente. Nossos problemas são muito pequenos – complementou o ídolo do
Avaí.
Na reportagem, você acompanha ainda como eram
as aulas na universidade, todas as emoções da formatura de Guto, o trabalho que
ele realiza com o pai, o convívio com os amigos e o quanto, apesar de todos os
problemas, com a ajuda da tecnologia e o acolhimento das pessoas, Guto pode
levar uma vida muito alegre.
- Ele nos ensina muito sobre felicidade, como
ser feliz dentro daquilo que é possível – define Maria Letícia Knorr, uma de
suas professoras na faculdade.
Fonte: Globo Esporte
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