Professora com Síndrome de Down quebrou barreiras
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Por Andréa Rangel Em O Globo –
RJ
Para a educadora potiguar Débora Seabra, de 33
anos, inclusão é a palavra de ordem. Com dez anos de carreira, ela foi a
primeira pessoa com Síndrome de Down a lecionar no país, e hoje é professora
auxiliar da educação infantil na Escola Doméstica, instituição privada de
ensino em Natal, no Rio Grande do Norte. Sua história é um dos estudos de caso
que serão apresentados no Educação 360, seminário promovido em setembro pelos
jornais O GLOBO e Extra em parceria com Sesc e Prefeitura do Rio, e apoio do
Canal Futura.
- Para seguir o magistério, é preciso
paciência. E eu me dou muito bem com os alunos. Quando um aluno chega, ele vem
e me abraça – afirma.
Além do trabalho em sala de aula, Débora dá
palestras sobre educação inclusiva e se dedica à literatura infantil. No ano
passado, lançou o livro Débora conta histórias (Editora Objetiva), em que os
personagens enfrentam preconceitos. Num dos contos, um pato é discriminado por
não querer namorar outras patas, mas sim outros patos. Há também a história de
uma galinha surda e um sapo que não sabe nadar.
- São histórias que acontecem com animais, mas
poderiam acontecer com qualquer pessoa – revela a escritora.
Sua atuação como palestrante já alcançou
outros países: Argentina, Portugal e Estados Unidos. Este ano, no dia 21 de
março, data em que se comemora o Dia Internacional da Síndrome de Down, ela
chegou a ministrar uma palestra na sede da Organização das Nações Unidas (ONU),
em Nova York.
- Nas palestras, falo sobre inclusão – conta.
– A pessoa com Síndrome de Down tem que estudar no ensino regular, sou contra
escolas especiais. Eu só cheguei até aqui porque estudei na rede regular.
ESCOLA ESPECIAL, FATOR LIMITANTE
Mãe de Débora, a advogada Margarida Seabra nem
cogitou a possibilidade de matricular sua filha numa escola especial. Uma das
fundadoras da Associação de Síndrome de Down do Rio Grande do Norte e criadora
da Comissão de Direitos da Pessoa com Deficiência da OAB/RN, ela tece severas
críticas à escola especial, que atende exclusivamente alunos com algum tipo de
deficiência física ou mental.
- A escola especial é um crime. O aluno com
Down precisa enfrentar desafios, conviver com a diversidade.
Para a psicopedagoga Dulciana Dantas, que
atende Débora há dez anos, o ensino especial para este tipo de caso acaba
interditando os direitos das pessoas de participar da vida em geral. Ela
defende a combinação de ensino regular com atividades de assimilação
pedagógica. Nas sessões com Débora, Dulciana realiza um trabalho didático-pedagógico,
repassando com a professora o planejamento escolar que será realizado por sua
turma.
- Nós também trabalhamos com discussão e
produção de textos. Débora é uma das pessoas mais obstinadas e empreendedoras
que já conheci ao longo de 15 anos de carreira.
Ao terminar o ensino médio, Débora ingressou
no curso de magistério da Escola Estadual Professor Luiz Antônio, onde foi
vítima de preconceito e sofreu.
- Nos trabalhos em sala, eu costumava ficar
sem grupo. E cheguei a ser agredida, quando uma menina me obrigou a cheirar o
seu tênis. Eu tive que lutar pela inclusão – relata.
Mas Débora não desistiu do seu objetivo e
acabou conquistando a admiração de alunos e professores. Ela recebeu o título
de Rainha da Escola e foi homenageada na cerimônia de formatura do curso, em
2004 .
Concluído o ensino técnico, o próximo passo
foi fazer estágio numa creche na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). E
há dez anos ela trabalha como professora auxiliar na Escola Doméstica. A
professora Gina Maria Borba, que divide a sala de aula com Débora, é toda
elogios para sua colega de trabalho.
- A cada dia que passa, Débora se mostra mais
interessada – diz. – Está sempre disposta a trabalhar, e me ajuda em diversas
atividades como colagem e narração de histórias. E o fato de ter Síndrome de
Down é encarado com naturalidade pelos alunos.
O seminário Educação 360 acontece nos dias 5 e
6 de setembro na escola Sesc do Rio de Janeiro. As inscrições podem ser feitas
a partir do dia 19 de agosto somente através do site do evento, que fica no
endereço www.educacao360.com.
“A pessoa com Síndrome de Down tem que estudar
no ensino regular. Só cheguei até aqui porque estudei na rede comum” Débora
Seabra Professora
Fonte:Inclusive e Blog APNEN Nova Odessa
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