Dwayne Szot, o artista que criou peças para crianças com deficiência pintarem e brincarem
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Quando
Madison foi diagnosticada com atrofia muscular espinhal, sua médica não sabia
muito a respeito da doença. Ela simplesmente disse aos pais que o bebê não
chegaria ao segundo ano de vida.
“Foi
bem difícil”, disse Jennifer Miller-Smith.
Sete
anos depois, apesar de depender de uma cadeira de rodas e dos efeitos
degenerativos da doença, Madison está “florescendo”, diz sua mãe, orgulhosa.
Muito desse sucesso é responsabilidade de Dwayne Szot, um artista que dedica
sua carreira a inventar ferramentas para que crianças portadoras de
deficiências possam pintar, desenhar e fazer tudo o que uma criança típica
gosta de fazer.
Antes
de conhecer Szot, um inovador baseado numa pequena cidade de pescadores no
norte do Estado de Wisconsin, Madison, hoje com 8 anos, se sentia frustrada e
impotente. O que ela mais queria era brincar com os amigos, mas ficava de fora
por causa do seu problema de saúde.
A
atrofia muscular espinhal (AME) faz com que os músculos percam a força
gradualmente. Até mesmo apagar a luz torna-se uma tarefa impossível. Quem tem
AME do tipo 2, como Madison, nunca poderá ficar em pé ou andar.
Mas,
quando Madison conheceu Szot num evento em Los Angeles, dois anos atrás, um
novo mundo se abriu para ela.
Desde
o fim dos anos 1980, quando Szot apresentou a primeira versão da sua cadeira de
rodas de pintura, o artista vem aperfeiçoando suas invenções e criando novas
maneiras para envolver crianças com mobilidade limitada em atividades
artísticas.
“O
que faço no estúdio é criar um meio para que elas tenham experiências
completas”, disse Szot. “Não é só deixar marcas no chão. É a oportunidade de
curtir a vida ao máximo.”
Szot
sabia que queria ser artista desde a época em que estava sob a tutela do Estado
(Szot é órfão). Mas sua carreira não envolveria dinheiro ou fama.
“Cresci
sabendo que nunca seria o cara que tem quadros pendurados nas paredes dos
museus”, disse Szot. “Queria ser o cara que faz alguma coisa para provocar
mudanças sociais – o cara que faz diferença. Minha arte teria alguma
utilidade.”
Szot
se inspirou especialmente em órfãos com deficiência e em como eles se adaptavam
para enfrentar a rotina diária.
Szot
lembra como ele e seus amigos estavam sempre atrasados para pegar o ônibus
escolar. Para ajudar sua irmã com paralisia cerebral a se locomover mais
rápido, ele começou a empurrá-la num carrinho.
Essas
experiências e adaptações da infância informam seu trabalho atual.
A
primeira cadeira de rodas de pintura foi desenvolvida há 30 anos com recursos
do National Endowment for the Arts, uma entidade do governo americano que
oferece recursos e apoio para as artes. O aparato envolve a instalação de um
tubo de PVC e uma placa na base da cadeira. Basta ao usuário movê-la para criar
um mural.
Ele
usa uma tecnologia parecida em outro sistema, batizado de Walk Chalk and Roll
(algo como "Ande, Desenhe e Role"), que permite que crianças
cadeirantes desenhem nas calçadas usando giz.
“As
crianças aprendem que podem desenhar na calçada com giz, criar essas pinturas
magníficas, só com uma pequena adaptação”, disse Miller-Smith sobre as
ferramentas de Szot.
Quando
não está trabalhando na sua oficina, Szot viaja com suas invenções pelos
Estados Unidos e pelo mundo, mostrando para crianças que elas não precisam
ficar só olhando por causa de seus problemas de saúde.
As
criações de Szot já o levaram para países como México e Arábia Saudita. Mas
este ano todo seu trabalho acontece nos Estados Unidos. Ele vai passar por
Detroit, Chicago e Portland (Maine), entre outras grandes cidades.
No
primeiro semestre, Szot passou pelo Museu Patricia & Phillip Frost, na
Universidade Internacional da Flórida. Madison reencontrou o homem que mudou
sua vida.
Junto
com o Departamento de Assuntos Culturais de Miami, o Children’s Trust e a All
Kids Included, o evento convidou 200 crianças (portadoras de deficiências ou
não) para que elas brincassem juntas usando as ferramentas de Szot.
A
experiência abriu os olhos de pais, participantes e funcionários do museu.
“Raramente
uso a palavra ‘gênio’”, disse Jordana Pomeroy. “Mas acho que ela é adequada
para descrever o trabalho que [Szot] faz com as crianças.”
O
impacto é particularmente grande nas famílias que acabaram de receber o
diagnóstico e estão apenas começando a entender o impacto da deficiência na
vida das crianças.
Kaden,
de 14 meses, foi diagnosticada com AME há cerca de seis meses. Ele nunca engatinhou
ou rolou pelo chão, e nunca vai poder andar.
Simplesmente
pegar um brinquedo já é um desafio para ele, pois ele precisa usar quase todos
os músculos para se apoiar e não cair, disse sua mãe, Katie Myers.
Mas
depois de ver Kaden passar a tarde pintando murais e brincando com uma pipa
adaptada, Myers disse que se sentiu segura a respeito das perspectivas de seu
bebê.
“Ver
o quanto ele ama a vida e ama o mundo, e o quanto ele quer ser parte dele –
muda tudo”, disse Myers. “O mundo é dele.”
Fonte: Brasil Post
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