Pessoas com deficiência também fazem sexo

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Muitos são os mitos que ainda rolam sobre a sexualidade da pessoa com deficiência. Dizem que o “corpo” desliga e você é sucumbido à eterna ausência de prazer.



É claro que não é assim: uma das maiores curiosidades despertadas por um cadeirante é, de longe, se ele pode ou não fazer sexo. Normal. Ao sofrer o acidente e ficar tetra, um dos meus primeiros medos foi exatamente esse.



Não por acaso, a primeira vez que fiz sexo depois de perder movimentos foi enquanto ainda estava na UTI. Fiquei tão receosa que resolvi testar no hospital mesmo. E tive uma surpresa (muito boa!). Foi um grande alívio saber que eu ainda ficava lubrificada com o toque do meu namorado.



Quando estou namorando, penso muito em sexo. Como pensava antes do acidente. Isso não mudou. O mais importante continua sendo a comunicação. Tem que rolar uma conversa esclarecedora sobre o assunto antes de rolar qualquer outra coisa. A informação nesse caso é tão importante quanto uma boa preliminar. É importante lembrar que se o corpo passou por mudanças, a principal independe da deficiência e sim da nossa cabeça.



Cada caso é um caso: aliás, como com que não tem limitação física. As mulheres cegas, por exemplo, têm uma grande dificuldade de se relacionar com homens videntes. Isso porque muita gente acredita que elas estão sendo abusadas por não enxergarem e se afastam. Bobagem: a pessoa com deficiência visual tem outros sentidos que podem ser aguçados com o ato sexual e podem ser ótimos parceiros. E sabem muito bem diferenciar intenções.



Comigo, as descobertas foram bem interessantes: descobri novas rotas para o prazer – passei a ter sensações diferentes. Agora, tudo que sinto em meu corpo acontece de outro jeito. O orgasmo vem por outros nervos, que passaram a fazer um percurso diferente até chegar ao “ponto G” (que pode ter mudado de letra também).



A intensidade muda, assim como a excitação e a sensibilidade. Mas isso é bem subjetivo. Amar e buscar prazer depende do quanto nos dispusemos a isso. Eu escolhi ser feliz. Com todos os prazeres que a vida pode oferecer.

Por Mara Gabrilli
Mara Gabrilli é psicóloga e publicitária, 42 anos, ficou tetraplégica por conta de um acidente de carro em 1994. Em 1997, fundou a Ong Projeto Próximo Passo, hoje Instituto Mara Gabrilli, que apoia atletas com deficiência, promove o Desenho Universal, fomenta pesquisas científicas para cura de paralisias e é parceiro oficial do Vida Mais Livre.


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