Acessibilidade garantida no Judiciário
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O Judiciário
se aproxima ainda mais do cidadão. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aprovou
a Resolução 230 de 2016, que trata das políticas e práticas de
acessibilidade do Judiciário para pessoas com deficiência. A
resolução ajusta os tribunais e demais órgãos da Justiça às determinações da
Lei Brasileira de Inclusão das Pessoas com Deficiência (Lei 13.146/2015) e da
Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência,
ratificada pelo Brasil em 2008.
Anteriormente,
o CNJ havia publicado a Recomendação 27/2009 tratando do tema. Ela foi
convertida na nova resolução, com texto reelaborado e com acréscimos da
ministra do STJ Nancy Andrighi, também corregedora nacional de Justiça. A
ministra teve a colaboração da Comissão de Inclusão do tribunal, a qual
preside. “A Resolução significa um grande avanço para consolidação das
medidas de inclusão de pessoas com deficiência no âmbito do Poder Judiciário. O
que antes eram recomendações, agora têm a força de determinações”, declara a
ministra Nancy Andrighi.
Ela
acrescenta que todos órgãos do Judiciário e serventias extrajudiciais
(cartórios) devem garantir o acesso desse público e condições de trabalho
adequados para servidores com deficiência. “Nada é mais justo e
necessário do que fazer com que as pessoas com deficiência não
encontrem na sua deficiência uma barreira de acesso à Justiça. Tenho como
indispensável a adaptação urgente do Poder Judiciário e dos seus serviços
auxiliares”, assevera a ministra.
Novas
diretrizes
A
Resolução 230 define diversos conceitos, como “barreiras”, “discriminação”,
“adaptação” e políticas para aprimorar a acessibilidade. Entre outras
iniciativas, estão a determinação de que cada órgão do Judiciário deve ter pelo
menos 5% de servidores ou terceirizados capacitados no uso de libras, a
linguagem de sinais, e uma reserva mínima de 2% de vagas de estacionamento para
deficientes.
Também
fica proibido ao Judiciário e seus órgãos impor a usuários com deficiência
custos extras para prestar seus serviços. Por outro lado, deve ser garantido a
esses usuários acesso ao conteúdo de todos os atos processuais de seu
interesse, incluindo o exercício da advocacia. A resolução define ainda
diretrizes para o ingresso, adaptação e permanência de pessoas com deficiência
no serviço público.
Sistematização
e comissões
Wallace
Gadelha Duarte, gestor do projeto Semear Inclusão no STJ e membro da comissão
de inclusão, destaca que a resolução sistematiza para o Judiciário várias
legislações dispersas sobre o tema. “Isso facilita uma efetiva melhoria nos
serviços prestados às pessoas com deficiência”, observa. Wallace destaca que
a nova norma estabelece que os órgãos do Judiciário devem ter comissões
permanentes de inclusão. “Isso é importante porque com um grupo específico
responsável, a implementação de políticas fica mais fácil”, observa.
O
servidor afirma que desde 2004 o STJ tem trabalhado pela inclusão e que a
ministra Nancy Andrighi é madrinha dos projetos de inclusão do tribunal. “A
acessibilidade não é importante apenas para pessoas com deficiência. Toda a
sociedade é beneficiada quando a cidadania alcança mais pessoas. Além disso,
temos que lembrar que acidentes ou o próprio envelhecimento pode nos trazer
limitações físicas ou mentais”, alerta.
O
servidor Daniel Sartório Barbosa, membro da comissão de inclusão, que
também colaborou com a redação da resolução, afirma que os direitos
garantidos não são um favor, mas uma obrigação constitucional. “Grande parte do
serviço público ainda não se mobilizou para atender pessoas com deficiência.
Apesar de não trazer tantas novidades, a resolução sistematiza diversas
legislações e pode ajudar a agilizar esse processo”, salienta.
Segundo
a ministra Nancy Andrighi, há uma série de outras ações que podem ser adotadas
de imediato, como garantir atendimento e tramitação processual prioritários,
reservar vagas em estacionamento, dar ao funcionário com deficiência ou
que tenha cônjuge ou dependentes nessa condição prioridade para o trabalho em
regime de home office, entre outras. “O mais importante é que
todos os juízes, presidentes de tribunais e titulares de serventias
extrajudiciais adotem a acessibilidade como prioridade de gestão”, conclui a
magistrada.
Fonte: Intranet STJ
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