Brasileira sonha ser a primeira cadeirante a completar um Meio Ironman
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Foram
apenas alguns segundos. Danielle Nobile tirou os olhos da pista para ver o
relógio e o carro que dirigia rodopiou no ar por oito vezes. Ela tinha acabado
de completar 27 anos e estava a caminho do trabalho. A rotina até aquele
momento era dividida entre as aulas de inglês para crianças e os treinos de
corrida.
O primeiro
contato após a capotagem foi com um bombeiro. Dani estava consciente e lembra
de todos os detalhes daquele dia que marcou o seu recomeço.
Recomeço:
mesmo sem movimentos nas pernas, Danielle Nobille mostra garra no Iron Man de
Fortalezajj
– O
bombeiro perguntou se eu conseguia desligar o carro para poderem entrar, mas eu
não conseguia. Eu lembro que eu conseguia colocar a mão na minha perna e também
não sentia a minha perna. Naquele momento, eu já sabia o que tinha acontecido.
Falei para o bombeiro: “Pelo amor de Deus, eu corro, sou atleta” – lembrou.
Daniele
tinha fraturado a sétima vértebra cervical e precisou passar por uma cirurgia
para colocar uma prótese de titânio no pescoço.
– Eu
guardo ótimas lembranças da época em que eu fiquei na UTI. Tenho uma gratidão
imensa por aquelas pessoas.
Foram sete
dias na Unidade de Terapia Intensiva. A reabilitação começou no hospital. Dani
teve uma lesão medular incompleta, e os quatro membros foram afetados: braços e
pernas perderam a sensibilidade e força. O lado esquerdo ficou mais
comprometido do que o direito. A cadeira de rodas passou a ser uma companheira
para quase todas as horas, inclusive nas corridas. Sim, logo depois da alta,
Dani estabeleceu a meta: voltar a correr.
– Eu não
mexia nada, dependia das pessoas para tudo: tomar banho, me trocar, me mexer na
cama, coçar a minha cabeça. Mas sempre fui apegada à esperança de que voltaria
a correr.
Primeiro
foram as provas de 5 e 10km, depois 21km e se engana quem pensa que ela parou
na maratona. Dani resolveu incluir a natação e a bicicleta, mas o triatlo
também não foi o suficiente. Ela decidiu encarar um desafio inédito: ser a
primeira cadeirante a completar uma prova de Meio Ironman com 1.900 metros de
natação, 90km de ciclismo e 21km de corrida.
A
empreitada não seria possível sem a ajuda do namorado. Os dois se conheceram
por meio de um aplicativo de relacionamentos; primeiro ficaram amigos, depois
veio o namoro e, por fim, formaram time. Márcio Ramos é fundamental nas
transições entre as modalidades. Ele carrega Dani nas costas, literalmente, na
saída do mar para a bicicleta.
– Desde a
primeira foto eu vi a cadeira e não mudou nada. Pelo contrário, chamou a minha
atenção ela ser cadeirante. A gente não chega nem perto do que ela faz tendo a
parte física 100%. Comecei na maratona por causa dela. Sozinho, eu faria só
corridas curtas – contou Márcio.
Foram
muitas semanas de treinos na piscina, academia e nas cadeiras adaptadas (que
ganharam um quarto exclusivo em casa), mas Márcio não reclamou atenção. Pelo
contrário, foi um dos maiores entusiastas de Dani na busca por uma medalha
inédita.
Danielle Nobile na UTI após o acidente — Foto: Arquivo pessoal |
Márcio carrega Dani nas costas minutos antes da largada do Meio Ironman — Foto: Elton Viana |
Em Fortaleza, Dani se prepara para participar do Meio Ironman — Foto: Arquivo pessoal |
Fonte: Globo Esporte
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