Capacitismo: o que é e como acontece no ambiente de trabalho

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Por Thalita Gelenske da Blend Edu

Capacitismo

Talvez este seja o conceito que você menos tenha ouvido em relação à discriminação de grupos minorizados. Caracterizados como segmentos sociais, étnicos, gênero ou outros, que independente da quantidade, possuem baixa representação política, social, econômica, eles também são nomeados, minorias e grupos minoritários. 

O sexismo em relação às mulheres, o racismo contra as pessoas negras e a homofobia, transfobia e outras formas de discriminação de gênero em relação ao grupo LGBT+, são conceitos que já são mais amplamente debatidos na pauta nacional e ganharam destaque nos últimos anos. Isso se deve graças a eventos de alcance nacional, como a Parada do Orgulho LGBT, e programas de entretenimento na TV aberta, como o caso do BBB 20, que recentemente mobilizou a audiência em torno do feminismo e da sororidade.

O que significa?

O capacitismo significa a discriminação de pessoas com deficiência, sua tradução para o inglês é ableism. O termo é pautado na construção social de um corpo padrão perfeito denominado como “normal” e da subestimação da capacidade e aptidão de pessoas em virtude de suas deficiências. Parte do seu desconhecimento e a falta de debate pela população se devem ao descumprimento da legislação que garante o direito de participação plena da pessoa com deficiência na sociedade. Como a Lei de Cotas criada em 1991, com foco na inclusão no mercado de trabalho e a LBI (Lei Brasileira de Inclusão) de 2015, que reforça a acessibilidade como direito fundamental.

Outro motivo que acaba camuflando o conhecimento sobre o capacitismo é que ele se manifesta de forma muito velada, muitas vezes, entendido como heroísmo e supervalorização por quem o pratica, de tão estrutural e inconsciente que é a discriminação em razão da deficiência.

#ÉCapacitismoQuando:

Em 2016, no Dia Internacional da Pessoa com Deficiência (comemorado mundialmente todo dia 3 de dezembro), um grupo de amigos com deficiências físicas se uniram para criar a hashtag #ÉCapacitismoQuando, com o objetivo de dar força para o debate. A partir de relatos sobre atitudes cotidianas que caracterizam a lógica capacitista que nossa sociedade está acostumada a enxergar a deficiência, como exceção, condição a ser superada ou corrigida, e não como diversidade e valorização do respeito às diferenças. 

A seguir, alguns tweets que fizeram parte do movimento e que exemplificam algumas situações diárias muito comuns às pessoas com deficiência, impregnadas desse tipo de atitude: 

“Você diz que todos nós temos alguma deficiência”, “quando você diz: eu sou normal!”, “te tratam feito criança devido a sua deficiência, mas você já é adulto.”, “você espera que pessoas com deficiência tenham sempre algo nobre a ensinar”, eu tenho que falar mil coisas sobre minha profissão antes de você realmente começar a acreditar que eu trabalho MESMO”.

Ilustração de Ricardo Ferraz. No desenho existem cinco pessoas sendo que uma está na cadeira de rodas. Ela não possui os braços e nem as pernas, está em frente a uma mesa e trabalhando em um computador usando a boca. As pessoas que estão a sua volta sinalizando surpresa por ela conseguir trabalhar. 

O capacitismo no ambiente de trabalho

No cartum de Ricardo Ferraz, artista brasileiro que utiliza ilustrações críticas e representativas para trazer à tona a temática da inclusão das Pessoas com Deficiência, está representada uma situação típica de capacitismo no ambiente de trabalho, onde se coloca em questionamento à capacidade profissional de uma mulher com deficiência física, que não possui os dois braços e as duas pernas, única e exclusivamente pela sua deficiência.

Infelizmente, essa é uma situação ainda muito enfrentada por profissionais com deficiência inseridos no mercado de trabalho que, apesar da Lei de Cotas garantir uma porcentagem mínima de contratação de PCDs em empresas com mais de 100 funcionários, estima-se que, do total de 45,6 milhões de brasileiros que possuem algum tipo de deficiência (seja física, visual, intelectual, auditiva, mental, múltipla ou surdocegueira), apenas 1% está no mercado de trabalho.

Esse dado revela que o movimento pela inclusão profissional dessas pessoas ainda precisa evoluir muito para criarmos ambientes de trabalho verdadeiramente inclusivos e acessíveis para a diversidade. Por isso o papel fundamental de se trabalhar o conceito de capacitismo dentro das organizações, dando mais visibilidade e centralidade ao tema no desenvolvimento de iniciativas com os diversos stakeholders: funcionários, terceiros, fornecedores, clientes, parceiros e comunidade.

Listamos algumas atitudes que as empresas podem adotar para trabalhar o tema dentro de seus programas de diversidade e inclusão, contribuindo ativamente para a mudança de mentalidade em relação à deficiência e seus preconceitos. 

Gere conhecimento sobre o assunto

Um dos primeiros passos para agir contra o capacitismo é saber de sua existência. Como mencionamos no início do texto, muitas pessoas nunca tiveram contato com o assunto. Então, o primeiro passo é informar, esclarecer e divulgar conteúdo educativo sobre capacitismo e seus impactos na sociedade e no ambiente de trabalho, através de cartilhas, palestras, dinâmicas, vídeos, depoimentos.

Capacite a liderança

Uma atitude importante para romper com a desvalorização e subestimação das capacidades profissionais de Pessoas com Deficiência é através de treinamentos sobre vieses inconscientes focados em deficiências, acessibilidade e linguagem inclusiva para todos líderes, mesmo àqueles que não possuem profissionais com deficiência em suas equipes.

Outra alternativa interessante é a de construir experiências sensoriais para estimular que mais pessoas coloquem a empatia em prática. O MetrôRio chegou a realizar uma ação em parceria com a startup Blend Edu, levando uma calçada sensorial, que seus colaboradores poderiam passar com uma cadeira de rodas ou de olhos vendados. A experiência foi uma forma de abrir o diálogo e falar sobre a importância da acessibilidade, tomando o cuidado para não reforçar nenhum aspecto do capacitismo.

Estimule a formação de grupos

Criar e estimular espaços de compartilhamento de experiências entre PCDs e demais funcionários que desejam conhecer e apoiar o grupo é uma iniciativa que contribui para a construção de senso de pertencimento entre os participantes, servindo como uma rede de confiança para fortalecer esses profissionais contra a lógica capacitista.

A pesquisa de benchmarking “Panorama das Estratégias de Diversidade no Brasil e os Impactos da Covid-19” realizada em abril de 2020, mostrou que os grupos de afinidade/diversidade são uma das 10 ações mais recorrentes entre os programas de diversidade das empresas no Brasil, mostrando como sua popularidade cresceu ao longo dos últimos anos.

Através de atitudes como essas, seremos capazes de construir organizações cada vez mais acessíveis e inclusivas para a diversidade de profissionais, de modo a potencializar e valorizar todos seus recursos humanos.

Diversidade nas empresas: Banner retangular na horizontal, com fundo azul escuro. No canto esquerdo há quatro mãos levantadas, uma azul-marinho, uma rosa e amarela, uma marrom e uma branca. Ao lado, no centro, há o texto em branco "[Kit Gratuito] Guia Completo para tornar a sua empresa mais inclusiva". No canto direito do banner, após o texto, há um botão retangular amarelo com o texto "BAIXE O KIT GRÁTIS" em branco. Fim da descrição.

Fonte: Hand Talk

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