Sem limites para a superação

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Luiz, primeiro servidor do STJ com deficiência

Como você sabe o que está acontecendo ao seu redor? Podemos perceber o ambiente que nos cerca ouvindo, cheirando, apalpando, saboreando e vendo. Os cinco sentidos permitem que nosso corpo interaja com o meio. Muitas vezes, a falta de um deles se torna um pequeno detalhe diante da capacidade de seus portadores.


É o que comprova Luiz Lopes Batista, servidor das Comissões Permanentes de Ministros. Prestes a completar 26 anos de Tribunal, o primeiro deficiente do STJ fez de sua trajetória aqui um exemplo de superação e inclusão.


Nascido no interior do Piauí, Luiz ficou cego antes de completar dois anos de idade. “Nasci sem o problema aparente, por isso ele não foi detectado a tempo. Apesar disso, tive uma infância como qualquer outra criança. Brincava, andava por todos os lugares da cidade. Não tinha preconceito”, recorda.


Na adolescência, o servidor se mudou para Brasília com a família. Aqui, teve o diagnóstico definitivo de sua doença: glaucoma congênito grave. “Vim para cá com muita esperança de voltar a enxergar. Mas não teve jeito. Fiquei muito triste no início, mas depois resolvi correr atrás e lutar pelos meus objetivos”.


Transformação pelo saber


Alfabetizado aos 16 anos, Luiz viu nos estudos uma forma de transpor sua limitação visual. Mesmo quando tudo parecia conspirar contra, ele não desistia. “O começo aqui foi difícil. Durante muito tempo tive que me virar sozinho. Teve época que pegava sete ônibus por dia: morava no Guará, fazia faculdade de direito na Asa Norte e trabalhava no Hospital Regional de Taguatinga”, lembra.


Já formado, ele continuou estudando. O desafio da vez era o concurso do STJ. Engana-se quem pensa que o bacharel em direito frequentou cursinho preparatório especial. “Fiz cursinho junto com as pessoas ‘normais’. Sempre estudei com pessoas que enxergam. Só quando fui alfabetizado em braile é que tive classes especiais”, explica.


Companheira especial


Você pode estar se perguntando como Luiz fez para acompanhar as aulas do cursinho. O apoio ele recebeu mais uma vez de sua parceira de vida. “Minha esposa, Rosemare Lopes, frequentou as aulas comigo. Ela anotava as explicações dos professores e depois lia para mim. Rosemare iluminou e fortaleceu minha vida. Enfrentamos as dificuldades juntos”, fala com orgulho.


Quebrando paradigmas


Toda essa dedicação valeu a pena: Luiz tomou posse no dia 11 de janeiro de 1990. Entretanto, o Tribunal não estava totalmente preparado para receber seu primeiro servidor com deficiência e foi se adaptando junto com ele.


“Mais uma vez enfrentei dificuldades no começo, porque não tinha computador. Fui lotado primeiramente na Corte Especial. Lá, dependia totalmente dos meus colegas de trabalho, que faziam a leitura para mim. Depois fui para a Imprensa, trabalhando como revisor jurídico das matérias que eram publicadas”, conta.


Atualmente, o servidor elabora as súmulas do Tribunal. “Tenho que acompanhar a jurisprudência no dia a dia, as sessões do Tribunal, as publicações daqui e do STF e ler muita legislação”, esclarece.


Tecnologia a serviço da acessibilidade


Para desenvolver suas atividades nas Comissões Permanentes de Ministros, Luiz utiliza um computador comum com o software Jaws, composto por um sistema de leitura de telas exibidas e sintetizador de voz. O teclado também é convencional.


“Já decorei onde estão as teclas. Quando as digito, o programa fala cada uma das letras. Em casa também tenho este programa. Não dá mais para viver sem. Infelizmente, o Jaws não identifica imagens, então ainda tenho dificuldades com alguns sites e com a intranet daqui”, analisa.


Comissão de Inclusão


Integrante da Comissão de Inclusão do STJ, Luiz avalia positivamente as iniciativas de inclusão social tomadas pela Casa. “O Tribunal vem se preocupando cada vez mais com essas ações. Espero que continue evoluindo, para que as pessoas tenham mais oportunidades”, declara.


Com sentimento de dever cumprido, Luiz planeja a tão merecida aposentadoria. “Tenho vontade de publicar um livro com o material que escrevi em braile ao longo dos anos. Quem sabe, né?!”, conclui.


Dia Internacional das Pessoas com Deficiência


Celebrado no dia 3 de dezembro, o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência foi criado em 1998 pela Organização das Nações Unidas (ONU) e tem o objetivo de mobilizar a defesa da dignidade, dos direitos e o bem-estar das pessoas com deficiência.


Pretende também aumentar a consciência dos benefícios trazidos pela integração das pessoas com deficiência em cada aspecto da vida.

Fonte: STJ

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