Adolescente refugiada enfrenta viagem de 5,6 mil quilômetros em cadeira de rodas
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História de Nujeen foi contada em livro com ajuda de
Christina Lamb
Uma adolescente síria superou todos os obstáculos em
seu caminho para chegar à Europa. A jovem Nujeen Mustafa tem paralisia cerebral
e enfrentou uma viagem de 5,6 mil quilômetros em sua cadeira de rodas — com a
ajuda das irmãs, que a empurraram durante todo este longo percurso. Desde que
ela tocou o solo europeu pela primeira vez, acabou se tornando membro essencial
do seu grupo de refugiados e descobriu um novo mundo de surpresas e
dificuldades. Agora, sua história está sendo relatada em um livro que leva o
seu nome, da mesma biógrafa que participou de “Eu sou Malala”, sobre a ativista
paquistanesa Malala Yousafzai.
Nujeen chegou à ilha grega de Lesbos no mesmo dia em
que morreu Aylan Kurdi, um menino sírio cujo corpo foi encontrado numa praia
turca após ter se afogado no ano passado. Logo na chegada, depois de temer não
ser aceita na embarcação por causa da sua cadeira de rodas, a adolescente de
Aleppo descobriu que era a única que falava inglês ali. Ela tinha aprendido o
idioma pelas horas que tinha passado diante da televisão. A partir de então, se
tornou tradutora para ajudar os seus companheiros de viagem.
— Em minha cadeira de rodas, mais alta do que todos, me
sentia como Poseidón, o deus do mar — relatou Nujeen no livro para contar sua
viagem à Alemanha, que descreve como uma mistura de medo e agitação. — Fiquei
feliz de ser útil, pude praticar o inglês que havia aprendido nos últimos três
anos.
Hoje, Nujeen mora em Wesseling, perto de Colônia, na
Alemanha. Mas no caminho até o novo lar, teve que enfrentar também muitas
provações. Pela primeira vez, ela voou de avião, viajou de trem, se separou dos
seus pais, dormiu em um hotel. E também pela primeira vez ela viu o mar. Antes,
ela nunca tinha ido à escola ou tido amigos. Passava os seus dias assistindo à
televisão em casa.
No caminho, sua irmã Nasrine, estudante de Física, a
empurrou na cadeira de rodas por Grécia, Macedônia, Sérvia, Croácia, Eslovênia,
Áustria e Alemanha. Os 40 dias de viagem foram extenuantes, mas também uma
grande aventura.
— Na Eslovênia, quando nos bloquearam, foi o único
momento em que chorei — conta a adolescente.
Nujeen diz que ainda confia algum dia ver o fim dos
combates em seu país, para que possa voltar à Síria. Ela mantém a esperança
porque, para ela, nada dura para sempre, nem mesmo a guerra. Mas, enquanto
isso, já faz planos para seu futuro.
— O plano A é estudar Física para ser astronauta. O
plano B é ser escritora profissional. Sabe? Os alemães sempre têm um plano B.
Fonte: O Globo
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