Tetraplégico anda com exoesqueleto comandado pela mente
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Thibault com seu exoesqueleto: “Ando quando quero e paro quando quero”. Crédito: Clinatec Endowment Fund |
Um francês conseguiu
mover seus quatro membros paralisados usando um exoesqueleto inovador,
controlado pela mente, afirmaram cientistas em estudo publicado na revista “The
Lancet Neurology”. O sistema, que funciona registrando e decodificando
sinais cerebrais, foi testado durante dois anos nos centros de pesquisa
Clinatec e CEA e na Universidade de Grenoble (França).
O tetraplégico de 28
anos, morador de Lyon e conhecido apenas como Thibault, perdeu os movimentos ao
cair de uma altura de 12 metros em um acidente numa boate, há quatro
anos.PUBLICIDADE
“O cérebro ainda é capaz
de gerar comandos que normalmente moveriam os braços e pernas, mas não há nada
para realizá-los”, afirmou Alim Louis Benabid, professor emérito da
Universidade de Grenoble e principal autor do estudo.
Os cientistas consideram
que o processo ainda é experimental e sua aplicação clínica está a anos de
distância. Mas se mostram otimistas quanto ao seu potencial de melhorar a
qualidade de vida e a autonomia dos pacientes.
Usando os membros
robóticos, Thibault conseguiu andar e mover os braços usando uma espécie de
armadura montada no teto para se equilibrar.
Fazer com o cérebro
“Quando você está em
minha posição, quando você não pode fazer nada com seu corpo… Eu queria fazer
algo com meu cérebro”, disse o rapaz.
Uma parte fundamental do
processo foi uma cirurgia na qual dois implantes foram colocados entre o
cérebro e a pele, para “ler” a área que controla os movimentos. Os 64 eletrodos
em cada implante leram sua atividade cerebral e transmitiram as instruções para
um computador. A seguir, um programa leu as ondas cerebrais e as converteu em
instruções para controlar o exoesqueleto.
O estudo incluiu também
a execução de tarefas mentais por Thibault (como jogos de computador) a fim de
treinar um algoritmo para entender seus pensamentos e aumentar progressivamente
o número de movimentos que ele poderia fazer. Seu progresso foi medido nos
graus de liberdade que ele tinha durante as tarefas, como operar um interruptor
acionado pelo cérebro para começar a andar ou estender a mão para tocar
objetos.
“Era como [ser] o
primeiro homem na Lua”, disse Thibault ao andar. “Não andei por dois anos.
Esqueci o que é ficar de pé, esqueci que era mais alto que muitas pessoas na
sala.”
“Não posso ir para casa
amanhã em meu exoesqueleto, mas cheguei a um ponto onde posso andar. Eu ando
quando quero e paro quando quero”, acrescentou o rapaz.
Não invasivo
Um segundo paciente
recrutado para o estudo foi excluído porque um problema técnico impedia a
comunicação entre os implantes cerebrais e o algoritmo.
Segundo Benabid, o
exoesqueleto usado foi o primeiro sistema cerebral sem fio invasivo de
computador para cérebro projetado para uso em longo prazo destinado a ativar os
quatro membros.
“Estudos anteriores de
cérebro-computador usaram dispositivos de gravação mais invasivos implantados
sob a membrana mais externa do cérebro, onde acabam parando de funcionar”,
disse ele. “Eles também foram conectados a fios, limitados a criar movimento em
apenas um membro, ou concentraram-se em restaurar o movimento dos músculos dos
próprios pacientes.”
De acordo com Benabid,
embora o exoesqueleto “não tenha alterado o estado clínico” de Thibault, o
rapaz “já considera sua mobilidade protética em rápido crescimento uma
recompensa”.
Fonte: Revista Planeta
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