Ação em SP ensina funcionários de farmácia, lanchonetes e dentistas a atender clientes e pacientes surdos
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A jornalista e apresentadora Millena Machado criou a Semana da Acessibilidade Surda — Foto: Reprodução |
Uma ação social percorre farmácias,
lanchonetes, clínicas e institutos de São Paulo até domingo (30) para
conscientizar a importância dos cuidados para prevenção da perda auditiva e de
como os funcionários destes locais podem se comunicar com os surdos. O Dia
Nacional dos Surdos é comemorado nesta quarta-feira (26).
Intérpretes de Libras, a língua de sinais, estarão em farmácias e
clínicas odontológicas para traduzir a farmacêuticos e dentidas exatamenteo o
que o paciente quer e precisa saber e também para repassar as orientações de
tratamento do dentista.
Dia Nacional dos Surdos
A ação faz parte da "Semana da
Acessibilidade Surda" é uma iniciativa da campanha #surdoehquemfala,
criado pela jornalista Millena Machado, apresentadora do programa Auto Esporte, e pelo publicitário Alexandre Peralta (veja a programação).
"Queremos mostrar que o foco da comunicação está em quem a
recebe. Sendo ouvinte ou surdo o importante é ficar atento em como a mensagem
está sendo emitida e recebida. Mesmo quando não se tem uma língua em comum, a
boa vontade e o respeito são cruciais, e somente assim ainda será possível se
comunicar. Nenhuma Língua ou deficiência pode ser barreira para um convívio
social harmonioso", diz Millena.
Como ação de prevenção para evitar a perda auditiva, e um
decibilimetro (real ou por APP) será usado para medir o som que sai do celular
dos ouvintes. A orientação será sobre o limite de exposição a ruídos.
Também foi criado o Workshop Empatia do silêncio para atuar dentro
das empresas. Na ação, os funcionários são convidados a ficar temporariamente
surdos durante uma dinâmica.
Na quinta à noite, a jornalista vai media um debate sobre
diversidade em geral com entrada livre e gratuita na Faculdade Zumbi dos
Palmares. E na sexta à tarde, crianças com ouvido biônico, que fizeram implante
coclear, de 3 a 9 anos, farão visita guiada ao instituto de arte Gustavo Rosa.
E depois ainda participarão de atividade livre de pintura com crianças
ouvintes. No domingo (30), Dia Internacional do Surdo, haverá almoço com libras
em três lanchonetes de shoppings de São Paulo.
Millena conta que abraçou a causa dos surdos por causa deuma prima.
"Eu sempre tive ótima convivência com a minha prima Melissa. Ela perdeu
audição quando tinha 1 ano e meio de idade. Brincamos e nos alfabetizamos
juntas. A aula na nossa classe era diferente de todo o resto da escola:
primeiro copiávamos o ponto em silêncio e depois a professora explicava tudo de
frente para os alunos, isso pra minha prima conseguir aprender fazendo leitura
labial. No recreio não adiantava gritar, eu e os colegas sabíamos: precisava
chegar perto e tocar no ombro dela para ela entender que queríamos
conversar", relata Millena.
"E depois, o papo precisava ser mexendo bem a boca pra falar
(fizemos várias sessões de fono juntas!) e olho no olho, senão ela podia achar
que estávamos cantando ou falando com outra pessoa. E isso nunca foi um peso
pra mim. Pelo contrário, minha empatia por ela só me fez uma pessoa melhor.
Hoje eu sei que minha comunicação com o público é eficiente e carismática
porque a vida me treinou com a Melissa. E é exatamente essa a mensagem que eu
tento passar: relacionar-se com uma pessoa surda, oralizada ou sinalizada, só
acrescenta aos ouvintes. No fundo, são os surdos que estão ajudando a nós e
expressarmos melhor!"
Fonte: G1
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