Pesquisa em reabilitação do movimento rende a brasileiro prêmio do governo dos EUA

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A pesquisa busca entender os mecanismos de neuroplasticidade envolvidos no processo de reabilitação motora – Foto: ZEISS Microscopy/Flickr-CC



O pesquisador Felipe Fregni, professor associado da Harvard Medical School e professor visitante da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), foi um dos contemplados com o Presidential Early Career Award for Scientists and Engineers (Pecase) em 2019, maior honraria científica concedida pelo governo dos Estados Unidos para jovens pesquisadores.

A cerimônia de premiação será realizada pela Casa Branca nesta quinta-feira (25/7) no DAR Constitution Hall, em Washington, onde os premiados deverão ser recebidos pelo presidente Donald Trump. Criado em 1996, o Pecase é destinado a cientistas e engenheiros reconhecidos como jovens lideranças em ciência e tecnologia. A última edição do prêmio ocorreu em 2016.

Nos Estados Unidos desde 2003, Fregni, 44 anos, é diretor do Centro de Neuromodulação no Hospital de Reabilitação Spaulding, em Boston. Em 2018, iniciou um grande projeto com pesquisadores do Departamento de Reabilitação da FMUSP, O déficit da inibição como marcador de neuroplasticidade na reabilitação, financiado pela Fapesp por meio da modalidade São Paulo Excellence Chair (SPEC).

Felipe Fregni
Foto: Roberto Navarro / Alesp
A pesquisa busca entender os mecanismos de neuroplasticidade envolvidos no processo de reabilitação motora. Em um grupo de cerca de 500 voluntários, com quatro diferentes condições (que sofreram acidente vascular cerebral, lesão medular, amputações ou osteoartrose), os pesquisadores utilizam diferentes técnicas de ressonância magnética e medições eletrofisiológicas – antes e depois do período de reabilitação – a fim de compreender os mecanismos de neuroplasticidade envolvidos na recuperação de movimentos.

Fregni explica que o objetivo é encontrar os chamados biomarcadores neurofisiológicos, que ajudarão no aperfeiçoamento científico e terapêutico da reabilitação.

“Queremos entender como essas redes inibitórias estão relacionadas aos desfechos clínicos e usar isso justamente para desenvolver novos tratamentos”, disse à Agência Fapesp.

“Temos cerca de 80 bilhões de neurônios. Para falar, por exemplo, é preciso inibir boa parte deles para ativar uma rede neuronal muito menor, que vai mexer os músculos da boca e da língua, entre outros. Pacientes em coma, por exemplo, têm desorganização cerebral, ou seja, tudo funciona ao mesmo tempo de forma desordenada. As redes inibitórias são importantes para fazer essa organização cerebral. Nossa hipótese é que elas têm um papel fundamental na reabilitação”, disse Fregni.

Segundo o pesquisador, o projeto é uma decorrência da intensa colaboração que mantém com o Brasil desde que se mudou para os Estados Unidos. “Não tenho dúvida de que esse fator foi fundamental para receber essa honraria. De certa forma, estou dividindo o prêmio com os parceiros brasileiros”, disse.

Além da USP, onde realizou graduação em Medicina e doutorado em Psiquiatria, Fregni colabora com cientistas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e teve diversos projetos apoiados pela Fapesp (leia mais em: http://agencia.fapesp.br/22928).

Os vencedores do Pecase são escolhidos pelos National Institutes of Health e indicados por diferentes órgãos governamentais ligados à saúde e pesquisa científica em todos os estados americanos. Fregni foi indicado pelo Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos.

O pesquisador conta que soube da indicação há dois anos e ficou surpreso quando teve notícia de que foi um dos contemplados, no anúncio oficial ocorrido no dia 2 de julho.

Mais informações sobre o Pecase e a relação de todos os ganhadores: www.nsf.gov/awards/pecase.jsp.

André Julião/Agência Fapesp

Este texto foi originalmente publicado por Agência Fapesp de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original aqui.

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