Centro de apoio produz materiais em Braille para escolas no Acre
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Durante o
mês de janeiro, estudantes se matriculam em toda a rede pública e privada de
educação. Neste período, a equipe responsável pela produção de materiais em
Braille do Centro de Apoio Pedagógico e Atendimento às Pessoas Deficientes
Visuais (CEADV Acre) terá que adaptar os livros que vão ser usados pelos
estudantes cegos durante o ano letivo.
O CEADV é
um local específico para apoiar todos que necessitem de atendimento especial,
auxiliando no aprendizado e desenvolvendo trabalhos de capacitação. De acordo
com o CEADV, existem em Rio Branco 56
alunos com cegueira e baixa visão.
Odim Moraes
é responsável pelo setor de impresso. Ele explica como é feita a produção dos
materiais didáticos que vão ser utilizados no aprendizado dos estudantes.
"Nossa função é produzir ou reproduzir esse material em Braille. Temos uma
equipe formada por professores de química, física, matemática, pessoas
capacitadas que trabalham com Braille. Esse material chega das escolas, passam
por uma triagem, nós dividimos para quem vai fazer a adaptação de acordo com a
especialidade", diz.
Segundo
ele, os textos são mais fáceis, porque existem programas de computador que
transformam automaticamente em braille. "Mas fórmulas matemáticas,
descrição de imagens, é mais difícil. É onde entra o profissional. Os materiais
de áreas exatas são mais difíceis", afirma Moraes.
Depois de
produzido, o material é revisado por um cego e um vidente [pessoa que enxerga].
"Revisamos e se tiver tudo correto, nós imprimimos. Temos aqui três
impressoras. Depois encadernamos e o material volta para triagem, onde será
distribuído para as escolas", conta.
Para a
coordenadora pedagógica Gecineide Maia, é importante que as escola entrem em
contato com órgão assim que for efetuada a matrícula de um estudante que
precisará do material.
"Temos
um profissional que vai visitar as escolas, coletando os livros, para que sejam
adaptados. Iniciou o ano letivo, os alunos já vão ter distribuição de livros,
desde que as escolas nos ofereçam o livro para ser adaptado. Falamos de livros
porque a prioridade é a escola que trabalha com livro didático, mas todo e
qualquer material que o aluno precise, como a apostilas, textos, são
adaptados" explica.
Segundo
Gecineide, é importante que o aluno cego tenha acesso cedo a esses materiais de
inclusão. "A gente sabe que o desenvolvimento da educação é uma questão
cultural, se a criança chega mais cedo na escola, o desenvolvimento será
maior", afirma.
Luiz Augusto
é coordenador geral do CEADV. Formado em letras, ele começou a usar o braille
aos 25 anos. "Antes disso, eu tinha resquício de visão, então lia os
livros usando lupas. Tinha uma espécie de óculos que ampliava tudo",
conta.
Ele lembra
que começou a perder a visão noturna, e aos poucos foi precisando usar o
Braille. "Primeiro você perde a visão noturna, depois as cores e aí vai
perdendo a visão central. Minha visão na frente tem uma mancha, mas eu ainda
consigo enxergar algumas coisas ao redor dessa mancha", explica.
Luiz conta
que na época em que fazia faculdade, não tinha acesso a livros em Braille e com
a ajuda de computador conseguia estudar. "Eu tinha alguns apoios da
faculdade. Como não tinha livros em Braille, solicitei um monitor que me
ajudava a digitalizar os livros e apostilas para o computador", lembra.
Atualmente,
Luiz Augusto é vice presidente da Associação Brasileira de Educadores de
Deficiente Visuais. Ele conta que em 2013 fez parte da Comissão
Brasileira de Braille, no intuito de aperfeiçoar o sistema. "Fazíamos
materiais sobre alfabetização, dando dicas de como trabalhar com esses alunos.
O professor às vezes não sabe o que fazer. Era uma orientação de como trabalhar
com aquela criança", diz.
Braille
O Sistema Braille foi criado pelo francês Louis Braille, nascido em 4 de
janeiro de 1809. É baseado na combinação de seis pontos dispostos em duas
colunas e três linhas e permite a formação de 63 caracteres diferentes, que
representam as letras do alfabeto, os números, a simbologia científica,
musicográfica, fonética e informática. Este é o meio de leitura da pessoa cega
e é comum em materiais diversos para garantir a sua acessibilidade a textos
impressos.
Fonte: site
G1.com por Veriana Ribeiro e Rayssa NataniDo G1 AC e Blog Sempre Incluídos
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