Cinemas cariocas terão salas equipadas para deficientes visuais e auditivos
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Enquanto algumas salas fecham, outras se adaptam. Na semana em
que frequentadores de cinemas do Rio receberam com pesar a notícia de que dois
cinemas tradicionais da cidade encerrariam as atividades por tempo
indeterminado — o Cine Leblon, por uma crise financeira, e o Cine Odeon, para
reformas — a Secretaria Muncipal de Cultura anuncia um edital para ampliar a
inclusão de deficientes visuais e auditivos em dez salas de cinema digitais da
cidade, num prazo de, no máximo, cinco meses.
Intitulado
“Cinema acessível RioFilme”, o programa vai oferecer R$ 200 mil para que dez
cinemas de diferentes regiões da cidade criem a estrutura tecnológica
necessária para a exibição de filmes com ferramentas de audiodescrição, para
deficientes visuais, e legenda oculta, para deficientes auditivos.
É menos
complicado do que parece, explica o secretário e presidente da RioFilme Sérgio
Sá Leitão, ao detalhar o software a ser implementado nas salas contempladas.
— O processo é
muito simples, por isso deverá ser concluído em cinco meses, no máximo. Cada
sala deve licenciar o software necessário, adaptar as salas com wi-fi e
oferecer alguns tablets para os usuários que não tenham. O espectador com
deficiência sensorial vai usar o aplicativo correspondente no tablet ou
smartphone durante a exibição do filme. O que também não atrapalha os outros
espectadores, pois o aplicativo é usado em tela sem brilho — explica o
secretário. — Há um público significativo na cidade, cerca de 10% da população,
que tem algum tipo de deficiência sensorial, e acaba ficando excluído da
experiência de assistir a um filme no cinema. Há uma pressão por acessibilidade
pela sociedade e o setor de exibição ainda não havia se manifestado neste
sentido. Decidimos facilitar as coisas. Se as salas não se adaptam por conta
própria, vamos romper a inércia, bancando a adaptação de pelo menos dez delas.
De acordo com Sá
Leitão, o Rio será pioneiro na experiência, pois não há iniciativas semelhantes
no país. A tecnologia necessária foi importada da Espanha, país que já tem 100
cinemas totalmente adaptados.
— Além de ser uma
questão de cidadania, é preciso mobilizar o mercado distribuidor. Não adianta
as salas se adaptarem se os distribuidores não oferecerem os filmes com essas
opções de exibição (com audiodescrição e legenda
oculta) — atesta o secretário, lembrando que os próprios
títulos da RioFilme terão de ser acessíveis a partir deste ano, como uma
contrapartida obrigatória registrada em contrato.
Sobre a
implantação da tecnologia nos equipamentos da própria prefeitura, o secretário
garante que será feita depois de uma avaliação do funcionamento dessas dez
salas experimentais.
— Em cinco anos,
todas as salas de cinema da cidade, e estamos falando de 150, deverão estar
adaptadas. É importante que esta medida não seja obrigatória, coercitiva, para
que o próprio mercado absorva a demanda de maneira espontânea. Os exibidores,
distribuidores e o próprio público vai perceber que é possível tornar o cinema
mais acessível a custo baixo, ampliando a receita do setor na cidade — argumenta
o secretário, lembrando que é a receita o principal problema dos cinemas de rua
atualmente.
Fonte: Site do Jornal O Globo e Blog Sempre Incluídos
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