Empresas lucram com soluções para pessoas com deficiência
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Karime Xavier/Folhapress
Acima, a intérprete de Libras Heiddy Adoryan e criador da OpenSenses, Paulo Anaya |
Cerca de 24% dos brasileiros têm
algum tipo de deficiência. De olho nesse mercado potencial de 45,6 milhões de pessoas, empreendedores transformam soluções de inclusão
social em negócios rentáveis até fora do país.
“Há uma carência de ferramentas que
atendam esse público”, afirma Priscila Martins, gerente da Artemísia,
organização aceleradora de projetos de impacto social.
Essa demanda abre espaço para
criadores de recursos tecnológicos -caso da Hand Talk, empresa desenvolvedora
do software de mesmo nome que traduz o português oral e escrito para Libras
(Linguagem Brasileira de Sinais).
Desde
2013, quando foi lançado, o Hand Talk -que também possibilita o acesso de pessoas
com deficiência auditiva a cerca de 5.300 sites- se tornou o 21º aplicativo
mais baixado na Google Play.
A start-up lançou recentemente o Hand
Talk Live, serviço de intérpretes por videochamada, tarifado por minuto (a
partir de R$ 0,99).
Os sócios Ronaldo Tenório, 31, Carlos
Wanderlan, 35, e Thadeu Luz, 34, não divulgam o faturamento da empresa, mas
afirmam que houve uma alta de 100% nas vendas no ano
passado. A expectativa é que esse aumento se repita em 2017.
O contrato com sites, que pagam
mensalidade de R$ 49, representam 80% do que a empresa fatura. O investimento
inicial foi de R$ 500 mil. “Temos como público os quase 10 milhões de surdos do
país”, diz Tenório.
Há três anos também era lançada a
PlayTable, mesa digital com 50 jogos educativos, indicados para alfabetização,
aprendizado e socialização de crianças portadoras ou não de deficiências
motoras e intelectuais. Já foram vendidas 3.000 unidades a escolas -a mesa custa R$ 4.900, e cada jogo, a partir de R$ 99.
A empresa teve investimento inicial
de R$ 2 milhões e faturou R$ 4 milhões em 2016. “Temos a perspectiva de aumento
do faturamento entre 15% e 20% em 2017. Esperamos em 2018 chegar a 5.000 mesas
e cem jogos”, diz o diretor da Playmove, Marlon Souza, 44.
Ainda no âmbito da educação e
comunicação de pessoas com comprometimento da fala estão o aplicativo Livox e a
empresa OpenSenses.
O Livox foi
criado em 2011 pelo analista de sistemas Carlos Pereira, 38, para estabelecer
comunicação com a filha portadora de deficiência cerebral. Pereira tornou-se
empreendedor social, firmou convênio com escolas e associações e chamou a
atenção de investidores estrangeiros.
“O Google aplicou US$ 550 mil (R$
1,75 milhão) em uma pesquisa de soluções para permitir às pessoas com
deficiência de fala a comunicação 20 vezes mais rápido”, afirma Pereira,
ganhador do Prêmio Empreendedor Social, parceria da Folha com a Fundação
Schwab. A empresa, que inicialmente teve investimento de R$ 30 mil (não divulga
o faturamento), atua nos Estados Unidos, no Oriente Médio e no Peru.
Já o publicitário Paulo Anaya, 45, da
OpenSenses, criou um sistema que torna acessíveis videoaulas e treinamentos a
pessoas com deficiências auditivas e visuais.
“Trata-se da combinação de
aplicativos e serviços de libras, audiodescrição e legendas. Hoje é voltado a
escolas que têm ensino a distância, mas vejo potencial na área de
entretenimento”, diz ele.
PILOTO
A empresa Syonet, que fornece
softwares voltados ao atendimento de clientes em concessionárias de veículos,
adaptou uma ferramenta para permitir que pessoas com deficiência visual
trabalhem como atendentes.
O projeto surgiu em parceria com o
Instituto Barigui, que desenvolve metodologias e cursos de especialização na
área industrial em parceria com o Senai do Paraná.
O software de atendimento possui um comando de voz que informa ao atendente quais são as
tarefas a serem executadas, como, por exemplo, para quem ligar, quais as
perguntas que precisam ser feitas e como registrar as respostas dos clientes.
Os novos funcionários, como o
auxiliar paranaense Noel Cândido, com deficiência visual, irão atender
diretamente o público.
Há dois meses, Cândido e mais um
profissional cego estão sendo preparados no call center de um grupo de
concessionárias em Curitiba (PR). O projeto, piloto, deve ser estendido a
outras lojas.
“A partir
de outubro queremos disponibilizar gratuitamente essa expertise a outras
empresas e concessionárias de veículos que já atendemos”, diz Isac Alves de
Campos, diretor nacional de projetos e novos negócios da Syonet.
Fonte: Folha Uol
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