Turismo acessível no Uruguai com Ruben Hauret

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Nas minhas últimas férias, resolvi conhecer Montevideo. Pesquisei bastante antes da viagem e fiquei um pouco receosa no quesito acessibilidade. Ainda falta muito a ser feito nesse sentido – grande novidade para quem vive no Brasil! Risos -, mas, sem sombra de dúvidas é um lugar encantador e que merece nossa visita. Paisagens lindas, comida gostosa, povo acolhedor, topografia agradável… são apenas algumas das maravilhas que me seduziram na terra de Suarez e Mujica! Nos próximos textos, contarei sobre minhas impressões nos lugares por onde andei, tais como El Milongon, Ciudad Vieja, rambla, mercados, feiras, Estádio Centenário, museus, Parque de La Amistad… Hoje, compartilharei com meus leitores um achado uruguaio que foi um dos grandes motivos que me levaram a optar por esse país: transporte inclusivo de Ruben Hauret. Gente, ele possui dois carros acessíveis, capazes de acomodar até seis cadeiras de rodas! Adorei o serviço. Como viajei com mais seis pessoas, o serviço ficou totalmente personalizado – o carro era todo nosso! Ruben é uruguaio, natural de Montevideo, e trabalha com esse tipo de transporte há quase um ano. É daquele tipo de pessoa especial que os olhinhos brilham com o que faz. Extremamente cuidadoso, competente, atencioso e simpático, recomendo demais os serviços dele. Tomara que mais pessoas se inspirem no Ruben e passem a fornecer para nós, cadeirantes, serviços como esse. A sensação de alegria, liberdade, conforto, segurança e o sentimento de cidadania ao andar num carro acessível, não tem preço! Agora, sem mais delongas, vamos conhecer um pouco mais sobre o Ruben!


Adriana: De onde surgiu a ideia de trabalhar com turismo acessível?


Ruben: Somos a primeira empresa de turismo com veículo adaptado no Uruguai. A ideia de trabalhar com turismo acessível surgiu quando eu morava na Espanha, em Tenerife/Ilhas Canárias, e percebi como as pessoas com deficiência conseguiam aproveitar a vida como todas as outras.


Adriana: Há quanto tempo está no mercado?


Ruben: Voltamos ao Uruguai, em 2013, trazendo conosco dois veículos adaptados de Tenerife. Em Montevidéu, as negociações com a Prefeitura foram muito longas para obtenção das matrículas de turismo. Somente depois de um ano e cinco meses, é que começamos a trabalhar. Por esse motivo, temos menos de um ano de vida.


Adriana: Qual é seu público? Atende pessoas com deficiência de quais países?


Ruben: Nosso público é bem variado:

  • Cadeirantes em geral, de todas as idades;
  • Pessoas com mobilidade reduzida;
  • Idosos que moram nas casas de retiro;
  • Cadeirantes que fazem esporte adaptado: levamos grupo de jogadores de futebol.
  • Visitantes com cadeira de rodas de todos os países e aqueles que viajam nos cruzeiros que visitam Uruguai. Trabalhamos com passeios guiados e traslados.

Adriana: Como definiria a acessibilidade no Uruguai? Cite lugares acessíveis para turistas.


Ruben: A acessibilidade no Uruguai está começando seu desenvolvimento. Ainda falta muito por fazer. A cidade está trabalhando para se tornar acessível nos próximos anos. Já existem muitos lugares com acessibilidade: Palácio Legislativo (Parlamento), Museu do Futebol, Teatro Solis, Museu do Mar, Auditório do Sodre, mirador da Prefeitura de Montevideo, Torre das Comunicações Antel, Adega Bouza, Palácio Peñarol, Mercado Agrícola e muitos hotéis com habitações adaptadas. Cada vez mais estão sendo instalados novos lugares com essas facilidades.


Adriana: A impressão que tive é que a acessibilidade em Montevideo ainda está engatinhando. A cidade é linda, mas senti falta de mais rebaixamentos em calçadas, menos degraus em lojas/restaurantes e banheiros acessíveis. Por outro lado, vi muitas pessoas com deficiência pelas ruas (cadeirantes, cegos, muletantes). Existem políticas voltadas para isso?


Ruben: Existem associações de pessoas com deficiência que tratam sobre temas relativos à acessibilidade, mas falta muito por fazer. Foram feitas novas políticas de inclusão, como por exemplo, modelos novos de ônibus com rampa para cadeirantes – ainda existem em apenas 20% da frota, mas irão se incrementando. O mesmo acontece com os rebaixamentos nas ruas. Mas trata-se de um processo lento.


Adriana: Fiquei encantada com seu serviço. Pontualidade, cuidado, simpatia, conhecimento, habilidade em manejar a cadeira de rodas, etc. Como definiria Ruben Hauret?


Ruben: Eu definiria como uma empresa com vocação de serviço e ajuda, que realiza seu trabalho com amor e responsabilidade, fazendo com que a pessoa que utiliza o serviço se sinta parte da família (e não como mais um cliente). Algumas pessoas me perguntam se eu tenho algum membro da minha família com deficiência, e eu respondo que não; esse tipo de trabalho se faz com o coração, senão seria melhor fazer outra coisa.


Adriana: O que os turistas com deficiência podem esperar do Uruguai?


Ruben: Os turistas que visitarem o Uruguai e utilizarem nosso serviço, irão se sentir muito bem acolhidos devido à atenção cuidadosa e carinhosa, a pontualidade e a habilidade em manejar as cadeiras de rodas. Hauret é uma empresa que trabalha com a vocação de ajudar e fazer com que o visitante se sinta seguro e confortável. Seguramente, o turista não se esquecerá deste pequeno país com coração grande, com lugares bonitos, especiais, que tem muitas áreas acessíveis, com boa gastronomia, com muita história relatada pelos nossos guias profissionais que informarão sobre todas as curiosidades o visitante e que trabalham com a mesma vocação de ajudar.


Adriana: O custo do carro acessível é muito alto? Em quanto tempo espera recuperar seu investimento?


Ruben: O custo do carro acessível é um pouco maior que um sem acessibilidade, já que tudo o que tem relação com isso é muito caro. Nós fizemos a escolha de veículo da marca Mercedes Benz – Sprinter – devido a sua grande comodidade e segurança. O investimento não foi pensado para se recuperar em pouco tempo, já que não é possível que este tipo de empreendimento seja rentável num tempo curto. Se esse fosse o fim, não seria feito desse jeito. Não é o mesmo levar seis cadeiras de rodas num veículo adaptado, que levar 17 passageiros no mesmo veículo sem acessibilidade (o que seria mais rentável falando de números). Quando imaginamos este serviço, o fizemos pensando em todas as pessoas que precisam de ajuda para se trasladar, se reunir, conhecer, viver a vida sem limitações. O simples fato de ver as caras de felicidade dos passageiros, muitos dos quais faz tempo não saem da sua casa ou do asilo onde moram, é algo bem reconfortante.


Adriana: Qual mensagem deixaria aos leitores do BH Legal?


Ruben: Estou muito agradecido pela oportunidade de fazer conhecer nosso serviço no Brasil. Foi um prazer mostrar nosso pequeno país.

Agradeço ao Ruben pela acolhida maravilhosa, desejando-lhe muito sucesso, força e saúde para prosseguir com esse belo trabalho. Quem quiser mais informações, não deixe de entrar em contato com o Ruben e desfrutar das maravilhas desse país tão simpático e lindo. Também recomendo o serviço de guia da Brigitte Miles, que trabalha com o Ruben, e nos acompanhou em Punta Del Leste. Muito bom o serviço. Leitores, não percam os próximos capítulos…


Hauret & Reyes Transporte Especializado.
Email: 
ruben.hauret@adinet.com.uy.
Facebook: Hauret & Reyes.

Brigitte Miles (guia turístico: inglês, português, francês e espanhol).
Email: brigichi@gmail.com.

Fonte: BH Legal

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