Projeto brasiliense já entregou 51 cães-guia em todo o país
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Os
animais ajudam na locomoção de pessoas com deficiência visual
Por Andreia
Verdélio – Repórter da Agência Brasil Brasília
Projeto Cão-Guia de Cegos - DF
|
Alcântara
tem deficiência visual severa. Ele foi diagnosticado ainda criança com uma
doença degenerativa que leva à cegueira total e há mais de 20 anos teve a queda
mais intensa na capacidade de enxergar. Sempre usou bengala para se locomover,
até que em 2002 recebeu o Zircon, seu primeiro cão-guia, que já morreu. Depois
veio a Naná, já aposentada, mas que ainda vive com a família de Alcântara,
e hoje conta com o auxílio da Bia.
A
principal mudança, segundo ele, é na locomoção, já que o cão-guia é treinado,
por exemplo, para localizar escadas, entradas e saídas e faixa de pedestres,
além de desviar de todos os obstáculos, em qualquer nível de altura. “Quando eu
pego o equipamento, ela já vem saltando e quer sair com a gente”, disse.
Além de
melhorar a locomoção, o cão-guia ajuda na socialização do deficiente visual.
“Nós temos muito mais interação com a sociedade, as pessoas se aproximam,
conversam”, disse, contando que já passou por situações em que estava com a
bengala e foi ignorado e já com o cão-guia recebeu a atenção devida.
O
servidor faz parte do Projeto Cão-guia de Cegos do Distrito Federal, da
Associação Brasiliense de Ações Humanitárias. Criada em 2001, já entregou 51 cães-guia
no Distrito Federal e em outros estados do país. O projeto conta com um centro
de treinamento em parceria com Corpo de Bombeiros do Distrito Federal, além de
outros apoiadores.
A
coordenadora do projeto Lúcia Campos disse que o principal desafio ainda é
conseguir recursos. “O projeto só existe porque tem excelentes parcerias”,
disse. O custo para formar um cão-guia, segundo ela, chega a R$ 40 mil. A
entidade não recebe nenhum tipo de financiamento público e, além das parcerias,
vive de doações e das ações da Associação Amigos do Cão-guia.
O
treinamento de um cão-guia não é simples e dura cerca de oito meses. Antes
disso, eles passam por um período de socialização, aproximadamente por um
ano e meio, com as chamadas famílias hospedeiras. Elas têm a responsabilidade
de levar os cães aos mais diversos locais para que eles conheçam o mundo no
qual estarão inseridos ao guiar as pessoas com deficiência visual, como shoppings,
restaurantes, ônibus, metrô, praças e escolas.
Lúcia
Campos conta que hoje no DF existem dez filhotes em socialização e
sete cães em treinamento. Segundo ela, há em torno de 150 cães-guia em
atividade no país, para um público enorme de pessoas com deficiência visual.
Conforme o último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), de 2010, há no país mais de 6,6 milhões de pessoas com algum tipo de
deficiência visual severa, sendo que 506,3 mil se declararam cegas.
“É um
trabalho que aqui no Brasil tem muitas dificuldades. A falta de recursos é
muito grande mesmo”, disse, ao defender a concessão de incentivos fiscais
para as empresas e pessoas físicas interessadas em apoiar esse tipo de projeto.
Em
2005, foi sancionada a Lei 11.126 que fala sobre o direito do portador de
deficiência visual de entrar e permanecer em ambientes de uso coletivo
acompanhado do cão-guia. A coordenadora alerta, entretanto, que as
pessoas precisam respeitar o animal. “Quando o cão está trabalhando não chame
atenção, se alguém tirar a atenção do cão-guia pode colocar o deficiente visual
em risco. Isso é muito importante. Ele é fofinho, mas está trabalhando”, disse,
explicando que, caso o responsável pelo cão autorize e tire a guia do animal,
aí sim ele está livre para brincar.
Quem
tiver interesse em ter um cão-guia deve entrar em contato pelo e-mail
caoguiadf.cadastro@gmail.com. Para quem tiver interesse em ser voluntário
ou se tornar família hospedeira, o e-mail de contato é
caoguiadf@gmail.com. Na página do Projeto Cão-guia de Cegos DF, no Facebook, também é
possível acompanhar as ações do projeto e como fazer doações.
Edição: Carolina Pimentel
Fonte: Agência Brasil
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