Passista com nanismo vira destaque da Viradouro
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Apenas
1,23m de altura e muito rebolado e samba no pé. Passista da Viradouro há oito
anos, Viviane de Assis, de 34 anos, foi a sensação da Marquês de Sapucaí no
ensaio técnico da escola no dia 11. O sucesso da sambista rendeu a ela um posto
de importância: neste carnaval, virá como destaque de chão.
—
Está sendo tudo maravilhoso. No ensaio foi do setor 1 até a apoteose todo mundo
gritando, aplaudindo. Eu viro, sambo, faço quadradinho. E isso empolga mais
ainda, me dá mais fôlego, dá vontade de voltar e começar tudo de novo — conta
ela, que é portadora de nanismo.
Ela
virá à frente da segunda ala, que representa o povo banto — povo longilíneo, da
África subsariana. Todos os componentes terão, no mínimo, 1,70m e farão uma
encenação no enredo em que a escola retrata o povo negro.
Apesar
do sucesso quando samba, o preconceito não fica de lado. Até hoje, Vivi, como
gosta de ser chamada, precisa enfrentar olhares tortos e piadas sobre seu
tamanho.
—
Aonde eu entro, quem não conhece, olha diferente. Sempre tem que ri, quem
debocha, cutuca o amigo. Cabe a mim sair disso. Quando eu sambo, tudo muda.
Apesar
das barreiras que enfrenta, a passista lida com sua diferença com muito bom
humor.
—
As pessoas me chamam de pequena achando que vão me ofender. Eu? Vou ficar em
depressão? Eu vivo, namoro, curto.
Apaixonada
por samba, ela irá desfilar em três agremiações este ano. Além da Viradouro,
sai pela Rocinha e Embaixadores da Folia. Nas ruas do Rio, ainda é rainha de
bateria do bloco Senta Que Eu Te Empurro.
—
Eu tenho meu gingado, tenho meu rebolado. Quando eu crescer, isso vai passar,
mas por enquanto a gente aproveita — diverte-se.
Viviane
desfila desde os 7 anos, quando acompanhava a mãe e um grupo do Ciep em
desfiles de escolas mirins.
—
Ah, já faço isso desde pequena, né... Porque, agora, eu cresci muito — brinca
ela, conta como se prepara para a maratona de desfiles.
Fonte: Extra Globo