Startup brasileira de educação para surdos é finalista de prêmio internacional
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Plataforma online de
educação e capacitação para pessoas surdas, em Libras e com legendas, não tem
concorrentes no Brasil ou no mundo; conteúdo é quase todo desenvolvido pela
comunidade surda
Startup Signa |
Confira a máteria do
portal G1 sobre a startup Signa, uma das 30 finalistas do Prêmio Next Bilion
Edtech:
A startup brasileira
Signa, que oferece uma plataforma de educação online para surdos, é uma das 30
finalistas do Prêmio Next Billion Edtech, que será realizado em 23 e 24 de
abril, em Dubai, durante o Global Education & Skill Forum. Os três
primeiros colocados levam US$ 25 mil, e serão escolhidos por um júri composto
por investidores, educadores e especialistas em “edtech” –tecnologia
educacional – de todo o mundo.
“Foi uma surpresa, não
estava no nosso radar”, diz Fabíola Rocha, co-fundadora e diretora geral da
Signa, que tem sede em Florianópolis, SC. Para ela, a empresa atendeu a dois
pontos importantes da premiação: trabalhar com educação e impactar pessoas que
tenham dificuldade de ter acesso – seja por problemas financeiros ou por
dificuldades “operacionais”. “No nosso caso, trabalhamos com surdos que não
necessariamente não tenham dinheiro. Mas não existe oferta de produtos e
serviços para eles”, diz a diretora.
A plataforma online de
educação e capacitação para pessoas surdas, em Libras (língua brasileira de
sinais) e com legendas, não tem concorrentes no Brasil, e mesmo no mundo. E o
conteúdo é feito praticamente todo pela comunidade surda – seja produzido pela
própria Signa, seja pela comunidade, de uma forma similar ao YouTube, por
exemplo.
“Nós temos muitos surdos
no Brasil que são formados e sabem muito bem Libras, têm experiência muito
grande em alguma área específica, e que têm total potencial para produzir
conteúdo. Ainda assim, nós fazíamos muita coisa ‘em casa’”, lembra Fabíola. Mas
a estratégia esbarrava no gargalo da alta demanda e da equipe reduzida. Foi aí
que surgiu a ideia de criar um “marketplace”, ou seja, capacitar a comunidade surda
para produzir conteúdo – e ganhar uma comissão por isso.
“Decidimos produzir um
material ensinando tudo sobre como fazer cursos online, da ementa até o final.
E aí a gente oferece isso para a comunidade surda para que eles possam produzir
seu próprio curso e, ao final, ter a possibilidade de colocar seu conteúdo
dentro da Signa”, conta Fabíola.
A diretora lembra ainda
que o “marketplace” da Signa é o primeiro passo para uma internacionalização do
serviço. “Imagine que teríamos que produzir conteúdo em outra língua sinais,
para os EUA, por exemplo – afinal, eles não usam Libras. Seria muito complexo
pensar tudo do zero. Assim, nós chegamos para a comunidade, mostramos que eles
podem produzir e isso se torna viável em um tempo menor”.
Uma das startups vencedoras
do Prêmio Next Billion Edtech de 2018 foi a Chatterbox, que oferece cursos de
idiomas através de uma plataforma de baixo consumo de banda – e com aulas
oferecidas por refugiados. Isso mostra que, além da tecnologia e da proposta
educacional, a inclusão social tem papel fundamental na escolha dos jurados. E
essa é uma das missões da Signa, diz Fabíola.
“A gente traz pessoas
surdas pra equipe, e não faria sentido preparar os surdos para o mercado, mas
não trazê-los para a gente. Damos cursos de Libras para todos na empresa. E,
como fazemos reuniões diárias, é muito interessante ver como essa integração
acontece. Para a gente, é uma experiência muito legal, que mudou muito a
motivação da equipe”.
Segundo o Censo de 2010
realizado pelo IBGE, 9,7 milhões de pessoas têm deficiência auditiva. Pouca
gente sabe, mas a Libras é uma das línguas oficiais do Brasil desde 2002 –
tendo o mesmo status que o português. Mas engana-se quem pensa que é apenas uma
transcrição gestual de nosso idioma.
A Libras é uma língua com
estrutura gramatical própria e com organização das informações, totalmente
diferente do português. Por isso, a língua de sinais utilizada em Portugal
(LGP) é um sistema completamente diferente do nosso – assim como a usada nos
Estados Unidos (ASL). E um dado curioso: 80% dos surdos do mundo são
analfabetos nas línguas escritas. Ou seja, boa parte da comunidade é
alfabetizada em Libras – e sequer entende o português.
“Tem surdos que não
sabem escrever, que é o caso do meu pai, que nunca foi educado no português.
Ele usa Libras, que é seu meio de comunicação. Tem surdos que sabem um pouco
das duas línguas, e tem surdos que não sabem Libras: só sabem o português. Dá
para imaginar a complexidade de criar uma plataforma para a comunidade?’, diz
Fabíola, que é uma “Coda”, sigla em inglês para “filho de um adulto surdo”
(child of a deaf adult).
A Signa vai apresentar
seu projeto no Global Education & Skills Forum (um “pitch”, no jargão das
startups). Mas, no anúncio final, serão chamados ao palco principal apenas seis
startups, e dentre elas as três melhores serão premiadas com US$ 25 mil. O
grande vencedor também receberá o troféu do Prêmio Next Billion.
As 30 startups
selecionadas para a final do Prêmio Next Billion são: Talk2U, OxEd, Whetu,
Signa, SimBi, Moi Social Learning, Kuwala, Etudesk, PraxiLabs, Langbot, Seppo,
Lesson App, Eneza, Aveti Learning Pvt. Ltd., Utter, Dost, Solve Education,
M-Shule, eLimu, Wizenoze Ltd, ScholarX, Sabaq, Silabuz, Zelda, MTabe, Ubongo,
Fineazy, TeachPitch, Big Picture Learning/Imblaze e Augmented Learning.
Fonte: G1
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