Com treino adaptado, cadeirante malha três vezes por semana e perde 15 quilos
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Ivan
Matos, hoje com 41 anos, tinha 30 quando foi atingido por um tiro na saída de
uma festa. A bala lesionou sua medula, ele ficou paraplégico e, desde então, se
locomove com o auxílio de uma cadeira de rodas. Sem o movimento das pernas
e tendo de se submeter a um longo processo de fisioterapia, Ivan deixou de ter
uma vida de exercícios para uma rotina sedentária – termo que, nesse caso, é
levado ao extremo.
Um
cadeirante não faz sequer o esforço mínimo das pequenas caminhadas de idas e
vindas da sala para a cozinha. O resultado foram quilos de gordura localizada.
Nesse
momento, Ivan venceu o temor e decidiu voltar para a academia. Logo depois do
acidente, ele havia ficado com receio de sofrer preconceito. “No começo fiquei
meio encanado, preocupado com a forma que as pessoas me viam [como cadeirante].
Queria frequentar uma ala de reabilitação com pessoas iguais a mim, para não me
sentir inferior”, conta ele, que nasceu sem o antebraço esquerdo e, antes da
lesão, já treinava e ‘colocava todo mundo no bolso’.
Decidido, matriculou-se em uma das poucas academias acessíveis que conseguiu encontrar. “A maioria das academias tem escadas. Eles colocam as aulas de dança e outras modalidades no térreo, e a musculação no andar de cima. É da musculação que o cadeirante precisa, e não tem como subir”, reclama.
Os
três dias de malhação por semana, com três horas de treino em cada um deles,
remodelaram o corpo de Ivan. Com a ajuda de um instrutor, ele pratica os mesmos
aparelhos de quem não tem deficiência. “Meu grau de movimento nas coxas hoje é
algo que os médicos ainda não entendem, é raro”, orgulha-se, enquanto se estica
na Companhia Athletica. Além da força muscular nas coxas e troncos, Ivan deixou
15 quilos no passado.
Obesidade
e deficiência
A
história de Ivan está na direção oposta ao que acontece com a maioria das
pessoas que adquirem uma deficiência física, principalmente quando se tornam
cadeirantes. A vida sobre duas rodas engorda. Com a redução da mobilidade, a
pessoa tende a estocar mais gordura. “Alguns estudos apontam que pessoas com
lesão medular têm o metabolismo basal [gasto calórico em repouso] de 10% a 30%
menor do que quem não tem lesão”, explica Laís Coelho, nutricionista da Natue.
A
perda dos movimentos voluntários de um ou mais segmentos de maior massa
corporal (braços ou pernas) e a falta de exercício físico gerada pela
imobilização deles também contribui para alterações na composição corporal, com
o aumento de massa gorda e diminuição de massa magra.
Antes
da malhação, no entanto, quem adquiriu uma lesão desse tipo precisa fazer uma
reabilitação fisioterápica. “Quanto mais cedo começar a reabilitação, menos
massa muscular a pessoa terá perdido, consequentemente os resultados serão
melhores”, afirma o ortopedista e cirurgião da coluna Juliano Lhamby. “Natação
também é um excelente exercício aeróbico para quem só tem mobilidade nos
membros superiores”, conclui.
Fonte: dEFICIENTE ONLINE
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