Em meio à crise, sobram vagas para pessoas com deficiência na região de São Carlos
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Muitas pessoas com deficiência têm medo de perder benefício e não
assumem cargos. Diferença também está relacionada à preferência de algumas
empresas.
O
número de postos de trabalho tem diminuído na região de São Carlos por causa da
crise, mas as vagas para deficientes só aumentam.
A
lei de inclusão social, aprovada em 2004, obriga toda empresa com mais de 100
funcionários a ter de 2% a 5% de suas vagas ocupadas por deficientes. Mas a
medida, de acordo com o Conselho Nacional dos Direitos das Pessoas Portadoras
de Deficiência Física (Conade), esbarra em algumas dificuldades.
Seleção
São
consideradas deficientes as pessoas que apresentam perda ou irregularidade na
estrutura psicológica, fisiológica ou anatômica que resulte em dificuldade no
desempenho das atividades comuns do dia a dia, e as empresas tendem a procurar
funcionários com deficiências mínimas.
“Ela
é bastante criteriosa na hora dessa seleção, muitas vezes porque o funcionário
com deficiência mínima ela julga mais qualificado”, disse a consultora em
recursos humanos Luciana Crnkovic.
“E,
por outro lado, ela tem que se adaptar menos a essa deficiência desse
funcionário com uma deficiência menor. Então ela tem menos custo”, explicou
Luciana, comentando como deveria ser a seleção.
“Isso
devia ser uma forma assim: a pessoa é competente, ela tem todas as competências
e habilidades necessárias para cumprir aquele cargo, por que não contratá-la?
Por que não dar a ela essa oportunidade, como qualquer outra pessoa? Porque ela
está ali no mercado de trabalho, disponível, competente, para estar naquela
função como qualquer outra”.
Benefício
do INSS
Com
o passar dos anos, aumentou a participação dos deficientes no mercado de
trabalho, mas o que mais chama a atenção é que a quantidade de vagas
disponíveis é muito maior.
Em
2014, foram 1.249 contratados para 43.077 vagas abertas. No ano passado, foram
1.327 admissões para 27.737 oportunidades de trabalho e, de janeiro até
setembro deste ano, foram contratadas 777 pessoas com deficiência, quando havia
16.536 vagas abertas.
Outro
motivo para o número baixo de contratações é o medo da pessoa com deficiência
de perder o benefício do INSS. “Falta um pouco de informação”, comentou o
presidente da União dos Paratletas de São Carlos, André Luiz Carlos.
“O
portador de deficiência que quiser voltar ao mercado de trabalho vai perder o
benefício em dois anos. A cada seis meses ele perde um quarto do valor. Se ele
parar de trabalhar ou se a empresa fechar, ele volta a receber o benefício”,
explicou.
Mercado
Tiago
José Denardo tem curso de computação, de auxiliar administrativo, ensino médio
completo e uma vontade imensa de trabalhar, mas continua desempregado. “Eu
quero ser uma pessoa normal, trabalhar e receber o meu próprio dinheiro”,
afirmou.
Márcio
do Amaral Nishiyama também sabe o que é ficar desempregado. Ele é formado pela
Universidade de São Paulo (USP) em sistemas de informação e logo que saiu da
faculdade não conseguiu uma colocação no mercado. “Eu encontrei bastante
dificuldade para encontrar um trabalho na área privada”, contou.
Há
dois anos, ele prestou concurso público para uma vaga de assistente
administrativo no Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae), em São Carlos, e
passou. Ele cumpre a jornada, trabalha muito e prova que é capaz.
“Limitação
acho que não é nossa deficiência, mas é das pessoas que não abrem essa
oportunidade da gente mostrar do que a gente é capaz”.
Fonte: G1
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