Conheça destinos preparados para cadeirantes, cegos e surdos
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Paulista Ricardo Shimosakai no muro de Berlim, cidade que ele aponta como uma das mais bem adaptadas no mundo |
O prazer de viajar não tem limites. Esse desejo, que
move o homem desde os primórdios, vem, a cada dia, impulsionando mais pessoas
com alguma deficiência física ou mobilidade reduzida a colocar o pé na estrada,
com muletas, acompanhadas de cão-guia ou em cadeiras de roda. Nada as impede de
se encantarem com os atrativos, lançarem-se em aventuras e experimentarem novas
sensações até no fundo do mar – o obstáculo, infelizmente, ainda está no fato
de o destino escolhido estar ou não adaptado à altura desse viajante especial.
Mas essa realidade, já bem diferente na maioria dos
países de Primeiro Mundo, começa a mudar também por aqui. Muitas cidades
turísticas, como Socorro, no interior paulista, Maceió, Gramado, Foz do Iguaçu,
Bonito e, entre outras, Fernando de Noronha, já são referência em destinos
adaptados no país.
A maioria delas, contudo, ainda engatinha no quesito
acessibilidade (embora garantida hoje por leis federais), porém, se quiser
atrair esses potenciais visitantes, vai ter que se adaptar logo. Afinal, cerca
de 46 milhões de brasileiros (24% da população) têm deficiência intelectual,
motora, visual ou auditiva, apontou o Censo 2010 do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE).
“No Brasil, nos últimos 15 anos, as pessoas com
deficiência têm conquistado mais espaço na sociedade. E, com isso, saímos mais,
viajamos mais, passeamos mais e acabamos fazendo com que os equipamentos de
lazer, cultura e turismo estejam mais preparados para atender as nossas
demandas específicas”, observou o professor universitário mineiro e doutor em
educação Flávio Oliveira, que é cego, confirmando o que a pesquisa do
Ministério do Turismo, realizada em 2013, já havia concluído: “há muitos
viajantes frequentes”, dentre o contingente de pessoas com deficiência no país.
Compartilhamento
No entanto, as pessoas com deficiência ainda se
ressentem da falta de programas específicos. Até encontrar informações sobre
destinos e atividades adaptados era difícil há alguns anos. A solução,
encontrada pela graduada em letras e cadeirante mineira Laura Martins – com
oito países no currículo, além de muitas capitais e grandes cidades brasileiras
–, foi, há seis anos, criar o blog Cadeira Voadora para compartilhar suas
experiências de viagens. “Agora, é um círculo virtuoso: eu incentivo as pessoas
a viajarem, e elas me estimulam de volta”.
Por essa ocasião, o professor universitário e
cadeirante paulista Ricardo Shimosakai também criou o blog Turismo Adaptado e,
ainda, decidiu atuar no setor de consultoria em projetos de acessibilidade e de
inclusão da parte física, a fim de “tornar mais fácil o dia a dia do viajante
com deficiência”.
Sentimento de liberdade motiva mergulhadora
“Não é somente poder apreciar o fundo do mar, mas ter a
sensação de liberdade, o fato de se sentir capaz e livre”, resume a relações
públicas e cadeirante mineira Adriana Buzelin seu gosto pelo mergulho,
atividade que veio a abraçar depois do acidente sofrido no início da década de
90.
Adriana se tornou, em 2012, a primeira mergulhadora com
deficiência de Minas. E, de lá pra cá, já acumula quatro formações na
modalidade. Além da carteirinha de praticante de mergulho autônomo adaptado,
que conquistou na Scafo Escola, em São Paulo – a capital mineira não tem curso
de mergulho específico para pessoas com deficiência –, Adriana também já possui
os cursos nitrox (mergulho em grande profundidade, abaixo de 23 m), mergulho
noturno e mergulho de naufrágios.
E o que é melhor: a marca de mais de 20 mergulhos, uma
atividade que, se não bastasse o prazer em sí, a editora da revista online
“Tendência Inclusiva”ainda associa com visitas a vários points privilegiados
com recife de corais e naufrágios, tanto no Brasil como no mundo.
Na lista, estão destinos como Curaçau, Aruba e Bonaire,
nas Antilhas, e Cabo Frio e Rio de Janeiro, no litoral fluminense, e Ilhabela e
São Sebastião, em São Paulo.
“Para algo ser considerado acessível, tem que oferecer
segurança e autonomia”, pondera a cadeirante Laura Martins
A Turismo Adaptado, de Ricardo Shimosakai, elabora
roteiros de viagens para pessoas com deficiência
Sensorial (I)
Programa inclusão com bustour
Inclusão é o objetivo de roteiros rodoviários que a
Federação das Empresas de Transportes de Passageiros por Fretamento do Estado
de São Paulo (Fresp) incentiva. O programa-piloto foi realizado no último
dia 11 de junho.
Sensorial (II)
Estreia leva cegos a cafezal
Voltada para o turismo sensorial, a primeira experiência foi com um grupo
de cegos na fazenda Retiro Santo Antônio, a 172 km da capital, onde colheram
café, debulharam milho e degustaram cafés regionais na Cafeteria Loretto, em
Espírito Santo do Pinhal.
Rio
Projeto praia para todos
Desde 2008, acontece no Rio o projeto Praia para Todos, em que são
disponibilizados cadeiras anfíbias, monitores, esteiras para andar na areia e
atividades esportivas adaptadas. Esse programa, que já foi itinerante, chegou à
oitava edição no verão 2016 com locais fixos: posto 3 da Barra da Tijuca e
entre os postos 5 e 6 de Copacabana.
Fonte: O Tempo
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