Pessoas com deficiência também precisam se divertir
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Muito se fala na empregabilidade da pessoa
com deficiência, na educação inclusiva, na sexualidade, na acessibilidade e mobilidade
urbana, no acesso à saúde e até nas adaptações veiculares. Vemos a todo
momento, notícias sobre o desrespeito aos direitos das pessoas com deficiência
mas, muitas vezes, nos esquecemos de que são seres humanos e possuem desejos,
necessidades, medos e alegrias como qualquer outra pessoa. Somos assunto, tema
de debates, passeatas e de tratados internacionais, mas queremos ser mais do
que isso!
Já diziam os
Titãs: “Você tem fome de quê? A gente não quer só comida, a gente quer comida,
diversão e arte!”. Sim, queremos acesso também ao esporte, à cultura, ao
turismo e ao lazer. Os deficientes também precisam se divertir! Para se ter uma
vida plena, é fundamental que isso aconteça.
Ainda há muito o que se fazer quando
falamos em esporte adaptado. Não me refiro aqui somente ao esporte na escola ou
nos centros e clubes esportivos. Sabemos que precisam ser revistos e
investimentos devem ser feitos para que ofereçam a prática real do esporte e
possam receber e promover a inclusão pelo esporte. Também não estou me
referindo ao esporte profissional ou olímpico, pois é notória a capacidade dos
deficientes; basta observarmos as paraolimpíadas e os grandes esportistas que
temos no Brasil e no mundo. Na última olimpíada vimos, inclusive, deficientes
competindo com pessoas sem deficiência como o sul-coreano Dong Hyun Im, de 26
anos, deficiente visual (baixa visão), que competiu no tiro com arco.
De uma forma geral, é preciso reconhecer a
importância do esporte não somente como caminho para a reabilitação, mas como
fonte de prazer, diversão. Isso inclui todos os tipos de atividades, artes
marciais, esportes radicais etc. Muitas pessoas acham que, por sermos
deficientes, não podemos praticar tais esportes. Bom, eu mesma já fiz arvorismo
e mergulho e conheço vários deficientes que praticam surf, canoagem, escalada
etc.
Outro ponto importante se refere ao
turismo. É fundamental que haja rotas turísticas com adaptações, empresas
especializadas e cidades preparadas para receber e atender, com qualidade,
pessoas com deficiência, tanto nos hotéis e restaurantes, como nos passeios e
demais eventos. Como, por exemplo, a cidade de Socorro, em São Paulo, premiada
até por órgãos internacionais. Não é perfeita, é verdade, mas está no caminho
certo!
Governantes, empresários e a sociedade em
geral precisam se dar conta de que as pessoas com deficiência são cidadãos,
contribuintes, consumidores e clientes como qualquer um. Viajam, apreciam a
gastronomia, o teatro, o cinema, a música e a dança como qualquer pessoa.
Neste contexto, devemos ter atenção aos
diversos tipos e opções de lazer, desde o cultural, ou seja, oferecer salas de
cinema, peças teatrais, espetáculos, exposições etc. acessíveis, até os mais
comuns, como passeios pela natureza e pela noite, como bares, boates etc.
Todos os espaços precisam ser acessíveis.
Isso é bem difícil de se ver por aqui. No Brasil, é raro encontrar um museu
onde haja possibilidades de um deficiente visual tocar as peças para
conhecê-las ou ter audiodescrição das obras expostas, além da falta de acessibilidade
física já conhecida nos espaços culturais. No Congresso de Acessibilidade,
evento gratuito e online com mais de 30 palestras e entrevistas que ocorre de
21 a 27 de setembro, discutiremos estes temas como forma de promover a
qualidade de vida e a inclusão da pessoa com deficiência na sociedade.
Participe! Dê sua opinião!
Dolores Affonso
coach, palestrante, consultora, designer instrucional, professora e
idealizadora do Congresso de Acessibilidade
Fonte: Cassilândia News e Blog Audiodescrição
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