'Fiquei muito feliz', diz candidato com deficiência auditiva sobre redação do Enem
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Com ajuda de aparelho, Felipe Jones tem 80% da capacidade auditiva | Katna Baran |
Por Katna Baran, de Curitiba
O estudante Felipe Jones, de 20 anos, saiu sorrindo do
primeiro dia de provas do Enem, na PUC-PR, em Curitiba. Ele é deficiente
auditivo desde que nasceu e, com a ajuda do aparelho, tem 80% da capacidade
auditiva.
Por possuir bom nível de oratória e audição, ele não
precisou fazer a prova com assistência da linguagem de libras, novidade nesta
edição do teste. Mesmo assim, se sentiu representado com o tema da redação do
Enem.
— Não sei se isso vai fazer com que as pessoas mudem a
visão sobre nós, mas é um grande passo na representatividade — diz o estudante,
que relata ter sofrido bullying na infância e, até hoje, se sente discriminado
em alguns lugares. — Na semana passada mesmo fui ao shopping e fui muito
mal-tratado por um funcionário só por causa do meu aparelho. Outro dia fui lá
novamente, com meu pai, para alertar o gerente sobre o comportamento dele. Um
indivíduo pode estragar uma visão de sociedade.
Para ele, que faz parte de um clube de futebol para
surdos, é necessário que as pessoas aprendam mais não só sobre a deficiência
auditiva, mas sobre as dificuldades que passam outros deficientes.
— Tenho um amigo que está cursando várias faculdades ao
mesmo tempo. Muito inteligente. E é totalmente surdo. Nós somos pessoas
normais, tanto eu, que tenho maior capacidade de audição e oratória, como os
que não as possuem — desabafa.
Com a nota do Enem, Felipe pretende cursar Engenharia
Mecatrônica.
— Fiquei muito feliz — resume sobre o tema da redação.
Em todo o Estado do Paraná, foram realizadas 90
videoprovas.
Fonte: O Globo
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