Pesquisa revela que Educação inclusiva promove autonomia de crianças e jovens com deficiência intelectual
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Pesquisa sobre a Educação Inclusiva |
Uma pesquisa realizada pelo CEPI — Centro de Ensino,
Pesquisa e Inovação do Instituto Jô Clemente – antiga APAE de São Paulo, revela
que crianças e adolescentes que frequentam as salas de aula comuns apresentam
ganhos consideráveis em aspectos como identidade, autonomia, comunicação,
linguagem, expressão, relacionamento interpessoal e aprendizagem.
“Esses alunos demonstram e expressam seus desejos e maior
interesse pelas atividades propostas, mostrando-se questionadores em alguns
momentos das aulas. Em relação à independência, eles são capazes de se locomover
pelas dependências das escolas, dirigindo-se ao banheiro, bebedouro,
refeitório, servindo-se e alimentando-se adequadamente nos horários de recreio.
No que diz respeito à comunicação e expressão, a maioria consegue transmitir
suas ideias e se fazer entender por meio de gestos ou imagens, mesmo quando
ainda não há comunicação oral”, conta Roseli Olher, supervisora do Atendimento
Educacional Especializado (AEE) do Instituto Jô Clemente.
A pesquisa contemplou ainda a análise do desenvolvimento de crianças e
adolescentes matriculados em escolas especiais. “Nesses casos, o
desenvolvimento não é o mesmo, infelizmente. Foram identificados poucos avanços
quanto à autonomia, aprendizagem e comportamento social. Os alunos permaneceram
com atitudes infantilizadas, comportamentos inadequados, dificuldades para
enfrentar e resolver conflitos, vocabulário restrito e fora de contexto quando
solicitados para exporem suas ideias e se fazerem entender perante os colegas e
adultos, demonstrando pouco interesse e iniciativa frente às propostas
apresentadas. Em relação à autonomia e independência, ainda necessitavam de um
profissional para acompanhá-los pelas dependências da escola”, comenta Roseli.
Com o cenário apresentado no estudo, o Instituto Jô Clemente está reforçando
seu posicionamento a favor da inclusão de alunos com deficiência na escola
comum, junto aos demais estudantes sem deficiência. Em novembro de 2019,
representantes da Organização participaram de audiência pública no Congresso
Nacional para defender a educação inclusiva e se manifestar contra a proposta
do Governo Federal de alterar a Política Nacional de Educação Especial e criar
centros de referência para a educação de crianças e adolescentes com algum tipo
de deficiência.
Para Roseli, a proposta representa um retrocesso, uma vez que a Lei Brasileira
de Inclusão (LBI) garante o acesso de todas as pessoas com deficiência à
educação regular comum. “Essa alteração pode ampliar a exclusão, a segregação.
É importante que crianças e adolescentes com deficiência sejam incluídos na
sociedade e tudo começa na infância, na idade escolar. Para quem tem algum
atraso no desenvolvimento neuropsicomotor ou uma deficiência intelectual, essa
importância é ainda maior, porque sabemos que a socialização é fundamental no desenvolvimento,
na aprendizagem e na conquista de autonomia”, diz. “O que esse estudo que
apresentamos mostra é que a educação inclusiva traz ganhos para os alunos com e
sem deficiência. Quando falamos em deficiência intelectual, que é o foco de
atuação do Instituto Jô Clemente, esses ganhos são relevantes porque são nesses
casos que ainda encontramos as maiores barreiras sociais”, completa.
Fonte: Revista Reação
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