Documentário acompanha bailarinas profissionais com deficiência visual

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'Olhando para as Estrelas' é o resultado dos três anos que Alexandre Peralta passou com as dançarinas da única escola de balé para pessoas com deficiência visual do mundo. 'Queremos ser mais que exemplo'

por Xandra Stefanel, especial para RBA

Além de dançarina, Geyza também dá aula de balé e, na primeira parte do filme, prepara os detalhes para seu casamento. Thalia é uma de suas alunas adolescentes que está passando por todas as mudanças e desafios desta etapa da vida. A ausência da visão é apenas mais uma característica das duas e é exatamente isso que faz Olhando para as Estrelas ser bom: em nenhum momento, elas são reduzidas à condição de pessoa com deficiência. Ambas são retratadas primeiramente como bailarinas, mas também como profissionais, parceiras, noiva, mãe, estudante, filha etc.

Bom humor, companheirismo, amizade, amor, persistência e a certeza de que, a partir de uma oportunidade, o ser humano pode se reinventar e fazer muita diferença na vida de pessoas ao seu redor. É isso o que Alexandre apresenta. “Desde que começamos a gravar, sabíamos que o foco do filme não seria a deficiência. Nós queríamos conhecer a Geyza e a Thalia como elas realmente são, com seus sonhos, aspirações, desafios e inseguranças. Por isso, espero que as pessoas saiam do cinema sentindo-se muito próximas delas e de suas histórias. Acredito que a verdadeira inclusão vai acontecer quando deixarmos de dar tanta atenção para as nossas diferenças e focarmos mais no que temos em comum como seres humanos”, declara o diretor.

No final das contas, o que todo mundo quer é ser feliz. E é exatamente o que Geyza diz depois de ficar um tempo longe da dança para o nascimento de seu filho Lucas. “Eu estava me sentindo um pouco vazia sem a dança. A gente tem de ter pessoas para acrescentar e eu não acho que o Lucas é um obstáculo para eu estar no palco hoje. Eu queria mostrar para ele que a mãe dele em nenhum momento desistiu. (…) Eu quero dançar para ser feliz”.

Mesmo sendo uma bailarina profissional e tendo se apresentado em vários países, Geyza afirma que é preciso dar um passo além rumo a um outro tipo de reconhecimento. “Todos nós dentro da associação somos valorizados pelo exemplo e por tudo isso. A gente gosta de ser exemplo, sim, mas não dá para construir um futuro só sendo exemplo. A dança é uma bela arte realmente, mas desde que você consiga se sustentar através dela. Muitas (bailarinas) deixaram de dançar justamente por esse motivo.”

Talento, dedicação e responsabilidade não parecem faltar para essas mulheres e meninas que não deixam que a ausência de um dos sentidos seja um empecilho para que se dediquem, com o máximo de independência e autonomia, à paixão pela dança. Nas aulas de balé, é nisso que insistem os professores: os olhos (e os sonhos) devem estar sempre apontados para o céu. Este é – ou deveria ser – o único limite.


A estreia de Olhando para as Estrelas terá uma sessão especial nesta quinta-feira, às 19h, no Espaço Itaú de Cinema Augusta, em São Paulo. Depois da exibição, haverá um debate com a presença do diretor Alexandre Peralta, da professora e bailarina Geyza Pereira, da bailarina Thalia Macedo e da diretora da Associação de Ballet e Artes para Cegos Fernanda Bianchini.

Olhando para as Estrelas

Direção e montagem: Alexandre Peralta
Fotografia: Alejandro Ernesto Martinez e Guan Xi
Argumento: Alexandre Peralta e Larissa Sundfeld
Roteiro: Alexandre Peralta e Melissa Rebelo Kerezsi
Compositores da trilha original: Alexis & Sam
Produção: Alexandre Peralta, Alejandro Ernesto Martinez, Thais Peralta, Melissa Rebelo Kerezsi, Corina Maritescu, Mayra Ometto e Chao Thao
Produtores executivos: Camilla Belle, Sabrina Chammas, Leandro Peralta, Andre Peralta, Adriana Rodrigues, Ariadne Mazzetti e Jean Paulo Lasmar
Gênero: documentário
Ano: 2016
País: Brasil
Distribuição: Elo Company

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