Cadeirantes presos na Papuda reclamam da precária infraestrutura da prisão e da falta de remédios
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AGUIRRE TALENTO E
FILIPE COUTINHO
DE BRASÍLIA
DE BRASÍLIA
Paraplégicos e um tetraplégico presos no
Complexo Penitenciário da Papuda, que abriga há quase um mês políticos
condenados no mensalão, relatam ter ficado em uma cela com até 12 pessoas,
conviver com ratos, não ter acesso a medicamentos e até já ter dormido no chão.
Cada penitenciária
da Papuda tem uma cela adaptada para cadeirantes. No PDF-1 (Penitenciária do
Distrito Federal 1), a cela já chegou a ter 12 detentos, segundo eles.
Atualmente lá há
oito pessoas, sendo quatro cadeirantes (um tetraplégico e três paraplégicos) e
outros quatro presos que lhes servem de cuidadores, trabalhando para diminuir
suas penas. Na cela, eles se apertam em quatro beliches e têm como único luxo
um chuveiro quente.
A Folha entrou nessa
ala na quarta-feira e presenciou os relatos dos cadeirantes, feitos à deputada
federal Mara Gabrilli (PSDB-SP), que é tetraplégica.
As condições do local estão sendo levadas em
conta pelo STF (Supremo Tribunal Federal) para análise do pedido de prisão
domiciliar do ex-presidente do PT José Genoino, que sofre de problemas
cardíacos.
Quando chegaram à
Papuda, no dia 15 de novembro, os condenados no mensalão tiveram de início
privilégios como visitas fora do dia -até serem vetadas pela Justiça.
O tetraplégico que
teve o pedido de prisão domiciliar negado, conforme revelado pela Folha (sua defesa
pediu para que seu nome não fosse publicado), diz que teve que dormir 15 dias
no chão ao ser transferido para o PDF-1, há cerca de um mês, porque havia outros
11 detentos lá.
Ele estava preso
desde abril no Centro de Detenção Provisória e há cerca de um mês foi para o
PDF-1, após ter sido condenado em definitivo pelo crime de tráfico de drogas.
Os cadeirantes
relatam não ter acesso aos remédios que tomam para melhorar as condições de
vida, que servem, por exemplo, para diminuir espasmos musculares e para reter
líquido.
Já os médicos são
em quantidade insuficiente, dizem. O tetraplégico possui úlceras pelo corpo
que, segundo ele, não estão recebendo o tratamento adequado.
Após ouvir os
relatos, Gabrilli disse que pretende fazer um levantamento de todos os
cadeirantes no sistema prisional brasileiro.
"No caso do
tetraplégico, se as feridas não forem tratadas, ele vai morrer. Isso pode
evoluir para uma infecção generalizada. Precisa de cirurgia de enxerto de pele
e de alguns cuidados que não está tendo lá", disse a deputada.
Os próprios agentes
da Polícia Civil que acompanharam a visita admitiram que as condições para os
cadeirantes na Papuda não são adequadas.
Além desses
problemas, eles são alvo de ameaças dos detentos mais perigosos, que compram
suas cadeiras de rodas para transformar o metal em facas caseiras.
Procurado, o
coordenador-geral da Sesipe (Subsecretaria do Sistema Penitenciário), João
Feitosa, afirmou desconhecer superlotação em celas de cadeirantes e que os
detentos cuidam da limpeza das próprias celas.
Sobre os
medicamentos, disse que o presídio tem acesso a todos oferecidos pela rede
pública de saúde. "A gente vai fazendo as melhorias [para os cadeirantes]
de acordo com as necessidades", diz.
Instalações
sanitárias utilizadas pelos detentos
Interior
de cela da Papuda que abriga presos cadeirantes
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Fonte: Folha
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