Empresário com Down cria marca de meias e alcança cifras milionárias
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Quando terminou o ensino médio, em 2016, John Cronin
comentou com o pai, Mark, que seu sonho era poder abrir um negócio, mas que
ainda não fazia ideia do nicho que iria entrar.
“Minha primeira sugestão foi uma loja que vendesse algo divertido, mas não
sabíamos direito o que vender”, diz John, 19 anos, que vive em Long Island,
Nova York (EUA).
Conforme
a ideia ia amadurecendo, ele pensou em abrir um food truck, mas logo se lembrou
que não sabia cozinhar – tampouco o pai.
Pensaram
em outra coisa. “John sempre usou, a vida toda, meias coloridas, meio doidas.
Era algo que ele realmente gostava, e aí sugeriu que a gente vendesse meias”,
conta o pai.
“Meias
são divertidas, são criativas e coloridas. E elas me deixam ser eu mesmo”,
afirmou John, que tem síndrome de Down.
E aí
surgia a “John’s Crazy Socks” (“As meias malucas do John”, em tradução
literal). Após um ano em operação, eles conseguiram lucrar US$ 1,4 milhão
e converteram US$ 30 mil para caridade.
O
empreendimento ficou mundialmente reconhecido: até o primeiro-ministro
canadense, Justin Trudeau, chegou a comprar algumas meias.
O site
da John’s Crazy Socks possui um acervo com mais de 1,4 mil tipos diferentes de
meias disponíveis para compra – desde imagens fofinhas de cães e gatos a
caricaturas de pessoas, como o presidente dos EUA, Donald Trump.
“John é
realmente uma inspiração”, elogia o pai, que reforça que não há qualquer
tratamento “especial” ao filho no trabalho. “Ele trabalha muito nessa empresa.
Nós chegamos no escritório antes de 9h e saímos, na maioria das vezes, depois
de 20h”, conta.
Trinta
mil peças foram vendidas em um ano de operações. Para cada par de meias
vendidas, pai e filho reservam 5% do lucro para instituições de caridade.
Entre
as organizações filantrópicas beneficiadas estão a Associação Nacional da
Síndrome de Down dos EUA e a Sociedade de Autismo da América.
‘Espalhando
felicidade’
Ao lado
do filho, Mark afirma que a empresa que criaram juntos servem a dois
propósitos: um social e outro de negócios. Estes propósitos são indivisíveis.
“Não
acho que seja suficiente apenas vender um serviço ou um produto. Valores
precisam fazer parte, e nós temos um modelo que está mostrando isso”, afirma.
“O que
nós fazemos é espalhar felicidade”, acrescenta John.
O
negócio também visa trazer mais pessoas com deficiência – atualmente, cerca de
um terço da equipe que trabalha lá tem alguma deficiência. “Nós estamos
trabalhando para mostrar o que as pessoas com deficiência ou com dificuldade de
aprendizagem podem fazer”, diz Mark.
“Quando
converso com empresários, sempre digo a eles que é urgente que eles contratem
pessoas com deficiência. Não só porque isso seria a coisa certa a fazer, mas
porque eles são bons, porque todo mundo gostaria de trabalhar com bons
profissionais e é isso que eles são. É uma quantidade enorme de gente que ainda
não é aproveitada no mercado”, observa.
‘O
sócio perfeito’
Formado
em Harvard e por décadas um gestor de saúde, Mark reconhece que sofreu um
pouquinho para entender o negócio do filho: teve que aprender a lidar com o
mercado de varejo.
“O
varejo, e o negócio de meias, é tudo muito novo para mim. Mas nós estamos
aprendendo, e eu tenho o sócio perfeito”, conta.
“As
pessoas perguntam o que a gente faz quando temos uma situação de conflito. Mas
nós ainda não tivemos nenhuma. É uma alegria imensa trabalhar com ele”, reforça
o pai.
“Nós
sempre fomos muito próximos e sempre passamos muito tempo juntos. É uma
excelente parceria, porque compartilhamos a mesma visão. E nós dois sabemos que
precisamos um do outro.”
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