Dispositivo elétrico devolve movimentos a homens paraplégicos
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Os pacientes Andrew Meas, Dustin Shillcox, Kent Stephenson e Rob Summers foram
submetidos a um tratamento com estimulação elétrica para recuperarem suas
funções motoras (Louisville University)
Pesquisadores anunciaram nesta terça-feira que
quatro homens que haviam perdido a função motora do tórax para baixo há anos
recuperaram a capacidade de realizar alguns movimentos voluntários. Isso foi
possível após médicos terem implantado um dispositivo de estimulação elétrica
na medula espinhal dos pacientes que imita os sinais transmitidos pelo cérebro
para iniciar algum movimento.
Embora esses indivíduos não tenham voltado a
andar, os especialistas consideram que o feito oferece esperança para o
tratamento de pessoas que sofreram paralisia e que ouviram de especialistas que
nada poderia ser feito para que os movimentos fossem recuperados.
O caso dos pacientes foi relatado em um artigo publicado
no periódico Brain. Os pesquisadores responsáveis pelos testes com o
dispositivo elétrico são das universidades de Louisville e da Califórnia em Los
Angeles (UCLA), nos Estados Unidos, e do Instituto de Fisiologia Pavlov, na
Rússia.
Estudo
inicial — A pesquisa se baseou em um estudo
publicado em 2011 que relatava o caso do ex-jogador de baseball Rob Summers.
Ele perdeu os movimentos do tórax para baixo após sofrer um acidente de carro
em 2006, mas recuperou parte de suas funções motoras com o implante desse mesmo
dispositivo elétrico. A comunidade científica recebeu esses resultados com
cautela, considerando que eles precisariam ser replicados em mais pacientes.
O novo trabalho detalhou os efeitos da intervenção
em outros três pacientes — os americanos Kent Stephenson, Andrew Meas e Dustin
Shillcox —, além de relatar novos testas realizados no ex-jogador.
Todos os quatro pacientes eram classificados como
portadores de dor crônica e de deficiência física por lesão medular, e haviam
perdido os movimentos há pelo menos dois anos antes da intervenção. Dois deles
também apresentavam uma lesão sensorial completa – ou seja, perderam não só os
movimentos, mas também a sensibilidade nos membros lesionados — e acreditava-se
que não havia chance de eles se recuperarem.
De acordo com os pesquisadores, os pacientes foram
capazes de recuperar alguns movimentos voluntários imediatamente após o
implante e a ativação do dispositivo, um resultado considerado “muito
surpreendente” pelos especialistas. “Devido à estimulação, agora eles conseguem
mover voluntariamente os seus quadris, tornozelos e dedos do pé. Isso é
inovador e oferece uma nova perspectiva de que a medula espinhal, mesmo após
lesões graves, tem um grande potencial de recuperação”, diz Claudia Angeli,
professora do Centro de Pesquisa em Lesões da Medula Espinhal da Universidade
de Louisville (KSCIRC, sigla em inglês) e uma das autoras do estudo.
A pesquisa também mostrou que o tratamento
ofereceu outros tipos de benefícios à saúde dos pacientes, como aumento da massa
muscular, controle da pressão arterial e redução de episódios de fadiga
muscular.
Técnica
— O dispositivo
implantado nos pacientes emite uma corrente elétrica com frequências diferentes
em locais específicos da medula espinhal responsáveis por controlar o movimento
dos quadris, joelhos, tornozelos e dedos do pé. De acordo com o estudo,
conforme os testes foram sendo realizados, os participantes se tornaram capazes
de realizar movimentos voluntários cada vez com menos estimulações. Para os
autores, isso demonstra a habilidade que a medula tem em aprender e melhorar
funções do sistema nervoso. “A crença de que nenhuma recuperação é possível na
paralisia completa acaba de ser desafiada”, diz Susan Harkema, diretora do
KSCIRC e responsável pelo primeiro estudo sobre o caso do ex-jogador de
baseball Rob Summers.
Fonte: Veja.com.br
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