Pessoas com deficiência em movimento
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Campanha 'Defitness Club', idealizada pela advogada Nathalia Blagevitch (Caminho Acessível), com Hamilton Almeida (CASADAPTADA) e Paulo Oliveira (Amigos Cadeirantes), será lançada em 21 de setembro. Meta é mostrar que pessoas com deficiência podem sair do sedentarismo de maneira saudável para conquistar independência. Ação estimula compartilhamento nas redes sociais de vídeos e fotos durante a atividade física com a hashtag #Defitness.
Quando trocou sessões de fisioterapia por
aulas de musculação adaptada, a advogada Nathalia Blagevitch venceu uma
barreira que, muitas vezes, pessoas com deficiência não ultrapassam, seja por
insegurança, falta de estímulo ou até mesmo de oportunidade.
“No começo, achei que não daria conta, mas
meu professor (Omi Neto, da rede BodyTech) me encorajou em cada treino, e
sempre me perguntava no dia seguinte como eu me sentia”, diz. “Posso afirmar
que meus treinos são construídos por quatro mãos, respeitando meus limites e
incentivando minha consciência corporal”.
Nathalia tem paralisia cerebral, é professora
tutora em um curso preparatório para o exame da OAB (Ordem dos Advogados do
Brasil) e também comanda o site Caminho Acessível.
A decisão pela musculação surgiu quando
Nathalia assistiu a uma palestra da deputada federal Mara Gabrilli (PSDB/SP),
que é tetraplégica e publica nas redes sociais vídeos e fotos durante as
atividades físicas que pratica diariamente.
“Quando nos deparamos com uma paralisia tida
como irreversível, é muito difícil associar a atividades que exigem movimento,
força e bom condicionamento físico. Esse é o maior motivo para eu postar meu
dia a dia fitness nas redes sociais. Quero mostrar que uma pessoa com
deficiência pode ir muito além da cadeira de rodas. Ela pode sim ter um corpo
malhado e, principalmente, saudável”, comenta a deputada.
Os resultados surgiram gradativamente.
Nathalia usa uma motocicleta elétrica para se locomover e seu braço direito tem
restrições de movimento. “Dentro da minha limitação, já consigo dar alguns
passos sem ajuda. Também carrego minha bolsa sozinha, porque minha resistência
física está muito maior. Pode parecer pouco, mas na minha vida prática isso faz
toda a diferença”.
Segundo o professor Omi Neto, que nunca havia
treinado uma pessoa com deficiência, as rotinas de Nathalia foram construídas a
partir de conteúdos e exemplos de outros países, com foco nas potencialidades
da aluna, pouco exploradas até aquele momento.
“O treinamento é voltado para o ganho de
força e de massa muscular, além de maior amplitude articular. O objetivo maior
é que ela ganhe independência nas atividades do dia a dia. Em paralelo,
melhoramos a sua condição cardiorrespiratória, em caminhadas na esteira com
inclinação e aulas personalizadas de boxe”, explica Neto.
Os benefícios obtidos com a atividade
esportiva constante inspiraram Nathalia a criar o Defitness Club
(deficiência + fitness), com incentivo ao compartilhamento de vídeos e fotos de
pessoas com deficiência fazendo exercícios na academia ou qualquer outro local,
inclusive em casa, marcando a publicação com a hashtag #Defitness.
A campanha será lançada oficialmente no Dia
Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência, 21 de setembro. Personalidades como
Fernando Fernandes, Laís Souza, o nadador Daniel Dias e o time dos atletas de
alto rendimento do Instituto Mara Gabrilli já aderiram à ação.
Participa da iniciativa Hamilton Almeida,
criador do CASADAPTADA,
voltado à tecnologia assistiva, design universal e notícias do universo
inclusivo. “Muitos cadeirantes treinam. E tem uma galera grande no Crossfit, inclusive
competindo. Precisamos propagar essa ideia. É possível sim, diz Almeida.
Também faz parte Paulo Oliveira, do
canal Amigos
Cadeirantes, que usa a cadeira de rodas desde 2008 e incorporou atividades
físicas ao dia a dia e à reabilitação. “Mantenho uma rotina de treino muscular
três vezes na semana, mas isso aumenta em algumas oportunidades. A verdade é
que os treinos físicos permitem que eu continue amando a vida. É quase uma
terapia”, afirma.
Rotinas de Nathalia, orientadas pelo professor Omi Neto, têm
foco nas potencialidades da aluna, pouco exploradas até aquele momento. Imagem:
Reprodução
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Fonte: Estadão
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