Conheça destinos preparados para receber pessoas com necessidades especiais
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Ricardo Shimosakai: Foz do Iguaçu é um dos principais destinos nacionais oferecidos pela empresa Turismo Adaptado, onde foram elaborados roteiros com acessibilidade |
Mas
os desafios que enfrentou jamais o fizeram pensar em desistir das viagens. “São
apenas percalços e aumentam o número de histórias para contar aos amigos”, diz
ele. A exemplo de Marcos, há muito mais gente disposta a superar limites
físicos para colecionar histórias e experiências.
O
Brasil possui, atualmente, cerca de 46 milhões de brasileiros (24% da
população) com deficiência intelectual, motora, visual e auditiva, conforme o
Censo realizado em 2010 pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística). E, dentre eles, há muitos viajantes frequentes, segundo constatou
o Ministério do Turismo, numa pesquisa realizada em parceria com a Secretaria
de Direitos Humanos, entre os dias 13 a 20 de maio de 2013, nas cinco maiores
cidades emissoras de turismo doméstico brasileiro – São Paulo, Rio de Janeiro,
Belo Horizonte Curitiba e Porto Alegre. A pesquisa apontou que o sentimento de
superação, a liberdade e a autonomia são alguns dos principais elementos
motivadores dos viajantes. Mas eles não querem só acessibilidade. Como qualquer
outro turista, também buscam preços competitivos, belas paisagens, boas
condições de transporte e aspectos históricos e sociais interessantes.
A
cidade de Socorro, no interior de São Paulo, foi apontada pelos entrevistados
como um modelo de turismo acessível, pois é a que oferece a melhor adaptação
para pessoas com deficiência. Além de
Socorro, Fortaleza (CE), Ilhabela (SP) e Maceió (AL) foram citadas por
apresentar passeios, atividades esportivas e ecoturismo para as pessoas com
mobilidade reduzida, deficiência auditiva ou visual. Atualmente, o Ministério
do Turismo está financiando 14 projetos que envolvem acessibilidade, com
investimentos na ordem de R$ 109 milhões.
Só
rampa não basta
Mas
investir em acessibilidade não é apenas construir rampas para cadeiras de
rodas. “É um equívoco achar que tornar uma cidade acessível é só desobstruir
barreiras arquitetônicas. É preciso eliminar as barreiras físicas para
cadeirantes, mas também ter pessoas habilitadas a se comunicar com deficientes
auditivos, disponibilizar material turístico acessível para deficientes visuais
e treinar funcionários para atender a essas pessoas”, explica a psicóloga
Adriana da Silva Souza, do Núcleo de Apoio às Pessoas com Necessidades
Específicas do IFRJ (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia).
“Ao
escolher onde se hospedar, a primeira providência é checar se o local vai
ajudá-lo nas suas dificuldades individuais. Porque mesmo com perfis parecidos,
cada pessoa tem uma necessidade”, diz o turismólogo e cadeirante Ricardo
Shimosakai, diretor da empresa Turismo Adaptado, que elabora roteiros de
viagens para pessoas com necessidades especiais. A recomendação aqui é ser o
mais detalhista possível, já que, muitas vezes, as empresas não entendem o
conceito de acessibilidade. “Se você precisa de uma cadeira de banho, por
exemplo, tem que ligar e verificar com o hotel se eles têm e explicar que
cadeira de banho não é uma cadeira de piscina”, diz Shimosakai.
Uma
vez escolhido o hotel, vale checar informações por telefone e até pedir fotos
do local. As dimensões são importantes, especialmente se o turista for
cadeirante. “Muitas vezes é preciso solucionar problemas e exigir os direitos
antes de aproveitar a viagem. Ao chegar a um lugar, a pessoa com limitações
motoras vai gastar tempo para saber quem tem a chave para abrir o elevador, com
quem é preciso falar para poder estacionar mais perto ou, ainda, como encontrar
alguém que possa ajudar a subir e a descer uma escada”, explica o engenheiro
Marcos Bauch, que hoje compartilha as experiências acumuladas no blog “De
muletas pelo mundo”. Já o portador de
deficiência visual precisará de alguém que o acompanhe até o quarto de hotel e
lhe mostre a localização de cada objeto. O deficiente auditivo, por sua vez,
terá mais facilidade de se comunicar ao contar com o apoio de funcionários
aptos em Libras, a Língua Brasileira de Sinais.
Além
disso, os passeios que serão feitos no destino também precisam levar em conta
as limitações. Para o deficiente visual, por exemplo, no lugar de um museu em
que apenas o título da obra está escrito em braile, será muito mais prazeroso
visitar um jardim sensorial, disponível em alguns parques botânicos de cidades
brasileiras, ou uma galeria tátil, como a existente na Pinacoteca do Estado de
São Paulo.
Viagem
inclusiva e os custos
Não
necessariamente um deficiente gastará mais dinheiro para viajar. Os
estabelecimentos não cobram mais caro por serem acessíveis, mas os custos podem
aumentar conforme as adaptações que o turista precise fazer para usufruir de
maneira prazerosa da viagem. “Quando fui para Machu Picchu contratei uma
agência capacitada para levar pessoas com deficiência, mas tive que pagar por três
guias para carregarem minha cadeira de rodas em uma parte do percurso”, explica
Ricardo Shimosakai.
Como
não são todos os locais que oferecem acessibilidade, a oportunidade de escolha
é menor. Por isso, o deficiente nem sempre pode optar pelo hotel mais barato
para se hospedar, o menor carro para alugar ou ainda, o restaurante mais
econômico da região. É preciso escolher aquele que ofereça soluções para as
necessidades individuais.
Barcelona
(Espanha): Foi depois de sediar os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos de 1992 que
a cidade se tornou um destino com acessibilidade. Barcelona possui hotéis,
restaurantes, bares e outros espaços públicos devidamente adaptados. Também é
possível fazer um citytour em ônibus de dois andares com rampas automáticas.
Nos aeroportos espanhóis, há um serviço especializado para atender pessoas com
deficiência e mobilidade reduzida, chamado ‘Sin Barreras’
Berlim
(Alemanha): Em 2013, o destino ganhou o prêmio ‘Cidade Acessível’, concedido
pela Comissão Europeia e pelo Fórum Europeu da Deficiência, que incentiva
cidades da Europa a melhorarem a acessibilidade. Berlim possui a maior parte
das estações de metrô adaptadas para cadeirantes, além de museus onde
deficientes visuais podem sentir a arte com o tato, como é o caso do Neues Museum
Bonito
(Mato Grosso do Sul): O destino de ecoturismo possui atrações adaptadas a
deficientes, como o rafting no rio Formoso, rapel no abismo de Anhumas e
flutuação no Rio Sucuri. Na avenida principal da cidade, também há a
preocupação com cadeirantes: as calçadas são largas e o piso antiderrapante e
regular. A parte urbana é equipada com faixas de pedestre com sinalização
visual e tátil
Brotas
(São Paulo): Localizada a 250 km da cidade de São Paulo, é a capital do turismo
de aventura no estado. Por ser um destino certeiro para quem procura por
esportes radicais, Brotas possui monitores de várias operadoras que foram
treinados para conduzir os turistas com deficiências em atividades com boa dose
de adrenalina como rafting, rapel, arvorismo e tirolesa
Fortaleza
(Ceará): A cidade já dispõe de passeios, atividades esportivas e ecoturismo
para as pessoas com mobilidade reduzida, deficiência auditiva ou visual, mas o
cenário deve melhorar ainda mais. Por ser sede de alguns jogos da Copa do
Mundo, o destino recebeu uma verba do Ministério do Turismo para tornar
acessíveis destinos como a Praia de Iracema e o Mercado Central e para melhorar
grandes avenidas com repavimentação, instalação de piso podotátil e rampas para
cadeirantes
Foz
do Iguaçu (Paraná): O turista com dificuldade de mobilidade não terá problemas
ao visitar o Parque Nacional do Iguaçu para apreciar a beleza das Cataratas. O
local é adaptado para receber cadeirantes, possui rampas em todos os locais,
transporte acessível dentro do parque, banheiro e estacionamento também
acessíveis
Maceió
(Alagoas): De acordo com uma pesquisa divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística), em 2012, a cidade possuía a maior porcentagem de
hotéis adaptados para receber visitantes com necessidades específicas. Em 2010,
também foi inaugurada a primeira jangada adaptada da cidade, que leva
cadeirantes às piscinas naturais da famosa praia de Pajuçara
Nova
York (Estados Unidos): Turistas cadeirantes não encontram barreiras para
explorar a Big Apple. As ruas são planas e as calçadas, amplas e com rampas.
Qualquer condução pública é adaptada e os pontos turísticos são preparados para
receber cadeirantes. Os principais museus da cidade oferecem além de cadeiras
de rodas e bengalas, equipamentos de som com descrição das obras, para serem
usados por deficientes visuais
Rio
de Janeiro (Rio de Janeiro): A Cidade Maravilhosa tem a segunda maior rede
hoteleira adaptada, segundo pesquisa divulgada em 2012, pelo IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística). Pontos turísticos também estão
equipados para receber cadeirantes, como é o caso do Pão de Açúcar, que oferece
elevadores-plataforma para acesso às bilheterias e à área de embarque do
bondinho. Na cidade, também é possível visitar o jardim sensorial, dentro do
Jardim Botânico
Socorro
(São Paulo): A 134 quilômetros da capital paulista, a cidade atrai cada vez
mais pessoas com mobilidade reduzida ou necessidades especiais, por conta do
projeto Socorro Acessível, iniciado em 2005. Há desde equipamentos para a
prática de esportes de aventura por pessoas com deficiência a hotéis adaptados
com pisos táteis, placas em braile, além de banheiros com assentos e barras
adequadas, estacionamentos reservados, rampas de acesso e guias rebaixadas
Turismo
Adaptado
A
empresa organiza roteiros de viagens para pessoas com todos os tipos de
necessidades específicas. A partir de uma conversa com o turista, analisa as
limitações individuais e organiza a viagem, que pode ser nacional ou
internacional.
www.turismoadaptado.wordpress.com
ricardo@turismoadaptado.com.br
Tel.:
(11) 3846-6333 / (11) 99854-1478
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